MOSQUITOS Não há vacina para prevenir a infeção,
nem medicamentos para combater os efeitos do vírus zika, transmitido pelo Aedes
Aegypti
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O pânico mundial com o zika alastra com o crescimento
do número de vítimas do vírus. Em Portugal ainda só se conhecem quatro casos,
mas o alerta é total, sobretudo na Madeira, onde o mosquito já foi encontrado.
No Brasil já se confirmaram cerca de quatro mil situações de bebés nascidos com
microcefalia, ou seja, com o perímetro cerebral inferior ao normal (32
centímetros), devido a este vírus
expresso.sapo.pt/sociedade
O vírus zika chegou aos Estados Unidos. E à
Espanha. E a Israel. E ao Reino Unido. E a Cabo Verde... E a Portugal. E este é
apenas o princípio de um pesadelo que vem com um mosquito de menos de um
centímetro de comprimento, o Aedes Aegypti. E para completar o cenário negro de
dimensões mundiais, um alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) assumiu o
que já se suspeitava: uma pessoa infetada pode transmitir o zika através do
sangue ou do sémen.
A OMS revelou ontem que está a ser analisado um
caso de transmissão do vírus zika por contacto sexual, embora não tenham sido
anunciados os detalhes nem de quando nem de onde esse caso terá ocorrido. “O
zika já foi isolado em sémen humano e descrito um possível caso de transmissão
sexual de pessoa para pessoa”, refere o comunicado da autoridade de saúde.
Ainda não foram, contudo, divulgadas situações de transmissão da infeção
através do leite materno.
Em 2011, um estudo publicado na revista
científica “Emerging Infectious Diseases” relatou o caso de um cientista
americano que, ao regressar do Senegal, em 2008, altura em que o país africano
se debatia com um surto de zika, desenvolveu sintomas da infeção depois de ter
chegado a casa, no estado do Colorado. A sua mulher, que nunca saíra dos
Estados Unidos, também foi infetada, manifestando desta forma a possibilidade
da transmissão por via sexual.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, afirmou
ontem em Genebra que, “apesar de uma ligação causal entre a infeção por zika na
gravidez e a microcefalia não ter sido estabelecida, a evidência circunstancial
é sugestiva e extremamente preocupante”.
A OMS alerta que, no continente americano,
apenas o Canadá e o Chile poderão escapar à epidemia de zika. O Brasil é o país
mais afetado pelo surto, com 49 óbitos em investigação - seis dos quais
confirmados - e quatro mil recém-nascidos com microcefalia, a mais temida
consequência do zika, que acarreta malformações neurológicas nos
recém-nascidos. Com o Carnaval à porta e com os Jogos Olímpicos a aproximar-se
a toda a velocidade, o Brasil está a transformar-se num destino a evitar.
MAIS MISTERIOSOS DO QUE O ÉBOLA
Na esmagadora maioria (entre 60 e 80%) das
pessoas infetadas, não há sintomas. E, quando há, a febre causada pelo vírus
zika não é alta, as dores no corpo e de cabeça são suportáveis, mas o medo é
quando uma grávida é infetada. Neste caso, as consequências podem ser nefastas.
No Brasil, já se confirmaram cerca de quatro mil situações de bebés nascidos
com microcefalia, ou seja com o perímetro cerebral inferior ao normal (32
centímetros), e com consequências sérias de desenvolvimento cognitivo e motor.
A organização olímpica britânica já começou a
preparar os seus atletas para evitarem as picadas dos mosquitos e as autoridade
municipais do Rio de Janeiro, onde vão decorrer as Olimpíadas a partir de 5 de
agosto, garantem que as ações de combate serão intensificadas. Mas as certezas
são raras. “Sabemos menos do vírus zika do que sabemos do Ébola, não sabemos
como é transmitido nem como o combater”, garante Trudie Lang, coordenadora da
Global Health Research, uma das maiores redes de investigação científica do
mundo.
Numa semana, o número de casos nos Estados
Unidos passou de um para oito. Já foi registado no Havai o primeiro bebé
nascido com malformação neurológica. Todos os casos foram importados, de
pessoas que tinham estado na América Latina. Em El Salvador, as autoridades
chegaram ao inimaginável de recomendar que as mulheres não engravidem durante
dois anos. Há 23 países afetados e que já mereceram o selo de destinos
desaconselhados a mulheres grávidas por parte das autoridades de saúde
norte-americanas.
Não há vacina para prevenir a infeção nem
qualquer medicamento para combater os efeitos do vírus. A única forma de
proteção é tentar não ser picado, nem infetado através de transfusões de sangue
ou de uma relação sexual. Os números de infetados não para de aumentar e a
certeza é de que a epidemia de zika chegou para ficar. Até que se consiga
erradicar o agente transmissor, o Aedes Aegpyti, o mesmo que, no início do
século XX, atemorizava populações ao transmitir a febre amarela.