domingo, 16 de junho de 2013

Reconhecer as pessoas pelos seus méritos e capacidades


A Dra. Cecile Kyenge, 46 anos, nasceu na R. D. Congo, filha de um polígamo (4 esposas e 39 filhos), especializada em medicina e cirurgia na Universidade Católica de Roma, é actualmente a Ministra para a integração no mais recente Governo da Itália.
A sua nomeação está a causar alguns dissabores e rangeres de dentes no seio daquela Itália racista e xenófoba, incapaz de entender a necessidade de 'respeitar quem é e pensa diferente'. Por exemplo, foi criada uma página no Facebook só mesmo para insulta-la.
O mais grave ainda e vergonhoso saiu da boca de um politico italiano quando disse que: "Cecilie ficaria melhor como criada de casa", porque doutra forma "contaminaria a Itália com as suas tradições tribais".
Obviamente, estes insultos e demonstrações de intolerância não preocupam a 'ministra Negra'. Alias, ela traz consigo um passado nada leve: já foi clandestina, teve que trabalhar duramente para pagar os seus estudos e, mesmo terminando a faculdade de medicina com notas altas (o que era raro na Itália de então para uma estrangeira) teve serias dificuldades pata ser empregada como oftalmologista, que é a sua especialidade.
Hoje, o maior objectivo de Cecilie é 'fazer crer e incentivar as novas gerações de jovens imigrantes e seus filhos que tudo é possível. O importante é o espírito de dedicação, mérito, capacidade, competência, perseverança e sem complexos'. E nessa campanha de sensibilização quer contar com um grande aliado: Mário Balottelli, um dos melhores futebolistas italianos, Negro, que actualmente joga no AC Millan e faz parte da selecção tricolore.
Cecilie não quer se pronunciar sobre a Itália racista, porque não lhe interessa. A Itália que a ela interessa é a que aplaude jogadores como Balottelli ou Ogbonna.
Essa sim, "é a Itália que existe"!
In Domingos Das Neves. Facebook

quarta-feira, 12 de junho de 2013

"As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis"


O Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes farmacêuticas dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios económicos à saúde, e detendo o progresso científico na cura de doenças, porque a cura não é tão rentável quanto a cronicidade.

www.esquerda.ne
Há poucos dias, foi revelado que as grandes empresas farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a médicos que promovam os seus medicamentos. Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prémio Nobel Richard J. Roberts, que diz que os medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos cronificadores que sejam consumidos de forma serializada. Isto, diz Roberts, faz também com que alguns medicamentos que poderiam curar uma doença não sejam investigados. E pergunta-se até que ponto é válido e ético que a indústria da saúde se reja pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista, que chega a assemelhar-se ao da máfia.
A investigação pode ser planeada?
Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pelas Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projectos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia trabalhar dez anos para que nos pudessem surpreender.
Parece uma boa política.
Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos resultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada ...
E não é assim?
Muitas vezes as descobertas mais rentáveis foram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu trabalho.
Como nasceu?
A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixonadas começaram a perguntar-se se poderiam clonar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los.
Uma aventura.
Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o cancro em 1971.
Foi cientificamente produtivo?
Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha directamente contra o cancro, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida.
O que descobriu?
Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de introns no DNA eucariótico e o mecanismo de gen splicing (manipulação genética).
Para que serviu?
Essa descoberta ajudou a entender como funciona o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indirecta com o cancro.
Que modelo de investigação lhe parece mais eficaz, o norte-americano ou o europeu?
É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é activo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espectacular da indústria informática, em que o dinheiro privado financia a investigação básica e aplicada. Mas quanto à indústria de saúde... Eu tenho as minhas reservas.
Entendo.
A investigação sobre a saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sempre é bom para as pessoas.
Explique.
A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais ...
Como qualquer outra indústria.
É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres humanos.
Mas se eles são rentáveis investigarão melhor.
Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos.
Por exemplo...
Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doença ...
E por que pararam de investigar?
Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crónica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de tomar a medicação.
É uma acusação grave.
Mas é habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em linhas de investigação não para curar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentáveis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise financeira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo.
Há dividendos que matam.
É por isso que lhe dizia que a saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos.
Um exemplo de tais abusos?
Deixou de se investigar antibióticos por serem demasiado eficazes e curarem completamente. Como não se têm desenvolvido novos antibióticos, os microorganismos infecciosos tornaram-se resistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas.
Não fala sobre o Terceiro Mundo?
Esse é outro capítulo triste: quase não se investigam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Primeiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado.
Os políticos não intervêm?
Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, compram os eleitos.
Há de tudo.
Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêuticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras…
18 de Junho, 2011
Publicado originalmente no La Vanguardia. Retirado de Outra Política
Tradução de Ana Bárbara Pedrosa para o Esquerda.net
Imagem: Richard J. Roberts: "É habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em investigação não para curar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores". Foto de Wally Hartshorn


segunda-feira, 10 de junho de 2013

De luto porque o Hospital Militar de Luanda se recusou a receber o doente,


ESTOU DE LUTO

De luto porque o meu parente partiu para junto de Deus
De luto porque morreu sem qualquer assistência médica,
De luto porque no Kuito terra para onde teve que partir não existe farmácias com medicamentos, e assistência especializada
De luto porque o Hospital Militar de Luanda se recusou a receber o doente,
De luto por todos os Angolanos que neste momento vivem situações semelhantes
De luto por perceber que a única pessoa com poder de transformar a realidade dos hospitais e escolas dizer que nós Angolanos temos assistência médica garantida e que todos os esforços tem sido feitos nesse sentido.
De luto porque temos uma sociedade cobarde, capaz de se indignar por meros segundos ESCONDIDOS ATRÁS DE UM COMPUTADOR, mas totalmente incapaz de estar juntos para fazer a luta que é necessário fazer.

ESTOU DE LUTO, SÓ ISSO.
In Aléxia Gamito. Facebook