sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Frases de médicos


Escrito por escatambulo em Abril 10, 2008

As frases abaixo foram encontradas em relatórios médicos e fichas de pacientes nos Estados Unidos. Foram escritas por profissionais de saúde incluindo um ou dois médicos em hospitais de renome.

“O bebê nasceu, o cordão foi amarrado e cortado, e entregue ao pediatra, que respirou e chorou imediatamente”.

“A pele estava úmida e seca”.

“O paciente teve torradas no café da manhã e anorexia no almoço”.

“Ela declarou que esteve constipada a maior parte de sua vida até 1989 quando ela pediu o divórcio”.

“O paciente estava em seu estado de boa saúde habitual quando seu avião ficou sem gasolina e caiu”.

“O paciente vive em casa com sua mãe, seu pai e sua tartaruga, que está atualmente num programa de acompanhamento médico três vezes por semana”.

“O sangramento começou na região do reto e continuou por todo o trajeto até Los Angeles”.

“Ambas os peitos estão iguais e reagem à luz e à acomodação”.

“O exame da genitália foi completamente negativo exceto pelo pé direito”.

“Enquanto estava na sala de emergência, ela foi examinada, radiografada e enviada para casa”.

“O paciente deveria fazer uma cirurgia do intestino. Entretanto, ele aceitou um emprego de corretor da bolsa”.

“Vindo de Detroit, este homem não tem filhos”.

“Quando ela desmaiou, seus olhos rolaram pelo quarto”.

“O exame revelou um homem bem desenvolvido deitado na cama com sua família não aflita”.

http://vidadecachorro.wordpress.com/2008/04/10/frases-de-medicos/
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Obesidade abdominal causa enfarte


Sobrepeso causa diabetes, hipertensão e aumento do colesterol, danosos ao coração

Joana Duarte

A obesidade, um dos mais graves fatores associados a doenças cardíacas, afeta o bom funcionamento do coração diretamente por sobrecarregá-lo, e indiretamente por ocasionar um aumento dos níveis de colesterol no sangue, o desenvolvimento de resistência a insulina, hipertensão, e a síndrome metabólica (associação da obesidade com resistência a insulina).

O problema, um dos mais graves da atualidade, é um dos temas do Dia Mundial do Coração, que será comemorado amanhã. A data foi decretada em 2000 pela Federação Mundial de Saúde (WHF) para conscientizar a população global sobre doenças cardiovasculares, responsáveis pela maior taxa de mortalidade no Brasil e em todos os países industrializados do mundo. O tema definido para a campanha deste ano é "Conheça seus riscos".

A obesidade abdominal – geralmente diagnosticada em homens com mais de 105 cm de circunferência na cintura e em mulheres com mais de 88 cm – é uma das causas mais graves das doenças coronárias.

– A relação da gordura abdominal com a gordura visceral predispõe a arteriosclerose, doença que leva à obstrução dos vasos sanguíneos pelo acúmulo de gordura em suas paredes – explicou o cardiologista Rui de Souza Barbosa, Jr., coordenador da Emergência Cardiológica do Hospital Balbino.

A arteriosclerose é a principal causa de doenças cardíacas em países ocidentais.

Além da circunferência abdominal, o índice de massa corporal (IMC) também determina o risco de se sofrer doenças cardíacas. É uma medida da altura relativa ao peso do paciente, levando em consideração ossos, músculos, e a gordura que compõe o corpo. De modo geral, pessoas com um IMC de mais de 25 estão acima do peso e em risco de desenvolver arteriosclerose.

Os problemas cardíacos mais associados à obesidade são a hipertensão, angina, enfarte e derrame.

Por aumentar os níveis de insulina no corpo, a obesidade é muitas vezes causadora da diabetes. Os diabéticos têm de duas a três vezes mais chances de desenvolver problemas cardíacos.

– Para prevenir a obesidade é preciso manter uma alimentação saudável, rica em legumes e frutas, evitar doces e frituras, comer de três em três horas, evitar a famosa cervejinha que tem alto valor calórico e quase nunca chegar à mesa sem ter praticado atividades físicas – resumiu a cardiologista Luciana Cordeiro.

Luciana explica que a causa mais comum da obesidade é o erro alimentar, que já começa a ser notado a partir da infância.

– Os maus hábitos que pais ensinam aos filhos acabam sendo aplicados no cotidiano das crianças pro resto de suas vidas – lamenta.

Mulheres em risco

Luciana conta também que a incidência de doenças cardiovasculares tem aumentado muito entre mulheres, que hoje estão inseridas num mercado de trabalho exaustivo, comendo pior, fumando mais e, conseqüentemente, sofrendo de hipertensão e enfartes.

– Geralmente, as mulheres infartam depois da menopausa, quando perdem a proteção hormonal do estrogênio e começam a ter duas vezes mais chances de sofrer doenças cardíacas – explica.

http://jbonline.terra.com.br/editorias/textosdoimpresso/jornal/cienciaetecnologia/2008/09/27/cienciaetecnologia20080927000.html
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Novas razões para deixar de fumar


Redução da mortalidade
Investigadores estado-unidenses identificam os perigos do fumo de 'terceira mão'
Quando se abandonam os cigarros, a mortalidade desce mais rápido do quer se acreditava.

Actualizado terça-feira 06/01/2009 03:09 (CET)

ISABEL F. LANTIGUA

MADRID. – Decidiu-se uma vez mais, deixar de fumar em 2009? Marca a mesma meta cada ano mas nunca consegue? Tranquilize-se, não é o único. Tampouco actrizes como Cameron Diaz e Katherine Heigl (da série 'Anatomía do Grey') o conseguiram, apesar de que sempre é um dos seus objectivos de Ano Novo. Agora, duas recentes investigações manifestam novos riscos do tabaco para a saúde, e o rápido que se melhora, uma vez que se diz adeus aos cigarros, podem dar-lhe esse empurrãozito que lhe falta para romper definitivamente com a nicotina.

O primeiro trabalho, publicado na revista 'Proceedings of the National Academy of Sciences' (PNAS), apresenta um novo modelo estatístico para predizer a mortalidade de homens e mulheres entre 2004 e 2034. Graças a esta ferramenta, os autores concluem que quando se abandona o tabaco, a descida na taxa de mortalidade é mais rápida do que se acreditava.

Assim, tendo em conta o ritmo com que a sociedade está deixando de fumar, estimam que para 2034, os homens entre 50 e 85 anos têm 22,5% mais possibilidades de viver que o que tinham em 2004. Uma percentagem que baixa aos 7,4% no caso das mulheres."O facto de que a mortalidade masculina desce mais rápido que a feminina, é só um reflexo de que os homens estão deixando os cigarros mais que elas, e de forma muito mais contundente", explicam os investigadores.

A novidade do modelo reside em que tem em conta os anos que o indivíduo fumou quando completa os 40, em vez do número de cigarros que consome. "O tempo que se leva fumando, mais que a intensidade do hábito, é uma variável muito mais eficaz para predizer o risco de morte por cancro do pulmão, que têm os fumadores", explica Samuel Preston, da Universidade de Pensilvânia (EUA) e coordenador do estudo. Ademais avaliam o risco em separado para ambos os sexos.

Fumo nos tapetes

Por outro lado, um estudo na revista 'Pediatrics' identifica um novo risco do tabaco que afecta aos não fumadores. Trata-se do 'fumo de terceira mão', termo que idealizaram os médicos do Hospital Infantil MassGeneral de Boston (EUA) para referenciar as partículas daninhas que permanecem na roupa e nos tapetes e que são prejudiciais, sobretudo, para as crianças.

Os pais que fumam devem abrir as janelas ou acalmar a sua necessidade de nicotina em habitações onde não estejam os seus filhos, para evitar os efeitos nocivos do fumo ambiental, também chamado 'fumo de segunda mão'. Sem dúvida, não são conscientes de que nas almofadas, nos tapetes, na roupa e, incluso, o pelo deixam resíduos dos cigarros, que incluem metais pesados, partículas carcinógenas e outros materiais daninhos.

A investigação, realizada em 1.500 lugares dos EUA, assinala que 95% dos indivíduos não fumadores e 84% dos fumadores sabem que "inalar o fumo do cigarro de um pai pode prejudicar a saúde dos meninos." Não obstante, só 43% dos aficionados do tabaco conhece os perigos do 'fumo de terceira mão'.

EL MUNDO
Traduzido do espanhol.Visite-me também em: Universidade, Universe, Universal, X-Files

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O pavor da raiva


Remédios CaseirosAté os resultados obtidos pelos trabalhos de Louis Pasteur, os remédios empregados para combater a raiva eram freqüentemente cruéis e bizarros. Segundo as crenças populares, o tratamento mais eficaz era por meio do fogo. Uma vez contaminado, o paciente devia ir o mais rápido possível à oficina de um ferreiro para que a ferida fosse queimada com um ferro quente. Amarrada, dominada por fortes assistentes e na presença de curiosos horrorizados, a vítima era "operada" pelo ferreiro impassível, que cauterizava a mordida o mais profundamente possível, sem se importar com os gritos de dor provocados. De fato, o perigo de morte iminente alimentava na época o estoicismo necessário para enfrentar esse desumano tratamento. Em artigo publicado no Le Journal des Connaissances Utiles (Jornal dos Conhecimentos Úteis) de 18 de setembro de 1880, recomendavam-se as seguintes receitas caseiras para pessoas que haviam sido mordidas: "Citemos o caso do doutor Bisson, que, ao sentir os primeiros sintomas do terrível mal, tomou um banho de vapor quente, prolongado até o esgotamento de suas forças, e conseguiu assim se restabelecer. Há ainda o caso de um homem que, tomado de um primeiro acesso de raiva, foi fechado num quarto que continha uma provisão de cebolas cruas. Ele devorou uma quantidade considerável desses bulbos e ficou curado. Consumida nessa dose, a cebola deve produzir uma revulsão intensa nas mucosas. É provável que este não seja o primeiro milagre produzido pelo legume, já que os egípcios, que sempre honravam tudo o que lhes era útil, adoravam a cebola". O professor Georges Charles Maurice Curasson (1889-1970), antigo funcionário público da cidade de Poligny, descobriu o seguinte tratamento em uma coletânea de receitas datada do século XVII e elaborada por um boticário de sua comuna: "Pegue uma galinha viva, depene seu traseiro e aplique-o sobre o local afetado. Mantenha-a assim por longo tempo e aperte seu pescoço até que a galinha abra o traseiro e \\'extraia\\' assim o veneno. Depois, moa nozes com sal para fazer um emplastro, que deve ser aplicado no lugar. A galinha deve ser queimada para que nenhuma pessoa a coma e se torne assim raivosa".




