"New York Times" mostra a
realidade dos serviços de saúde de Angola, o país do mundo com um índice mais
elevado de óbitos entre crianças. E liga os números devastadores à corrupção.
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=191617
Tudo começa com uma mãe e uma avó que
vêem morrer em frente aos seus olhos o seu menino. É José. O hospital é
impecável, pelo menos nas infra-estruturas e limpeza. Mas, como em tantos
outros que mais à frente descobrimos nareportagem
de dez minutos do "New York Times", faltam médicos e
enfermeiros.
Há 60 mil crianças que morrem todos os
dias no mundo. Mas em nenhum país morrem mais crianças do que em Angola.
"Ainda assim o governo decidiu cortar os custos com a saúde em 30%",
alerta o jornalista Nicholas Kristof que, juntamente com Adam B. Ellick, assina
o trabalho do jornal norte-americano.
Os jornalistas do "New York
Times" apontam a corrupção como o factor que espoleta esta tragédia
humanitária em Angola e mostram imagens das festas do centro da capital Luanda
em que Porsche e Jaguar são meio de transporte habituais e o
champanhe é rei nos balcões dos bares.
O jornal norte-americano descreve um
país de muitas e profundas desigualdades, em que o petróleo e os diamantes
deviam ser mais do que suficientes para evitar a morte de crianças.
Kristof diz que a maior parte dos casos
de morte de menores eram possíveis de prevenir e no texto introdutório da
reportagem afirma que nunca mais poderá fazer outro trabalho igual naquele país
africano.
"Angola naturalmente não recebe bem
os jornalistas. Demorei cinco anos até conseguir um visto para entrar em
Angola, e depois desta reportagem duvido que mais alguma vez consiga entrar no
país enquanto este regime estiver no poder", avança o jornalista.
Ristof descreve que o que mais o
impressionou foram os momentos que viveu "na Angola fora das cidades"
em que as pessoas não têm acesso a médicos ou a dentistas.
"É especialmente devastador ver
crianças a sofrer por não terem tratamento médico e que não podem sequer ir à
escola. Ou então conhecer uma mãe que já perdeu dez filhos, e isso é
especialmente enfurecedor quando estamos a falar de um país tão rico",
pode ler-se.
Nicholas Kristof pediu entrevistas ao
Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e à filha, Isabel dos Santos, mas
ambos recusaram.
Este é já o segundo
trabalho que o jornalista publica sobre Angola este ano.
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