Por Marta F. Reis
Margarida nasceu prematura no Dubai, onde os pais
estão imigrados. Lutou durante 19 dias e ajudou a tornar a lei mais protectora
das famílias
Nasceu com 430 gramas e 27 centímetros e lutou 19 dias
numa incubadora no Dubai. Gui, como ficou conhecida a pequena Margarida
Queiroz, nunca saiu do hospital mas a sua história emocionou o país. O
nascimento prematuro às 25 semanas e a necessidade de cuidados deixou a família
imigrada nos Emirados Árabes Unidos sem saber como fazer frente às despesas no
hospital, que não estão cobertas pelos seguros de saúde, a única forma de os
emigrantes terem acesso aos serviços de saúde pagando menos.
O pedido de ajuda nas redes sociais mobilizou as
autoridades portuguesas, que se disponibilizaram a transportar a criança para
Portugal logo que isso fosse possível. E mais de 100 mil pessoas acompanharam
diariamente a luta de Gui e dos pais Eugénia (Genny) e Gonçalo no Facebook,
entre elas Cristiano Ronaldo, que fez questão de publicar na sua página o apelo
da família.
Durante duas semanas, a dor dos pais conheceu pequenas alegrias, com o aumento de peso de Gui e as poucas vezes que a mãe lhe pode pegar. Mas apesar de todo o apoio Margarida acabou por não resistir e morreu a 16 de Novembro.
Durante duas semanas, a dor dos pais conheceu pequenas alegrias, com o aumento de peso de Gui e as poucas vezes que a mãe lhe pode pegar. Mas apesar de todo o apoio Margarida acabou por não resistir e morreu a 16 de Novembro.
A família recebeu mais de 7500 transferências de
conhecidos e muitos desconhecidos e angariou mais de 60 mil euros. No início de
Dezembro, Eugénia e Gonçalo informaram que os donativos provenientes de
Portugal que sobrarem depois de pagarem todas as despesas médicas da Unidade de
Cuidados Intensivos Neonatais do hospital público central do Dubai serão doados
à Maternidade Alfredo da Costa e à associação de apoio a prematuros XXS. Já os
donativos que o casal recebeu no Dubai serão entregues a uma igreja local.
Numa mensagem no Facebook, a família mostrou-se
sensibilizada por toda a ajuda mas também pelo facto de a sua filha ter
contribuído para tornar a lei do Dubai mais amiga das famílias nestas
situações, uma marca da “guerreira” Gui que ficará para o futuro. “Talvez seja
o destino, talvez seja a vontade de Deus, que a Margarida nascesse no Dubai na
situação que foi”, escreveu a mãe. No início de Dezembro, menos de duas semanas
depois da morte de Margarida e quando já tinha havido um caso semelhante com um
casal indiano em Agosto, o responsável da Autoridade de Saúde do Dubai anunciou
que a partir de 2016 o seguro mínimo obrigatório, que tem de ser garantido pelas
empresas, passará a ter de cobrir despesas de maternidade incluindo os
primeiros 30 dias dos recém--nascidos, para situações como as de Margarida, em
que os os bebés precisam de cuidados neonatais.
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