O medo nos tempos da Raiva
Até a descoberta da vacina anti-rábica, a doença,resultado da ação de um vírus transmitido pelos lobos, condenava as vítimas à morte após longos sofrimentos.
por Andre Besson

Durante séculos, a mera menção do termo "raiva" suscitava um sentimento de terror, mesmo entre as pessoas mais corajosas.

As que a contraíam, raramente escapavam. Antes que Louis Pasteur estabelecesse em bases científicas as relações entre o homem e o vírus da raiva, a humanidade foi impotente diante desse flagelo. Nenhum tratamento conseguia combatê-la ou erradicá-la. As vítimas eram, em geral, abandonadas ou submetidas a charlatães, que indicavam paliativos sem nenhum efeito sobre a evolução fatal da doença.

O drama começava quase sempre da mesma maneira, isto é, com a chegada de um lobo ou de um cão raivoso perto de um núcleo urbano. Com os olhos revirados e a boca babando, o animal atravessava uivando as ruas da localidade. Espantava a todos, habitantes e animais domésticos, que fugiam desordenadamente.

O pavor logo se instalava no povoado. As pessoas se refugiavam em suas casas, e alarmes soavam. As mulheres rezavam, e os camponeses se armavam de bastões com uma foice na ponta, além de machados e porretes. A calamidade não atingia apenas os campos, mas também, e sobretudo, as cidades. Em 1433, lobos raivosos foram vistos até nas ruas de Paris. As pessoas que conseguiam matá-los penduravam os animais pelas patas e recebiam generosas recompensas.

A Gazette de France relatou que, no inverno de 1755, "Jeanne Chapuiseau, de Coulommiers, em Vendômois, foi atacada em plena cidade por um lobo raivoso que entrara em sua casa. A mulher conseguiu afugentá-lo, mas foi antes mordida no rosto e no seio. Ela morreu alguns dias mais tarde em meio a sofrimentos terríveis". As regiões francesas da Alsácia, do Franche-Comté, do planalto de Langres e da Borgonha foram, ao longo dos séculos, castigadas pelo flagelo. A maioria dos lobos vinham da Polônia ou da Boêmia e eram capazes de percorrer grandes distâncias em apenas alguns dias. Após atravessar a Alemanha, entravam na França pela "Via dos Lobos", situada entre Wissembourg e Sarreguemines, antes de se espalhar por todo o território.

Eram animais enormes, com 1,15 metro de comprimento, pesando entre 50 e 70 kg. Sua força estava no queixo, no pescoço e nas pernas dianteiras. Os dentes pontudos mordiam de lado, provocando profundos ferimentos. Durante muito tempo acreditou-se que a mordida dos lobos era venenosa como a das víboras. Os camponeses do Bourbonnais costumavam fazer, ainda no século passado, esta prece para se proteger dos "animais maléficos e venenosos": "Santo Huberto, protegei-me dos lobos loucos, dos cachorros loucos e das víboras".

Na realidade, somente as mordidas provocadas por animais contaminados pela raiva eram mortais. Um único animal contaminado podia provocar inúmeros dramas numa região, como sugere este relato encontrado nos arquivos do departamento de Doubs: "Em 23 de setembro de 1798, por volta das 5 horas da manhã, alguns camponeses que iam ao mercado de Besançon foram atacados, perto da aldeia de Beure, por um lobo furioso. (...) As autoridades organizaram uma perseguição e encontraram o lobo perto de Vellote. Travou-se então uma luta violenta: o animal enfim sucumbiu e seus despojos foram exibidos em toda a aldeia em festa. Mas o acontecimento teve um desfecho triste. Embora a autópsia tenha concluído que o animal era são, após algumas semanas todos os que haviam sido mordidos revelaram sinais de hidrofobia, um dos sintomas habituais da raiva. Uma dúzia de pessoas morreu após sofrimentos atrozes".

Os lobos, principais vetores da raiva, transmitiam a doença aos cães. Estes se tornavam, assim, tão perigosos quanto os lobos da Europa Central que os contaminavam. Em poucos dias, um cão normal podia se transformar em um temível animal feroz. Ele se tornava então um "cachorro louco", cujas mordidas podiam infectar o próprio dono e sua família. Ao receber Louis Pasteur na Academia Francesa, o escritor e historiador Ernest Renan declarou: "A humanidade deve ao senhor a supressão de um terrível mal, isto é, da desconfiança que sempre se misturava às carícias feitas no animal em que a Natureza melhor exibiu seu sorriso bondoso".

O professor Victor Galtier, decano da Escola Veterinária de Lyon, descreveu em 1880, de forma bem realista, a evolução da raiva nos cães: "Após uma mordida virulenta e um período de incubação mais ou menos longo (15 a 60 dias), surgem, visíveis nas alterações do comportamento do cão, os primeiros sintomas da doença. Ele se torna triste, melancólico ou muito alegre e carinhoso. Ainda obedece e não tenta morder, mas já é perigoso, uma vez que a saliva contém o mal. (...) Depois sua agitação aumenta; se a doença assumir a forma furiosa, haverá acessos de alucinação; o animal fica parado, late, abocanha moscas inexistentes, rasga almofadas, tapetes e cortinas, arranha o chão e come terra.

O som do latido torna-se rouco e abafado, a nota final é bastante aguda e a boca não se fecha totalmente. Tais modificações no latido constituem um sinal bem grave. Em certos casos, o cão tem tendência a fugir, abandonando a casa do dono. (...) É nessa época que o animal se torna mais perigoso. Depois surgem fenômenos de paralisia: as pernas posteriores ficam enfraquecidas e o andar incerto. O cão pára na beira do caminho e ainda é perigoso nos momentos de alucinação; posteriormente a fraqueza se acentua, a respiração torna-se irregular, ele se deita e a morte ocorre quatro ou seis dias contados do início dos sintomas".

Etapas do calvário

A morte dos seres humanos mordidos por um lobo ou por um cão raivoso não era menos tormentosa. O cura de Créancey, no departamento de Haute-Saône, relatou, em texto encontrado nos registros paroquiais, as etapas do calvário experimentado por alguns habitantes da aldeia vítimas da raiva: "Na quinta-feira, 16 de junho de 1783, um lobo raivoso entrou nos limites de Créancey. Era um macho extraordinariamente grande: quando ereto, podia morder até quase uma altura de 2 metros. A primeira pessoa que ele atacou foi Pierre Bouteille, um vinhateiro de 29 anos, forte e vigoroso, mordendo-o na perna, no peito e no braço. O primeiro acesso de raiva de Pierre Bouteille se deu em 22 de julho, quando estava na casa da mãe. Ao olhar um pequeno regato, ficou assustado e sentiu todo o corpo estremecer. Voltou então para casa e tentou beber para recuperar o equilíbrio, mas não conseguiu: seu terror aumentou. Deitou-se e não pôde conter os movimentos que o agitavam. No dia 23, por volta das 2 horas da manhã, pressentiu que teria acessos de fúria. Pediu então que fosse amarrado, mas isso apenas assustou os presentes, que decidiram fugir. Somente a esposa permaneceu com ele. A fúria temida ocorreu e ele fez de tudo para afastar a mulher, que não queria deixá-lo sozinho. Começou então a quebrar em seu quarto tudo o que podia: atravessou o vidro da janela com o punho, ensangüentando-se todo, arrancou os caixilhos e batentes, estraçalhou as madeiras e jogou tudo para fora. Destruiu tudo com uma só mão, já que a outra segurava um crucifixo. O pastor chegou e aproximou-se da porta fechada, (...) e conseguiu persuadi-lo de que, para não se matar e não matar a outros, era preciso tomar algumas precauções. Com uma corda, ele foi amarrado nas barras da janela. Durante a operação houve acessos de fúria: Pierre estremecia e emitia gritos que assustavam a todos. Quando a fúria diminuiu, amarraram-lhe as pernas e os braços, e o deitaram numa cama de palha (...). Enquanto era amarrado, Pierre Bouteille dizia: \\'Tomem cuidado para que eu não os arranhe\\' e fechava os punhos com toda força para evitar que isso acontecesse. Até o meio-dia passou maus momentos. Por fim, ficou fraco, babou e expirou por volta do meio-dia e meia, sem se desfigurar muito. (...) Foi sepultado em 24 de julho".

A religião era também um recurso contra a doença, considerada diabólica. Os que cruzavam um cachorro ou um lobo raivoso deviam, preventivamente, "rezar cinco pais-nossos, cinco ave-marias, fazer duas vezes o sinal da cruz e recitar o glória ao pai". A evocação de Santo Huberto impunha-se a todas as pessoas mordidas por um animal infectado.

Na Idade Média, a raiva era designada pela expressão "mal de Santo Huberto". Os pacientes, caso pudessem, deviam ir em peregrinação ao mosteiro de Andage, para onde haviam sido transferidas as relíquias do apóstolo de Ardenas. No leste da França, a abadia de Rosières era considerada um local de cura dos raivosos. Os monges dispunham de duas cruzes, que aqueciam. Uma delas destinava-se aos seres humanos, a outra aos animais. O oficiante aplicava a cruz apropriada na mordida pronunciando a fórmula "Per merita Dionisii et Huberti sanet te Dominus" [Pelos méritos de Dionísio e de Huberto, que o Senhor te cure], enquanto o doente rezava cinco pais-nossos.

Felizmente, nem sempre as vítimas de mordidas de lobos ou de cães terminavam a vida de maneira trágica. Para várias delas, muitas vezes o mal era imaginário. Uma lenda popular na cidade de Arbois conta a respeito a seguinte anedota. Gavignon, natural de Salin-les-Bains, era um fanfarrão, como todas as pessoas de sua região (os moradores de Arbois e de Salin-les-Bains sempre zombaram uns dos outros). Assim, Gavignon gabava-se nos albergues de que não temia nada nem ninguém. Certo dia, quando limpava as vinhas, ele viu um grupo de crianças que fugiam assustadas de um grande cão. Corajoso, pegou o enxadão e golpeou o animal. Este reagiu e contra-atacou. Percebendo a determinação do cão, o vinhateiro compreendeu que só restava fugir e tentou subir em uma macieira. Quando ele já alcançava os primeiros ramos e se acreditava salvo, o cão deu um prodigioso salto e cravou os dentes na parte mais carnuda do corpo do adversário, que perdeu assim um bom bocado de carne.

Sangrando, sofrendo e gemendo, o infeliz Gavignon foi obrigado a esperar horas em seu refúgio antes que seu cruel inimigo abandonasse o local. Felizmente, as crianças já haviam dado o alarme. Um caçador abateu então o cão com um fuzil e ajudou a vítima a descer da árvore. Um médico foi chamado para atender Gavignon e examinou também o cadáver do cão, concluindo que este era são: para prová-lo, comeria o animal! Gavignon não ficou convencido com o diagnóstico e permaneceu na cama por várias semanas. Isto valeu-lhe o apelido de "traseiro sem raiva", expressão que dá também o título a esta historieta que ainda era narrada em Arbois no século passado.

Pasteur certamente ouviu a história na infância. E ficou impressionado quando, em outubro de 1831, um lobo mordeu animais e pessoas na região de Arbois. Ele viu então um habitante da cidade, chamado Nicole, ser cauterizado com ferro quente em uma forja situada perto da casa da família do menino que depois seria cientista.

Essas lembranças estavam em sua memória quando realizou as pesquisas sobre a raiva, pesquisas cujo êxito permitiram à humanidade lutar contra essa terrível doença que custara a vida de tantas pessoas.

-Tradução de Alexandre Massella

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_medo_nos_tempos_da_raiva_4.html

Foto: Museu Pasteur, Paris. Louis Pasteur tira amostra de cão raivoso, de Alphonse Marie Mucha (1860-1939)

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Síndrome de túnel de Carpal - uma aproximação de equipe


Se você sentiu o numbness na mão ou na dor que irradia dos dedos ao ombro, você sabe a síndrome de túnel de carpal debilitante pode ser. Afeta 12 a 15 milhão povos nos Estados Unidos sozinho, mas os fatores que os causam permanecem um mistério. Para resolver mistérios médicos, a aproximação de equipe é uma estratégia tradicional na clínica de Mayo que vai para trás aos irmãos de Mayo no primeiro parte do século passado. Neste caso, uma equipe do século XXI seleciona especialistas junto das áreas do orthopedics, da biomecânica e da neurologia. Peter Amadio, M.D., cadeira da pesquisa ortopédica na clínica de Mayo, juntou-se a forças com o Kai-Nan, o Ph.D., o Co-diretor do laboratório da análise da biomecânica e de movimento de Mayo, e o ponto baixo de Phillip, M.D., cabeça do laboratório periférico do nervo, para investigar causas potenciais da síndrome de túnel de carpal.
Benefícios de uma aproximação de equipe

O conhecimento e os avanços tecnológicos médicos estão evoluindo em uma taxa inaudita, fazendo a impossível para que um investigador individual prossiga com o tudo em seu campo escolhido. “A colaboração multidisciplinar é o futuro da investigação científica biomedicável,” diz o Dr. . “Muitos dos problemas clínicos são tão complexos que podem somente ser endereçadas com a contribuição dos investigador com fundos e perspetivas diferentes.”


A clínica de Mayo, e cada um desenvolveram a perícia mundo-ilustre em uma área diferente. Cada um trazem uma perspetiva original e um jogo complementar das habilidades ao estudo da síndrome de túnel de carpal.

O Dr. Amadio, investigador principal neste projeto, é um cirurgião/cientista ortopédicos. “Eu aprecio trabalhar com ele porque está olhando para sempre meios melhorando a compreensão da patogénese e da patofisiologia, e traduzindo isso na prática clínica,” explica o Dr. Baixo.




Dr. É um côordenador biomecânico cujos os interesses da pesquisa expandam para incluir mecânicos macios do tecido. A tudo que conhece e respeita o Dr. , Esta indicação pelo Dr. Baixo virá como nenhuma surpresa, “Dr. Aproximações seu pesquisa a mesma maneira aproxima a vida, com gentleness e persistência.”

O “Dr. Baixo é um neurologist mundo-ilustre com um interesse especial em desordens periféricas do nervo.” diz o Dr. . Traz uma perícia na eletrofisiologia e na morfologia do nervo, assim como o conhecimento da estrutura, da função e da resposta do nervo a ferimento.

A colaboração do afastamento cilindro/rolo. Amadio, e baixo estende para abraçar diversos membros de seus laboratórios respetivos e inclui as contribuições de um biólogo molecular, um histologist, um veterinário, e côordenadores e clínicos adicionais.

“Junto nós aproximamos o problema em uma forma muito mais completa, em uma maneira que permita uma compreensão mais perspicaz da desordem,” dizemos o Dr. Baixo.

A síndrome de túnel de Carpal é o resultado da pressão coloc no nervo mediano, que causa a dor, o numbness, e tingling no polegar e nos primeiros dois dedos. O túnel do carpal é um canal oval-shaped no pulso que é cercado pelos ossos de carpal em um lado e em uma bainha resistente do tecido conexivo chamada o retinaculum transversal do ligamento ou da flexor do carpal no outro. O nervo mediano e oito tendões são posicionados dentro do túnel do carpal. Aproximadamente a metade dos povos que vêem um médico para a doença do túnel do carpal submeter-se-á à cirurgia para ampliar a área do túnel do carpal, que libera a pressão no nervo mediano.
Tecido conexivo de Subsynovial

Entre o retinaculum da flexor e o tendão encontra-se o tecido conexivo subsynovial, conetando os tendões responsáveis para flexionar os dedos com a membrana synovial que cerca cada tendão. Os investigadores sabem que o tecido conexivo subsynovial se torna mais densamente nos povos com síndrome de túnel de carpal. A configuração das atividades atuais da equipe nos anos de trabalho conduzidos pelo afastamento cilindro/rolo. Amadio e uma investigação do tecido conexivo subsynovial em povos normais e nos povos com síndrome de túnel de carpal. Chunfeng Zhao, M.D., do laboratório da biomecânica, era responsável para a gerência do dia a dia da análise de movimento e o teste mecânico para estes estudos. Os côordenadores do laboratório da biomecânica marcam Zobitz e Lawrence Berglund contribui extremamente a projetar os protocolos de modelagem mecânicos da instrumentação e do teste.

De “a síndrome de túnel Carpal é acreditada para ser relacionada ao traumatismo cumulativo do tecido conexivo no túnel, que é causado pelo movimento e pela força no tecido,” diz o Dr. , “Nós traduzimos a anatomia e a fisiologia em um modelo biomecânico e endereçamo-la analìticamente e experimental.”
Descobertas de Mayo até aqui



Nos povos sem uma história da síndrome de túnel de carpal:
As camadas de tecido conexivo subsynovial olham como uma pastelaria flaky, tal como o baklava.
As camadas de tecido conexivo subsynovial frouxamente são conetadas e movem-se independente do tendão em um movimento de deslizamento seqüencial. Primeiramente o tendão move-se, a seguir os deslizes subsynovial do tecido conexivo ao longo dele. Bem como quando seu braço se move e sua luva da camisa desliza ao longo dela.

Nos povos com síndrome de túnel de carpal:
As camadas do tecido conexivo subsynovial são engrossadas e fundidas junto.
Dois testes padrões anormais do tendão/movimento subsynovial do tecido conexivo foram observados.
Teste padrão 1: O tendão e o tecido conexivo subsynovial são unidos e movem-se ao mesmo tempo. Isto sugere que mais força possa ser exigida para flexionar e mover o pulso e o dedo respetivo, aumentando a força no tendão e causando provavelmente a fatiga aumentada.
Teste padrão 2: O tecido conexivo subsynovial rasga-se livre e já não move-se em uma forma côordenada com o tendão.
Com a ajuda do investigador Marek Belohlavek do ultra-som, M.D., Ph.D., a equipe adaptou a tecnologia do ultra-som para visualizar o movimento anormal do tecido conexivo subsynovial com relação ao tendão. Esta tecnologia usa os princípios de ultra-som similares àqueles usados para a imagem latente cardiovascular do coração ou do sangue movente que movem-se através das embarcações. No futuro, esta tecnologia pode ser usada para povos do diagnóstico adiantado ou da seleção com um risco aumentado de desenvolver a síndrome de túnel de carpal.
O engrossamento do tecido conexivo subsynovial é o mais mau o mais perto ao tendão. Isto sugere que o tecido engrossado possa ser o resultado de um ferimento que faça com que o tecido conexivo subsynovial corte (estiramento e/ou separação) e dê forma conseqüentemente ao tecido da cicatriz. A equipe propor que esta que scarring possa impedir o deslizamento do tecido subsynovial sobre o tendão assim como a habilidade dos tendões de se mover independente de um outro. Ferimento ao tecido conexivo subsynovial pode igualmente danificar a fonte de sangue ao tendão, à membrana synovial e ao nervo mediano.
Validando o modelo animal

A hipótese da equipe é esse dano aos resultados subsynovial do tecido conexivo nas mudanças que conduzem à pressão aumentada dentro do túnel do carpal e da compressão do nervo mediano. Os estudos são correntes validar que um modelo animal desenvolvido pela equipe imita certamente o desenvolvimento da síndrome de túnel de carpal nos seres humanos.

O Carpal túnel-como o engrossamento no tecido conexivo subsynovial que cerca o tendão é produzido injetando uma solução concentrada de formulário da glicose-um do açúcar que é a fonte de energia principal para pilhas. A hipótese é que a solução concentrada perturbs o regulamento osmotic das pilhas, fazendo com que o líquido dentro das pilhas esteja extraído para fora no espaço que cerca as pilhas, saindo das pilhas desidratadas. Três a quatro meses após este procedimento simples, os problemas medianos do nervo tornam-se aparentes.



Tecido conexivo normal (superior) e no paciente do túnel do carpal (parte inferior)

No tempo específico aponta os nervos medianos e o tecido circunvizinho é avaliado por estudos da condução e da histopatologia do nervo. A histopatologia é o estudo microscópico das fatias de tecidos que são manchados para destacar determinados tipos de pilhas. Entregar o cirurgião Steven L. Moran, M.D., um perito na biologia do cytokine, junto com Yu Sun longo, Ph.D., laboratório da biomecânica, ser responsável para análises microscópicas dos tecidos e das pilhas. Os estudos da condução do nervo são executados em Periférico Nervo Laboratório do Dr. Baixo por James Schmelzer, um electrophysiologist com mais de duas décadas do teste periférico de execução do nervo da experiência. A condução electrofisiológica pode estimar quantas fibras de nervo estão trabalhando, medida como rapidamente os impulsos estão viajando através das fibras de nervo, e determinar o tipo de fibra de nervo (os nervos sensoriais que recebem os estímulos ou os nervos de motor que conduzem impulsos do cérebro para contratar os músculos). Os estudos da condução do nervo são executados estimulando o nervo com estímulos altamente definidos, e então usando os elétrodos para gravar a saída. Os impulsos retardados são associados com dano mediano do nervo na síndrome de túnel de carpal. A validação será conseguida se os dados se derivaram do modelo animal espelham pròxima os dados coletados dos seres humanos.
Estudos do futuro

Uma vez que o modelo animal é validado, será uma ferramenta valiosa para os estudos futuros do túnel do carpal. “O pensamento comum é que a síndrome de túnel de carpal está causada por ferimento repetitivo, mas nós realmente não sabemos aquele ainda,” diz o Dr. Amadio. “Certamente, nós geralmente não sabemos a causa de todo. Isso é porque este trabalho é tão importante. Permitirá que nós façam algo que é impossível em nossos pacientes.” As plantas da equipe para investigar mudanças vasculares encontraram no tecido conexivo engrossado que cerca o tendão que pode conduzir à nutrição diminuída aos tecidos circunvizinhos. Um outro foco é a permeabilidade diminuída do tecido conexivo engrossado que pode prender o líquido que causa o inchamento e a pressão aumentada no nervo e em outras estruturas. Igualmente querem estudar o engrossamento do tecido conexivo próprio que pode impedir o movimento dos tendões e causar a tensão adicional. “Se nós podemos identificar a seqüência de eventos aquele conduz à síndrome de túnel de carpal, nós podemos projetar umas intervenções mais eficazes impedir ou para invertê-la,” diz o Dr. Amadio.

http://www.iconocast.com/Porto1/A6ER9/News9.htm
Foto: Esquerda à direita: Kai-Nan, Ph.D., Phillip baixo, M.D., e Peter Amadio, M.D.
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Hipnoterapia - Os Mistérios do Inconsciente


A hipnose como técnica terapêutica requer muito estudo e preparo, só podendo ser aplicada por profissionais reconhecidos. Mesmo tratando-se de um recurso muito útil para a área da saúde, pode ser também bastante perigoso quando mal aplicado.

Nos achados da Antigüidade, foram encontrados textos com mais de 4.500 anos, que relatam como os sacerdotes da Mesopotâmia usavam o Transe - "um estado diferenciado da consciência usual" - para realizar diagnósticos, objetivando curas. Podemos considerar esses registros como sendo os mais antigos documentos a citarem o transe em sua função terapêutica, um hábito comum à diversas culturas naturalistas. No século XIX, ao pesquisar esse procedimento, o Dr. Braid o denominaria de hipnose. O nome escolhido advém de Hypnos - deus grego do sono - e foi escolhido pelo Dr. Braid devido à semelhança do estado de transe com o estado de sonolência.

Desde seu surgimento, a hipnose sempre esteve vinculada à busca da cura e é neste sentido que a ciência médica atual pesquisa não só a extensão que se pode obter com o seu emprego, como também as respostas de como e porque o cérebro processa o estado hipnótico. Atualmente, o termo hipnose abrange qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões, mudanças no estado físico e mental, podendo produzir alterações na percepção, nas sensações, no comportamento, nos sentimentos, nos pensamento e na memória.

A hipnose utiliza a técnica de indução do transe, que é um estado de relaxamento semi-consciente, mas com manutenção do contato sensorial do paciente com o ambiente. O transe é induzido de modo gradual e por etapas, através da fadiga sensorial, que geralmente é provocada pelo terapeuta usando a voz, de forma calma, monótona, rítmica e persistente. Quando o transe se instala, a sugestibilidade do paciente é aumentada. A hipnose leva então à várias alterações da percepção sensorial, das funções intelectuais superiores, exacerbação da memória (hiperamnésia), da atenção e das funções motoras. "Estabelece-se uma alteração de estado da consciência, algo que simula o sono. No entanto, o eletroencefalograma (EEG) do paciente sob hipnose é de vigília, e não de sono", explica a Dra. Sofia Bauer, especializada em hipnoterapia Ericksoniana em Phoenix, Arizona e autora do livro "Hipnoterapia Ericksoniana - passo a passo".

Para a doutora Bauer, o uso da hipnoterapia é feito para acelerar o processo de terapia e encurtar o tempo de tratamento. O tempo varia de acordo com a pessoa e o problema, de uma sessão a alguns meses de trabalho. É um estado onde o paciente fica acordado, mas mais alerta ao seu estado interno. Não é sono. As técnicas usadas são de relaxamento, respiração, imaginação ativa, dessensibilização de medos e fobias. "O estado de transe volta você para o seu lado interno, o seu inconsciente. Entrar em hipnose é como relaxar. Ir para dentro de você mesmo, ajudado pelo terapeuta, que vai lhe orientando como respirar, como sentir seu corpo, como voltar-se para dentro das suas emoções", explica.

Não se conhece ainda, completamente, como a hipnose altera as funções cerebrais. "Uma das teorias atuais é que ela afetaria os mecanismos da atenção, em uma parte do cérebro chamada substância reticular ascendente (SRA), localizada na sua parte mais basal (tronco cerebral). Essa área, que também tem muitas funções relacionadas ao sono, ao estado de alerta, e à percepção sensorial, bombardeia o cérebro continuamente com estímulos provenientes dos órgãos dos sentidos, provocando excitação geral. A inibição da SRA leva aos estados de sonolência e "desligamento" sensorial", ensina Bauer.

Aplicabilidade

Uma das perguntas mais freqüentes aos profissionais que aplicam a hipnoterapia é se a sensibilidade ao tratamento é geral em qualquer paciente. De acordo com os especialistas, cerca de 90% das pessoas é hipnotizável pelo menos ao nível das necessidades de terapêutica médica. Alguns podem não sê-lo para etapas mais profundas, como de pesquisa pura. Esses 90% têm graus diferentes de sensibilidade: todos eles podem ser colocados sob hipnose, mas isso depende do médico, que tem que realizar um esforço maior ou menor em seu trabalho. Como a hipnose depende do estímulo da palavra (débil, rítmica, monótona e persistente), só não entrarão na hipnose os surdos e os totalmente inaptos a compreender a essência do que lhes esteja sendo dito.

Método controvertido

O Dr. Vladimir Bernik, médico psiquiatra e hipnoterapeuta, acredita que a hipnose médica continua sendo um dos métodos terapêuticos mais controvertidos em Psiquiatria. "Ela foi recebida com reservas, depois que recebeu críticas indevidas de Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Mas, voltou com força redobrada após a Segunda Guerra Mundial, tendo sido apoiada como um método válido pelas principais entidades médicas internacionais", explica o psiquiatra.

No Brasil, a hipnose passou também por um processo de séria descrença, por ter sido muitas vezes utilizada em palco, por pessoas não qualificadas medicamente, e tendo até mesmo causado prejuízo para as "cobaias" humanas assim utilizadas. Em função disto, na década de 60, seu uso fora do ambiente médico foi proibido por um decreto presidencial. Mesmo assim, em 1956 no Rio de Janeiro, com a vinda do médico argentino Dr. Torres Norry para ministrar o - I Curso Completo de Hipnologia - autorizado pelo Ministério da Saúde, a primeira turma de hipnoterapeutas foi formada. Estes profissionais, por sua vez, organizaram-se e, baseados nos ideais de: "difundir a técnica, favorecer o estudo e estimular a pesquisa do hipnotismo médico", fundaram a Sociedade Brasileira de Hipnose - SBH, em 27 de agosto de 1957. Desde 20 de agosto de 1999, está em andamento no Conselho Federal de Medicina - CFM, um projeto que visa instituir a Hipnose como "Ato Médico" e legitimar o termo Hipniatria para designar o método quando usado por médicos.

Atualmente, a hipnose é reconhecida como um tipo de tratamento adequado para certos quadros psiquiátricos, e até mesmo como um método de valor para aumentar a resistência imunológica de pacientes, aumentando o nível de células brancas (leucócitos) responsáveis pela defesa do nosso organismo contra as doenças. "Por esse motivo, tem sido muito utilizada na terapia da AIDS, pois parece ser o método que mais rapidamente altera a psicoimunologia dos pacientes (alteração do sistema imune através da psique)", complementa Dr. Vladimir Bernik.

Os diferentes métodos terapêuticos usados pela psiquiatria podem ser realizados melhor e mais rapidamente com a ajuda da hipnose. Uma de suas vantagens é reduzir o tempo de tratamento de um distúrbio mental. É um dos tratamentos utilizados para tirar alguns sintomas de certas doenças mentais, tais como a ansiedade, reduzir o estresse, tratar traumas psicológicos quando sua causa é pouco relevante, tratar medos (fobias) - como medo do escuro -, auxiliar o tratamento de alívio de dores crônicas - como na artrite -, na dor provocada por tumores, etc. A hipnose também é muito utilizada no tratamento de doenças psicossomáticas (por exemplo, úlceras de fundo nervoso), sendo um dos métodos que obtém resultados mais breves e eficientes.

Para o Dr. Bernik, uma grande vantagem desta terapia é que, ao contrário do que a ficção muitas vezes retrata, ela não tem poder para alterar os valores éticos e morais do paciente. Para ele, é um dos tratamentos mais sérios em Psiquiatria, e o seu código de ética internacional é um dos mais rigorosos da Medicina.

Hipnose na Psiquiatria

Entidades como Associação Médica Britânica, Associação Médica Americana, Associação Médica Canadense e Associação Americana de Psiquiatria reconheceram a força da hipnose como modo de diagnóstico e tratamento de problemas específicos em Psiquiatria. Assim, pesquisadores e serviços universitários organizaram-se no estudo mais profundo de seus fenômenos e na utilidade a ser dada às suas técnicas peculiares de diagnóstico e de terapêutica. Fundou-se uma sociedade internacional, que edita até hoje uma revista de reconhecido padrão científico visando à difusão de conhecimentos. Nos diferentes países, surgiram entidades nacionais, filiando-se à Sociedade Internacional. Para o estudioso da hipnose, a cada dia e a cada descoberta, "a hipnose é um mundo novo que se abre, no sentido de somar novos elementos à neurociência, da pesquisa ao diagnóstico e ao tratamento". No entanto, ainda assim não ganhou a total credibilidade dos médicos, uma vez que é pouco disseminado o embasamento neurocientífico da hipnose.

Indicações da Hipnose

A hipnose tem muitas indicações específicas em Psicologia, Psiquiatria e em Medicina Geral. Tirar a dor é uma das suas indicações básicas. Na verdade, como não se pode mentir ao paciente sob hipnose, a sugestão não é a de que a dor deixou de existir, mas que ela se vai transformando progressivamente numa sensação tolerável de formigamento ou de calor.

Outra área de aplicação da hipnose médica, com bons resultados, ocorre no controle das doenças psicossomáticas, tais como a asma, o colón irritável, e os problemas psicodermatológicos (como eczemas).

O controle dos impulsos é outra excelente área de atuação para a hipnoterapia. Ela se revelou de grande valor para o tratamento de distúrbios das condutas dependentes do controle de impulsos, tais como: as alterações de comportamento alimentar (obesidade, anorexia e bulimia); os impulsos inibidos ou exacerbados da sexualidade e a correção de suas disfunções em todas as faixas etárias; o controle do impulso do jogo; as diferentes dependências químicas, do álcool ao "crack", passando pelo fumo.

A hipnose também tem valor quando usada para complementar outras formas de psicoterapia, tais como no tratamento dos medos fóbicos, no domínio sobre os instantes de desencadeamento da doença do pânico, no controle da ansiedade e dos componentes emocionais da depressão, no controle do impulso suicida e reativação dos valores da vida, etc. Em muitos desses casos, ela é acompanhada também do uso de medicamentos apropriados (como antidepressivos).

Os próprios médicos que utilizam a hipnoterapia reconhecem que o perigo da técnica, de fato, é o seu mau uso. Para eles, a hipnose não é uma terapia em si, mas uma boa ferramenta que ajuda a tornar o inconsciente observável e aflorar os recursos de cada paciente mais rápido para um trabalho de cura. Mas não basta só saber a teoria sobre hipnose e sobre suas técnicas de aplicação. É necessário, e é condição básica, uma boa formação em psicoterapia e em psicanálise, para saber como utilizar estas técnicas. "Por muito tempo a hipnoterapia ficou jogada ao limbo do esoterismo. Profissionais aéticos fazem pessoas até viver e "reviver" outras vidas, formar delírios e neles acreditar; tornar a difícil vida de hoje pior ou, no mínimo, ingenuamente mergulhar numa fantasia irreal, sem chance de retorno. Esqueceram-se os pseudo-terapeutas, que, entre as incríveis propriedades desta técnica, existe a deliriogênica, capaz de transformar fantasias latentes do paciente em bem-elaborados delírios de autoreferência.", alerta Dr. Bernik.

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http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3742&ReturnCatID=1712

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O mistério do placebo


o efeito placebo

Efeito placebo é o efeito mensurável ou observável sobre uma pessoa ou grupo, ao qual tenha sido dado um tratamento placebo.

Um placebo é uma substância inerte, ou cirurgia ou terapia "de mentira", usada como controle em uma experiência, ou dada a um paciente pelo seu possível ou provável efeito benéfico. O por quê de uma substância inerte, uma assim chamada "pílula de açúcar," ou falsa cirurgia ou terapia fazerem efeito, não está completamente esclarecido.

a teoria psicológica: está tudo na sua cabeça

Muitos acreditam que o efeito placebo seja psicológico, devido a um efeito real causado pela crença ou por uma ilusão subjetiva. Se eu acreditar que a pílula ajuda, ela vai ajudar. Ou a minha condição física não muda, mas eu sinto que ela mudou. Por exemplo, Irving Kirsch, um psicólogo da Universidade de Connecticut, acredita que a eficácia do Prozac e drogas similares pode ser atribuída quase que inteiramente ao efeito placebo.

Em um estudo publicado [em junho de 1999], Kirsch e... Guy Sapirstein... analisaram 19 testes clínicos de antidepressivos e concluíram que a expectativa de melhora, e não ajustes na química do cérebro, foram responsáveis por 75 por cento da eficácia das drogas.*

"O fator crítico," afirma Kirsch, "são nossas crenças a respeito do que irá acontecer conosco. Você não precisa confiar nas drogas para ver uma profunda transformação." Em um estudo anterior, Sapirstein analisou 39 estudos, feitos entre 1974 e 1995, de pacientes depressivos tratados com drogas, psicoterapia, ou uma combinação de ambos. Ele descobriu que 50 por cento do efeito das drogas se deve à resposta placebo.

As crenças e esperanças de uma pessoa sobre um tratamento, combinadas com sua sugestibilidade, podem ter um efeito bioquímico significativo. Sabemos que a experiências sensoriais e pensamentos podem afetar a neuroquímica, e que o sistema neuroquímico do corpo afeta e é afetado por outros sistemas bioquímicos, inclusive o hormonal e o imunológico. Assim, há provavelmente uma boa dose de verdade na afirmação de que a atitude esperançosa e as crenças de uma pessoa são muito importantes para o seu bem estar físico e sua recuperação de lesões ou doenças.

Entretanto, pode ser que muito do efeito placebo não seja uma questão da mente controlando moléculas, mas sim controlando o comportamento. Uma parte do comportamento de uma pessoa "doente" é aprendida. Assim como o é parte do comportamento de uma pessoa que sente dor. Em resumo, há uma certa quantidade de representação de papéis pelas pessoas doentes ou feridas. Representação de papéis não é o mesmo que falsidade, é claro. Não estamos falando de fingimento. O comportamento de pessoas doentes ou com lesões tem bases, até certo ponto, sociais e culturais. O efeito placebo pode ser uma medida da alteração do comportamento, afetado por uma crença no tratamento. A mudança no comportamento inclui uma mudança na atitude, na qual uma pessoa diz como se sente, ou como esta pessoa age. Ela também pode afetar a química do corpo da pessoa.

A explicação psicológica parece ser aquela em que as pessoas mais acreditam. Talvez seja por isso que muitas pessoas fiquem consternadas quando são informadas de que a droga eficiente que estão tomando é um placebo. Isso a faz pensar que o problema está "todo em sua cabeça" e que não há nada realmente errado com elas. Além disso, há muitos estudos que descobriram melhoras objetivas na saúde com o uso de placebos para apoiar a noção de que o efeito placebo é inteiramente psicológico.

Médicos em um estudo eliminaram verrugas com sucesso, pintando-as com uma tinta colorida e inerte, e prometendo aos pacientes que as verrugas desapareceriam quando a cor se desgastasse. Em um estudo de asmáticos, pesquisadores descobriram que podiam produzir a dilatação das vias aéreas simplesmente dizendo às pessoas que elas estavam inalando um broncodilatador, mesmo quando não estavam. Pacientes sofrendo dores após a extração dos dentes sisos tiveram exatamente tanto alívio com uma falsa aplicação de ultrassom quanto com uma verdadeira, quando tanto o paciente quanto o terapeuta pensavam que a máquina estava ligada. Cinqüenta e dois por cento dos pacientes com colite tratados com placebos em 11 diferentes testes, relataram sentir-se melhor -- e 50 por cento dos intestinos inflamados realmente pareciam melhores quando avaliados com um sigmoidoscópio.*

Claramente, tais efeitos não são puramente psicológicos.

a teoria da natureza-seguindo-seu-curso

Alguns acreditam que pelo menos parte do efeito placebo se deve a uma doença ou lesão seguindo seu curso natural. Nós muitas vezes nos curamos com o tempo, mesmo se não fizermos nada para tratar uma doença ou lesão. O placebo é às vezes erroneamente considerado como eficaz quando, na verdade, o corpo está se curando espontaneamente.

Entretanto, curas espontâneas e remissão espontânea de doenças não podem explicar todas as curas ou melhoras que ocorrem devido a placebos, ou devido a medicamentos ou tratamentos ativos, por sinal. As pessoas a quem não é dado nenhum tratamento freqüentemente não se saem tão bem quanto aquelas a quem são dados placebos ou remédios e tratamento reais.

a teoria do processo-de-tratamento

Outra teoria que está ganhando popularidade é a de que um processo de tratamento que envolva atenção, cuidado, afeição, etc. para o paciente, um processo que seja encorajador e que alimente esperanças, pode por si só disparar reações físicas no corpo, que promovem a cura.

Certamente há dados que sugerem que o simples fato de estar em situação de tratamento consegue alguma coisa. Pacientes deprimidos que são puramente colocados em uma lista de espera por tratamento não se saem tão bem quanto aqueles a quem são dados placebos. E -- isto é muito sugestivo, eu acho -- quando os placebos são dados para controle da dor, o curso do alívio da dor segue o mesmo que se teria com uma droga ativa. O pico do alívio vem aproximadamente uma hora após eles serem administrados, assim como vem com a droga real, e assim por diante. Se a analgesia por placebo fosse o equivalente a não dar nada, seria de se esperar um padrão mais aleatório. (Dr. Walter A. Brown, psiquiatra, Brown University)

Dr. Brown e outros acreditam que o efeito placebo é principalmente ou puramente físico e se deve a mudanças físicas que promovem a cura ou o bem estar.

As mudanças físicas obviamente não são causadas pela substância inerte em si, então qual é o mecanismo que explicaria o efeito placebo? Alguns pensam que é o processo de administrá-lo. Pensa-se que o toque, o cuidado, a atenção e outras comunicações interpessoais que fazem parte do processo do estudo controlado (ou das característica terapêuticas), além da esperança e encorajamento dados pelo experimentador/terapeuta, afetam o humor da pessoa testada, que por sua vez dispara mudanças físicas, como a liberação de endorfinas. O processo reduz o stress por dar esperanças ou reduzir a incerteza sobre que tratamento adotar ou qual será o resultado. A redução no stress previne, ou desacelera a ocorrência de futuras mudanças físicas prejudiciais.

A hipótese do processo-de-tratamento explicaria como remédios homeopáticos inertes e as terapias questionáveis de muitos dos praticantes da saúde "alternativa" são muitas vezes eficazes, ou tidos como eficazes. Ela explicaria também por quê pílulas ou procedimentos usados pela medicina tradicional funcionam, até que seja demonstrado que não possuem valor.

Há quarenta anos atrás, um jovem cardiologista de Seattle chamado Leonard Cobb, conduziu um teste singular de um procedimento então comumente usado para a angina, no qual os médicos faziam pequenas incisões no peito e atavam nós em duas artérias para tentar aumentar o fluxo do sangue para o coração. Era uma técnica popular -- 90 por cento dos pacientes relatavam melhoras -- mas quando Cobb a comparou com a cirurgia placebo, na qual se fazia incisões mas não atava as artérias, as operações falsas se mostravam igualmente bem sucedidas. O procedimento, conhecido como ligação mamária interna, foi logo abandonado.*

Se o efeito placebo é principalmente psicológico, ou cura espontânea mal interpretada, ou devido a um processo caracterizado por demonstrar cuidado e atenção, ou devido a alguma combinação dos três, pode não ser conhecido com completa confiança. Mas não há dúvidas sobre o poderoso efeito do placebo.

eficácia do placebo

H. K. Beecher avaliou duas dúzias de estudos e calculou que aproximadamente um terço dos pacientes nos estudos melhorou devido ao efeito placebo ("The Powerful Placebo," O Poderoso Placebo, 1955). Outros estudos calculam que o efeito seja ainda maior do que afirmou Beecher. Por exemplo, estudos demonstraram que os placebos são eficazes em 50 a 60 por cento dos pacientes com determinadas condições, por exemplo, "dores, depressão, algumas indisposições cardíacas, úlceras gástricas e outras queixas estomacais."* E tão eficazes como as novas drogas psicotrópicas parecem ser, no tratamento de vários distúrbios mentais. Alguns pesquisadores sustentam que não há evidências adequadas a partir de estudos que provem que as novas drogas sejam mais eficazes que os placebos.

Os placebos já chegaram a ser mostrados causando efeitos colaterais desagradáveis. Existem até relatos de pessoas se tornando viciadas em placebos.

o dilema ético

O poder do efeito placebo levou a um dilema ético. Um médico não deve enganar as pessoas, mas deve aliviar a dor e sofrimento dos seus pacientes. Deveria alguém usar a enganação para o benefício de seus pacientes? Seria anti-ético para um médico conscientemente prescrever um placebo sem informar ao paciente? Se informar ao paciente reduz a eficácia do placebo, seria justificável algum tipo de mentira com o objetivo de beneficiá-lo? Alguns médicos acham justo usar o placebo nos casos em que foi demonstrado um forte efeito placebo, e onde o sofrimento é um fator agravante.* Outros acham que é sempre errado enganar o paciente, e que o consentimento informado exige que se conte ao paciente que o tratamento é um tratamento placebo. Outros, especialmente os praticantes da medicina "alternativa", nem sequer querem saber se um tratamento é um placebo ou não. Sua atitude é a de que, contanto que o tratamento seja eficaz, quem se importa se ele é um placebo?

os placebos são perigosos?

Ao mesmo tempo em que os céticos talvez rejeitem a fé, a oração e as práticas médicas "alternativas" como bioharmônicos, quiroprática e homeopatia, estas práticas talvez não deixem de ter seus efeitos benéficos. Claramente, elas não curam o câncer ou reparam um pulmão perfurado, mas poderiam prolongar a vida ao dar esperanças e aliviar o sofrimento, e pela interação com o paciente em uma forma cuidadosa e atenciosa. No entanto, para aqueles que dizem "que diferença faz por que alguma coisa funciona, contanto que funcione" eu respondo que é provável que haja algo que funcione ainda melhor, algo para os outros dois terços ou metade da humanidade que, por uma razão qualquer, não podem ser curadas ou ajudadas por placebos. Além disso, placebos podem nem sempre ser benéficos ou inofensivos. Em acréscimo aos efeitos colaterais adversos, mencionados acima, John Dodes observa que

Pacientes podem se tornar dependentes de praticantes não científicos que empregam terapias de placebos. Tais pacientes podem ser levados a acreditar que estão sofrendo de uma hipoglicemia "reativa" imaginária, alergias ou micoses inexistentes, "intoxicação" por amálgama de restaurações dentais, ou que estão sob os poderes do Qi ou de extraterrestres. E os pacientes podem ser levados a acreditar que as doenças respondem somente a um tipo específico de tratamento feito por um praticante específico.*

Em outras palavras, o placebo pode ser uma porta aberta para o charlatanismo.

Para finalizar, a esperança dada por muitos praticantes "alternativos" é uma esperança falsa. É verdade que o tratamento cuidadoso e humano de uma pessoa que está morrendo pode prolongar a sua vida e pode melhorar a qualidade do que restar de vida para o paciente. Mas dar aos pais esperanças de que sua garotinha com um tumor no cérebro "poderia" responder ao tratamento com antineoplastos, sobreviver e crescer para se tornar uma adolescente e adulta saudável, quando se sabe que a probabilidade disto acontecer é praticamente zero, parece cruel e desumano. A atenção e o tratamento constante poderiam ajudar a criança a viver e sofrer por mais tempo, e os pais poderiam ficar eternamente gratos pelo tempo extra que tiveram com sua criança amada, mas no fim das contas estes tratamentos são como um abuso dos indefesos.

Por outro lado, se um adulto que está morrendo de alguma coisa como câncer pancreático, e não recebeu nenhuma esperança de recuperação por parte dos praticantes da medicina tradicional, quisesse tratar-se com antineoplastos em um procedimento clínico onde a esperança e o cuidado são mais abundantes que o sucesso ou o conhecimento, pareceria cruel e desumano negar-lhe isso. Nós não temos nenhuma obrigação de oferecer tal tratamento, mas se ele estiver disponível e o paciente puder pagar por ele, será que é da nossa conta interferir? Podemos achar que este homem é tolo e está apenas desperdiçando seu dinheiro porque está desesperado. Podemos achar que aqueles que fornecem tais tratamentos questionáveis são charlatães e estão cruelmente enchendo as pessoas com falsas esperanças. Podemos achar que não é nada além do efeito placebo que é responsável pelo apoio do paciente a continuar o tratamento. Mas até que possa ser demonstrado sem sombra de dúvidas que o tratamento é fraudulento, potencialmente prejudicial ou completamente e absolutamente inútil, será que temos o direito de evitar que ele seja fornecido?

Nas segundas, quartas e sextas eu digo "sim". Nas terças, quintas e sábados eu digo "não". Nos domingos eu digo "eu não sei".

http://skepdic.com/brazil/placebo.html
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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Amy Winehouse colapsa


Amy Winehouse sofre colapso e é internada no Caribe

Portal Terra


SANTA LUCIA - A cantora Amy Winehouse, que passa férias em Santa Lucia, no Caribe, foi internada na noite de sexta-feira após sofrer um colapso.

Segundo o tablóide The Sun, a britânica estaria bebendo muito enquanto tenta se livrar do vício de crack e heroína. - Ela estava terrível, um caos. As pessoas estavam muito preocupadas - disse uma fonte ao jornal.

Um porta-voz da cantora confirmou que Amy está internada e que o motivo seria a falta de um medicamento que ela toma para substituir o consumo de drogas.

Segundo a publicação, a britânica se recupera bem e a expectativa é de que ela deixe o hospital em breve.

http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/02/14/e140212570.asp

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

O homem árvore


6 mistérios da medicina
O Banco de Saúde reuniu seis casos médicos estranhos e bizarros para aguçar a curiosidade.

A ciência médica vem evoluindo em uma velocidade espantosa, passando pelas descobertas dos microrganismos causadores de doenças, pela estrutura do DNA, o projeto genoma, as células-tronco e muito mais. Ainda assim estamos apenas no começo, restam muitos mistérios a serem desvendados.

A televisão vem produzindo diversas séries onde médicos têm que solucionar mistérios os mais improváveis. Uma das séries mais populares se passa no hospital fictício Princeton-Plainsboro onde o médico Dr. Gregory House lidera uma equipe na solução de casos quase impossíveis.

O Banco de Saúde reuniu seis estranhos casos médicos para aguçar a curiosidade.
Pessoas quiméricas

Certa vez uma mãe levou seu filho para realizar um teste genético, mas o resultado surpreendente foi de que a mulher não era a mãe biológica da criança, mesmo tendo dado a luz a ela.

Após várias investigações foi descoberto que a mãe era uma quimera. Uma mistura genética de dois indivíduos, neste caso uma mistura de dois gêmeos não idênticos que se fundiram em um único ser.

Ninguém sabe ao certo o número de quimeras existentes, mas com os tratamentos modernos de fertilidade, é esperado que surjam novos casos.
Alergia a água

Pode parecer impossível, considerando que o corpo humano é constituído de 60% de água, mas alguns raros indivíduos são alérgicos a água.

Eles podem beber água normalmente, mas quando ela entra em contato com a pele, surge o problema: manchas e pápulas vermelhas que coçam intensamente.

Esta condição rara foi descrita pela primeira fez em 1941, sendo batizada de urticária aquagenica.

A causa ainda é um mistério.
Síndrome do sotaque estrangeiro

Se você acordar pela manhã falando com um sotaque indiano, apesar de nunca ter estado na Índia, é provável que você esteja sofrendo da síndrome do sotaque estrangeiro.

Um dos casos mais conhecidos foi de uma mulher norueguesa que após ter sido ofendida em um programa de rádio, passou a falar com um forte sotaque alemão.

Esta síndrome já foi considerada um problema psicológico, mas agora se sabe que existe uma desordem neurológica, tais como derrame ou lesão cerebral em regiões associadas com a fala.

Mas o maior mistério persiste: Como alguém pode falar com um sotaque ao qual ela nunca foi exposta antes?
A loucura do Rei George

O rei britânico, George III, sofria de ataques de agitação e confusão mental, nos quais era necessário que fosse contido, sendo amarrado em uma cadeira ou mesmo em uma camisa de força.

Os cientistas modernos pensaram que o rei sofria de uma desordem genética chamada porfiria. Mas em 2005 pesquisadores examinaram amostras de cabelo de sua majestade e encontraram altas concentrações de arsênico.

O arsênico era utilizado no passado como medicamento e também como veneno, e pode ter piorado o quadro de porfiria.
O dedo podre

Em 1996 o jornal médico The Lancet publicou o caso de um homem de 29 anos que teve seu dedo perfurado por um osso de galinha. Desde então o dedo foi acometido por uma infecção que o deixava com um cheiro insuportável.

O cheiro era tão forte que invadia toda a sala de exame médico onde se encontrava o paciente.

A causa da infecção nunca foi identificada, apesar dos esforços médicos, que chegaram a publicar pedidos de ajuda para outros médicos ao redor do mundo que poderiam ter tido caso semelhante.

Felizmente, após algum tempo de sofrimento com o mau cheiro, a infecção curou-se espontaneamente.
O homem árvore

Com as mãos e pés mais parecidos com galhos de árvore, um homem morador da Indonésia é um misto entre o reino vegetal e o animal.

Mas o que causa esta deformidade? Este mistério foi recentemente solucionado para o alívio de Dede, seu portador indonésio.

A culpada é uma rara deficiência imunológica, a qual permite que o vírus do papiloma humano (HPV) espalha-se de forma descontrolada, gerando formações de verrugas bizarras.

http://www.bancodesaude.com.br/materias/6-misterios-medicina
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Por que razão vivem mais tempo as pessoas inteligentes?


Ian Deary
© Project Syndicate, 2008. www.project-syndicate.org

As pessoas com melhores resultados nos testes de inteligência realizados durante a infância e no início da idade adulta tendem a viver durante mais tempo. Esta foi a conclusão de um estudo junto de cidadãos da Austrália, Dinamarca, Inglaterra e País de Gales, Escócia, Suécia e Estados Unidos.

As pessoas com melhores resultados nos testes de inteligência realizados durante a infância e no início da idade adulta tendem a viver durante mais tempo. Esta foi a conclusão de um estudo junto de cidadãos da Austrália, Dinamarca, Inglaterra e País de Gales, Escócia, Suécia e Estados Unidos. De facto, obteve-se o mesmo resultado em todas as populações submetidas ao estudo.

Com efeito, o impacto da inteligência sobre a mortalidade rivaliza com factores bem conhecidos de doença e morte, como a tensão arterial elevada, a obesidade, a hiperglicemia e o colesterol elevado. O efeito destes factores é quase tão significativo como o do tabaco.

As diferenças na inteligência humana têm causas ambientais e genéticas. O resultado de um teste de inteligência nos primeiros anos de vida é, em parte, um registo da influência do meio ambiente sobre o cérebro e sobre o resto do corpo até àquela data. Os bebés que nascem com pouco peso, por exemplo, são mais propensos a doenças crónicas mais tarde. Eles têm também, tipicamente, uma inteligência ligeiramente inferior. Mas os testes destinados a explicar até que ponto é que o peso à nascença pode influenciar a ligação entre inteligência e mortalidade não descobriram qualquer associação entre ambos.

As profissões dos pais também desempenham um papel sobre a inteligência dos seus filhos e sobre os riscos de posteriores doenças: as crianças criadas num contexto mais favorecido tendem a ter uma inteligência mais elevada e a serem mais saudáveis, bem como a viverem mais tempo. No entanto, não há qualquer prova convincente de que as raízes parentais expliquem a ligação entre uma maior inteligência e uma vida mais longa.

Para outros investigadores, os resultados dos testes de inteligência são possivelmente mais do que um mero indicador da eficiência de um cérebro. Acima de tudo, o cérebro é apenas um órgão do corpo, pelo que as pessoas cujos cérebros funcionam bem nos primeiros anos de vida provavelmente têm também outros órgãos e sistemas mais eficazes do que os das restantes pessoas a quem isso não acontece.

Mas esta ideia de "integridade do sistema" é, de certa forma, vaga e difícil de testar. O melhor que conseguimos até ao momento tem sido analisar se a rapidez de reacção das pessoas está relacionada com a inteligência e a mortalidade. Está, sim. Os testes de tempo de reacção não implicam muita reflexão. Consistem apenas em pedir às pessoas para responderem o mais depressa que conseguirem a estímulos simples. As pessoas que reagem mais depressa têm, em média, melhores resultados nos testes de inteligência e vivem durante mais tempo. Mas temos de encontrar melhores formas de medir a integridade do corpo para testar esta ideia de forma mais completa.

Uma terceira explicação possível é a de que a inteligência tem a ver com a tomada de decisões. Todos os dias da nossa vida tomamos decisões acerca da nossa saúde: o que e quando comer, e em que quantidade, o nível de exercício a praticar; como cuidarmos de nós se ficarmos doentes; e por aí em diante.

Assim, a razão para a inteligência e a morte estarem ligadas poderá ter a ver com o facto de as pessoas que se revelam mais inteligentes na infância tomarem melhores decisões em relação à sua saúde e terem comportamentos mais saudáveis. Na idade adulta, tendem a ter melhores regimes alimentares, a fazerem mais exercício, a ganharem menos peso, a não cometerem tantos excessos com as bebidas alcoólicas e assim sucessivamente.

Até aqui, tudo bem. Mas ainda falta uma parte da história. Não existem estudos completos com dados sobre a inteligência infantil, com dados subsequentes relativos os comportamentos de saúde na vida adulta e também com um acompanhamento, a longo prazo, das mortes. E só um estudo com essas características é que nos poderia dizer se são estes comportamentos saudáveis que explicam a ligação entre inteligência e morte.

Um quarto tipo de explicação é a de que as pessoas com maior inteligência na infância tendem a obter melhores qualificações académicas, a trabalhar em empregos mais profissionais, a ter rendimentos mais elevados e a viver em zonas mais endinheiradas. Estas variáveis também estão relacionadas com uma vida mais longa. Por isso, talvez seja isso mesmo: uma maior inteligência permite aceder a contextos mais seguros e melhores para a saúde.

É certo que nalguns estudos a classe social em que se está inserido na idade adulta parece explicar grande parte da ligação entre inteligência e morte. O problema é que esta "explicação" é estatística. Ainda não temos a certeza que, digamos, a educação e a profissão "expliquem" o efeito da inteligência sobre a saúde, ou se são, com efeito, medidas substitutas da inteligência.

Os investigadores procuraram também pistas sobre a relação inteligência-mortalidade em tipos específicos de mortes. E os resultados foram reveladores. Uma menor inteligência nos primeiros anos de vida está associada a uma maior probabilidade de morrer, por exemplo, de doença cardiovascular, de acidente, de suicídio e por homicídio. A prova quanto ao cancro é menos certa. À medida que fomos descobrindo estes dados, fomos percebendo que cada ligação poderá precisar de uma explicação diferente.

Por último, sabemos que o nosso nível de inteligência e a nossa longevidade são determinados simultaneamente por influências ambientais e genéticas. Existem experiências, com recurso a gémeos, que permitem descobrir a que ponto a inteligência e a mortalidade estão associadas porque partilham as mesmas influências ambientais e genéticas.

Um dos exercícios mais informativos que podemos realizar em matéria de epidemiologia cognitiva é o de obter um grande grupo de gémeos sobre os quais existam dados relativos à sua inteligência nos primeiros anos de vida e que tenham sido acompanhados durante bastante tempo para se determinar quem morreu. Ainda não descobrimos um grupo suficientemente grande de gémeos para o qual disponhamos dessa informação. Encontrar um grupo desses é prioritário.

O objectivo último desta investigação é descobrir o que é que as pessoas inteligentes têm e fazem que lhes permite viver durante mais anos. Assim que o saibamos, seremos capazes de partilhar e aplicar esse conhecimento a fim de proporcionarmos uma saúde óptima para todos.

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=353416

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Zimbabué sem sistema de saúde


O país africano converteu-se na ruína económica, com um sistema sanitário colapsado e o desespero que provocam as fortes erupções de cólera, malária e sida.

Hiperinflação e cólera

Debaixo do jugo asfixiante de Mugabe, o Zimbabué converteu-se na pior economia do mundo. O banco central decidiu reavaliar na semana passada o dólar zimbabueano uma vez mais e eliminar 12 zeros da sua moeda para tentar frear a hiperinflação que assola o país e evitar o colapso, com 94% da população no desemprego.

O país sul-africano batalha contra a inflação mais alta do planeta, estimada oficialmente em 231.000.000 %, e enfrenta uma escassez severa de alimentos e divisas. Mas, ao mesmo tempo chegaram as más notícias, quando o Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou que a partir de Fevereiro redistribuirá os mesmos lotes de ajuda, ainda que cresçam cada mês alarmantemente o número de bocas a alimentar.

Entretanto, a população do Zimbabué sofre a pior erupção de cólera da sua história. Mais de 3.000 pessoas morreram pela epidemia e umas 60.000 foram infectadas, segundo números da Organização Mundial da Saúde (OMS). As autoridades médicas fazem o possível enquanto a malária e a sida seguem cobrando vidas no país, convertendo o Zimbabué numa das dez crises humanitárias mais esquecidas do mundo, segundo o último informe dos Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Traduzido do espanhol
http://www.elpais.com/articulo/internacional/opulenta/fiesta/cumpleanos/Mugabe/elpepuint/20090210elpepuint_12/Tes

Foto: http://mocmagazine.blogspot.com/2008/12/j-no-h-clera-no-zimbabwe-afirma-mugabe.html

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Florence Nightingale


Nasceu: Em 12 de maio de 1820 em Florença, Itália.
Faleceu: Em 13 agosto de 1910 em East Wellow, Inglaterra.

Florence Nightingale é mais lembrada por seu trabalho como enfermeira durante a guerra da Criméia e de suas contribuições para a melhoria das condições sanitárias dos hospitais militares de campo. No entanto, o que é pouco conhecido a respeito desta mulher notável foi sua paixão pela matemática, especialmente estatística, e de como esta paixão desempenhou um papel importante em seu trabalho.

Seu nome foi inspirado na sua cidade natal, a vila Colombia de Florença, Itália, onde nasceu no dia 12 de maio de 1820. Ela nasceu enquanto seus pais William Edward Nightingale e Frances estavam viajando pela Europa num tour de dois anos após o casamento. A irmã mais velha de Florence tinha nascido em Nápoles um ano antes. Os pais batizaram-na com o nome grego da cidade que era Panthenope.

William Nightingale nasceu com o sobrenome Shore. Ele mudou para Nightingale após herdar de um parente rico chamado Peter Nightingale de Lea, perto de Matlock, Derbyshire. As meninas cresceram no interior gastando muito do seu tempo em Lea Hurst, Derbyshire. Quando Florence tinha cinco anos seu pai comprou uma casa chamado de Embley, perto de Romsey em Hampshire. Assim a família passava os verões em Derbyshire, enquanto o resto do ano era passado em Embley. Entre as mudanças de um local para outro haviam viagens a Londres, a ilha de Wight e a visita a parentes.

A educação inicial das meninas ficou a cargo de professoras particulares, mais tarde a tarefa foi feita pelo pai que foi educado em Cambridge. Florence gostava das aulas e tinha uma habilidade natural para o estudo. Sob a orientação do seu pai ela teve contato com os clássicos, Euclides, Aristóteles, a Bíblia e assuntos políticos.

Em 1840, Nightingale implorou aos pais que a deixassem estudar matemática ao invés de: fazer tricô ou dançar quadrilha, mas sua mãe não aprovou a idéia. Embora seu pai gostasse de matemática e tivesse passado este gosto para a filha ele solicitou que ela estudasse assuntos mais apropriados para uma mulher. Após muitas discussões emocionais, os pais de Florence finalmente concordaram e permitiram que ela fosse tutorada em matemática. Entre estes tutores estava Sylvester que desenvolveu a teoria dos invariantes com Cayley. Foi dito que Florence foi a melhor aluna que Sylvester teve. As aulas incluíam assuntos como Aritmética, Geometria e Álgebra e antes dela ter feito enfermagem ela passou um tempo dando aulas para crianças sobre estes assuntos.

O interesse de Nightingale por Matemática foi além da matéria em si. Uma das pessoas que mais a influenciou foi o cientista Belga Quetelet. Ele aplicou métodos estatísticos a dados de vários campos, incluindo estatísticas morais e ciências sociais.

A religião desempenhou um papel importante na sua vida. Sua visão não dogmática da religião, pouco comum no seu tempo, foi fruto da educação liberal que ela teve em casa. Embora seus pais fossem da religião Unitária, sua mãe achou preferível que suas filhas crescessem como membros da igreja da Inglaterra. Em 07 de fevereiro de 1837 ela achou que ouviu o chamado de Deus, enquanto caminhava no jardim em Embley, embora, nesta época, ela não entendeu o que o chamado significava.

Florence desenvolveu um interesse por assuntos sociais fora do tempo, mas em 1845 sua família estava firmemente contra a sugestão dela de ganhar experiência em um hospital. Até então as únicas tarefas de enfermagem que ela tinha feito era cuidar de amigos e parentes doentes. Durante esta época a enfermagem não era tido como uma profissão apropriada para uma moça bem educada. As enfermeiras desta época além de não ter treinamento tinham a reputação de serem vulgares, ignorantes e dadas a promiscuidade e bebedeiras.

Foi enquanto fazia uma viagem pela Europa e Egito com amigos da família, em 1849, que surgiu a oportunidade de estudar os diferentes sistemas hospitalares. No inicio dos anos 1850 iniciou seu treinamento como enfermeira do Instituto São Vicente de Paula em Alexandria, Egito, que era um hospital da igreja Católica Romana. Em julho de 1850 ela visitou os hospital Pastor Theodor Flidner em Kaiserwerth, perto de Dussledorf. Ela retornou a Kaiserwerth, em 1851, para fazer um treinamento de três meses no Instituto para Diaconesas Protestantes e da Alemanha ela seguiu para o hospital St. Germain, próximo de Paris, que era dirigido pelas Irmãs da Piedade. Ao retornar a Londres, em 1853, aceitou o cargo, sem pagamento, de Superintendente no "Estabelecimentos para Senhoras Enfermas" no número um da rua Harley.

Em março de 1854 iniciou a guerra da Criméia, com a Inglaterra, França e Turquia declarando guerra a Rússia. Embora os Russos tenham sido derrotados na batalha de Alma River, em 20 de setembro de 1854, o jornal The Times criticou as instalações hospitalares britânicas. Em resposta as estas críticas, seu amigo Sidney Herbert, Secretário Britânico para a Guerra, solicitou, por carta, que Florence se tornasse uma enfermeira administradora para supervisionar a introdução de enfermeiras nos hospitais militares. Seu título oficial era "Superintendente do estabelecimento de mulheres enfermeiras dos hospitais gerais ingleses na Turquia". Florence chegou a Scutari, um subúrbio asiático de Constantinopla (hoje Istambul), com 38 enfermeiras em 04 de novembro de 1854 [obituário]:

... her zeal, her devotion, and her perseverance would yield to no rebuff and to no difficulty. She went steadily and unwearyingly about her work with a judgement, a self-sacrifice, a courage, a tender sympathy, and withal a quiet and unostentatious demeanour that won the hearts of all who were not prevented by official prejudices from appreciating the nobility of her work and character.

O fato de ser mulher significava que tinha que lutar com as autoridades militares a cada passo para levar a cabo o propósito de reformar o sistema hospitalar. Com condições como soldados deitados no chão bruto, rodeados por insetos e ratos e operações sendo efetuadas em condições anti-higiênicas, não foi surpresa que quando ela chegou a Scutari, doenças como cólera, tifo fossem comuns nos hospitais. Isto significava que soldados feridos tinham sete vezes mais chances de morrer de uma doença hospitalar do que no campo de batalha. Enquanto esteve na Turquia ela coletou dados e organizou um sistema de manutenção de registros que utilizou como uma ferramenta para melhorar as condições dos hospitais civis e militares.

Seu conhecimento matemático foi útil para se valer das informações coletadas para o cálculo das taxas de mortalidade nos hospitais. Estes cálculos mostravam que uma melhoria nas condições sanitárias resultaria num decréscimo no número de mortes. Já em fevereiro de 1855 as taxas de mortalidade caíram de 60% pra 42,7%. Através do estabelecimento do suprimento de água fresca bem como da utilização de fundos próprios para comprar frutas, vegetais e equipamentos hospitalares, a taxa de mortalidade na primavera caiu para 2,2%.

Nightingale utilizou os dados estatísticos para criar o diagrama de área polar ou "coxcombs" (cristas) como ela o chamava. Eles eram utilizados para representar graficamente as taxas de mortalidade durante a guerra da Criméia (1854-56).

A área de cada fatia colorida, medida do centro como um ponto comum, está na proporção da estatística que ela representa. A fatia azul externa representa as mortes:

... por doenças contagiosas (mitigáveis)

tais como a cólera e o tifo. A parte vermelha central mostra as mortes por ferimentos. As partes pretas interiores representam mortes por outras causas. As mortes nos hospitais de campo britânicos atingiram o pico em janeiro de 1855, quando 2761 soldados morreram de doenças contagiosas, 83 de ferimentos e 324 de outras causas perfazendo um total de 3168. A média de soldados na batalha para aquele mês foi de 32393. Utilizando esta informação, Florence calculou uma taxa de mortalidade de 1174 por 1000 com 1023 por 1000 sendo de doenças mitigáveis. Se esta taxa continuasse e as tropas não fossem repostas freqüentemente, então apenas as doenças matariam todo o exército britânico na Criméia.

As condições anti-sanitárias, entretanto, não estavam limitadas aos hospitais de campo. No retorno a Londres, em agosto de 1856, quatro meses após a assinatura do tratado de paz, Florence descobriu que os soldados durante os tempos de paz, com idades variando de 20 a 35 anos, tinham uma taxa de mortalidade que era o dobro da dos civis. Utilizando, estas estatísticas, ela mostrou a necessidade de uma reforma nas condições sanitárias de todos os hospitais militares.

Com a divulgação do caso, ela ganhou a atenção da rainha Vitória e do príncipe Albert bem como do primeiro ministro, Lorde Palmerston. Seu desejo, por uma investigação formal, foi atendido em maio de 1857 e levou ao estabelecimento da Comissão Real Sobre a Saúde nas Forças Armadas. Sem chamar a atenção pública ela voltou sua atenção para as forças militares estacionas na Índia. Em 1858, por suas contribuições para as forças armadas e para a estatística hospitalar Florence tornou-se a primeira mulher a ser eleita membro da Sociedade Estatística Real.

Em 1860, a Escola de Treinamento Nightingale e a Casa das Enfermeiras baseadas no hospital St. Thomas em Londres, tiveram início com 10 estudantes. Elas foram financiadas pelo Fundos Nightingale, um fundo de contribuições públicas formado durante o tempo em que esteve na Criméia onde arrecadou um total de £50000. As instituições foram baseadas em dois princípios. Primeiro que as enfermeiras deveriam ter treinamento prático em hospitais especialmente organizados para este fim.

Segundo que as enfermeiras deveriam viver em uma casa baseada em princípios morais e de disciplina. Devido a fundação desta escola Nightingale conseguiu com que a enfermagem passasse de um passado desprestigiado para uma carreira responsável e respeitável para mulheres. Nightingale prestou, por solicitação do gabinete de guerra britânico assessoria sobre cuidados médicos para as forças armadas no Canadá e foi também consultora do governo americano sobre saúde militar durante a guerra civil americana.

Por uma boa parte do resto da sua vida Nightingale esteve acamada devido a uma doença contraída na Criméia, que a impossibilitou continuar seu trabalho como enfermeira. Esta doença, entretanto, não a impediu de continuar fazendo campanha para a melhora dos padrões de saúde. Ela publicou cerca de 200 livros, relatórios e panfletos. Uma destas publicações foi um livro de 1860, intitulado

Notes on Nursing (Notas sobre Enfermagem). Este foi o primeiro livro texto publicado especificamente para a utilização no ensino de enfermagem e foi traduzido para muitas línguas. Outras publicações incluem Notes on Hospitals (Notas sobre Hospitais), de 1859 e Notes on Nursing for the Labouring Classes (Notas sobre Enfermagem para as Classes Trabalhadoras), de 1861. Florence Nightingale acreditava profundamente que o seu trabalho foi um chamado de Deus. Em 1874 ela tornou-se membro honorário da ASA (Associação Estatística Americana) e em 1883 a rainha Vitória a condecorou com a Cruz Vermelha Real por seu trabalho. Ela foi, também, a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito de Edward VII em 1907.

Nightingale faleceu em 13 de agosto de 1910 aos 90 anos de idade. Ela foi enterrada na Igreja St. Margaret, East Wellow, próximo ao parque Embley. Ela nunca se casou, embora não tenha sido por falta de oportunidade. Ela acreditava, no entanto, que Deus tinha:

... claramente sinalizado que ela seria uma mulher solteira.

O monumento Criméia, erigido em 1915, em Waterloo, Londres, foi executado em homenagem a contribuição que Florence Nightingale fez por esta guerra e pela saúdes dos soltados que nela tomaram parte.

(Tradução livre do artigo de: John J. O'Connor e Edmund F. Robertson)

http://www.pucrs.br/famat/statweb/historia/daestatistica/biografias/Nigthingale.htm

Foto: http://media-2.web.britannica.com/eb-media/45/8545-004-DB630AA5.jpg
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Eluana decidiu ficar na nossa memória


«Óbito foi às 19h10, anunciou ministro
Eluana, a mulher em coma há 17 anos, está morta
09.02.2009 - 19h50 Agências, PÚBLICO
Eluana Englaro, a mulher italiana de 38 anos há dois anos em estado vegetativo persistente, morreu segunda-feira, às 19h10 (hora de Lisboa), anunciou o ministro da Saúde Maurizio Sacconi aos senadores italianos. Não era alimentada há quatro dias, seguindo a ordem judicial para desligar os meios que a mantinham presa à vida.

Os pais de Eluana não estavam presentes na clínica. O pai Reppino Englano, que foi imediatamente avisado por telefone pelos médicos da clínica, encontrava-se noutra cidade, para amanhã participar num protesto.“ Sim, deixou-nos. Mas não quero dizer nada, quero estar só”, disse o pai de Eluana ao ser contactado pelos jornalistas. Segundo a edição on-line jornal "La Repubblica", estava muito emocionado.
A confirmação da morte de Eluana foi anunciada às 20h27 pela presidente da clínica, Inês Domenicali.

“Que o Senhor perdoe a quem a fez chegar a este ponto”, comentou o ministro da Saúde do Vaticano, o cardeal Javier Lozano Barragan.

Centenas de pessoas vão reunir-se esta noite frente da Clínica onde, há vários dias, se encontravam cerca de 200 militantes do movimento “Pela vida”, numa vigília de oração.

A notícia da morte de Eluana suscitou reacções imediatas dos políticos italianos. O primeiro-ministro Sílvio Berlusconi exprimiu “a sua dor profunda” e um “grande arrependimento”, por não ter sido possível salvar a vida de Eluana.

“Este é um caso de eutanásia que não está previsto na lei. É visto como um sucesso na clínica La Quiete mas deveria chamar-se morte”, disse o presidente do senado Maurizio Gasparri.

A polémica começou em Novembro, quando, depois de um processo que se arrastava há dez anos, o tribunal decidiu autorizar a suspensão de alimentação da doente, para que pudesse morrer. Ao tomar conhecimento da decisão judicial, Sílvio Berlusconi apressou a aprovação de um decreto de lei, na sexta-feira passada, que proibisse a suspensão da alimentação de pessoas em coma.

A aprovação do decreto chegou três dias depois de, em respeito pela decisão judicial favorável à morte por eutanásia, ter sido suspensa a alimentação de Eluana Englaro.

Embora a lei tenha sido alterada, a morte de Eluana Englaro deu-se em conformidade com os prazos da decisão judicial.»

http://ultimahora.publico.pt/noticia.aspx?id=1364556&idCanal=62
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