sábado, 26 de novembro de 2011

Nos países subdesenvolvidos. Perto de 80% da população depende da medicina tradicional para cuidados de saúde



Maputo (Canalmoz) - A maioria da população dos países subdesenvolvidos – perto de 80% – depende da medicina tradicional para as suas necessidades em termos de cuidados primários de saúde. Os dados foram revelados pelo representante da Organização Mundial da Saúde em Moçambique, Abdou Moha, falando ontem no segundo dia da realização da Conferência Internacional de Etnobotânica que amanhã termina.
Moha voltou a reforçar a necessidade de os países em via de desenvolvimento preservarem cada vez mais as suas florestas, uma vez que a sua população depende destas para extrair plantas usadas para curar doenças nas comunidades. Lemboru que Moçambique é um dos países onde a maioria da população, sobretudo das zonas rurais, por falta de hospitais ou postos de saúde, recorre ao uso de plantas medicinais para curar doenças pelo que a exigência da preservação das plantas é indispensável.
Moha acrescentou que o valor das plantas é preponderante na vida humana, pelo facto de mais de 2/3 das espécies de plantas do mundo terem um valor medicinal, e 25 a 50% dos medicamentos modernos serem derivados dessas plantas.
O representante da OMS alerta ainda para o dever de uso racional dessas plantas para evitar casos de mortes por intoxicação no uso de algumas plantas consideradas perigosas. No entanto, segundo a fonte, é da responsabilidade dos Estados Africanos, através de cientistas, trabalharem junto com as comunidades no sentido de fazer perceber e identificar as plantas que possam ter efeitos colaterais.

Uso abusivo de “moringa” preocupa autoridades moçambicanas

Foi constatado pelas autoridades de saúde e pelo Centro de Investigação de Etnobotânica, que em Moçambique há uso abusivo da planta que se designa por “moringa”. A população de diversas camadas sociais, de limitados recursos económicos, usa a “moringa” para diversos fins “de forma não apropriada”. Esta situação preocupa as autoridades científicas de Moçambique, dado que “há registos de pessoas que dão entrada nos hospitais nacionais devido a efeitos colaterais desta planta”. No entanto, segundo Adelaide Agostinho, directora-geral do Centro de Investigação de Etnobotânica, está a decorrer uma investigação para apurar os níveis de intoxicação que a planta (moringa) pode causar nos indivíduos. Portanto, segundo ela, só no próximo ano é que a investigação estará concluída. Mas enquanto não se concluir a investigação, as populações estão sujeitas a riscos caso usem abusivamente a referida planta.
A “moringa” é uma planta cujas folhas têm um alto conteúdo de proteína (27%), e são ricas em vitaminas “A” e “C”, cálcio, ferro e fósforo. (António Frades)
Imagem: Dia da Medicina Tradicional Africana: Mensagem do Director Regional da OMS ... Dr. Luis Gomes Sambo. un.cv

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Representante da Organização Mundial da Saúde. Países africanos desvalorizam plantas medicinais



– revelou, ontem, Abdou Moha, representante da Organização Mundial da Saúde, falando na abertura da 1ª Conferência Internacional de Etnobotânica

Apenas 13 países já adoptaram políticas nacionais de conservação de plantas medicinais

Maputo (Canalmoz) - Grande parte de países africanos não está a dar o devido valor às plantas medicinais, apesar da importância que estas desempenham na cura de diversas doenças. Esta situação é notória pelo facto de em muitos países africanos não existir ainda legislação para a conservação sustentável das plantas, sobretudo aquelas com valor medicinal, o que faz com que muitas plantas do género se encontrem em ameaça de extinção. Esta afirmação foi revelada ontem por Abdou Moha, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), que falava no âmbito do arranque da 1ª Conferência Internacional de Etnobotânica, que decorre em Maputo até dia 25 deste mês.
O representante da OMS reconheceu que, embora seja em números ínfimos, existem países africanos que já adoptaram algumas políticas de conservação das plantas medicinais, sob recomendação da Organização Mundial da Saúde.
Moha defende que é preciso que os países africanos incentivem o sector privado a investir na investigação e na formação de pessoal em medicina tradicional, assim como no cultivo e na preservação das plantas medicinais. Alega ser prioritário incentivar África a enveredar pela preservação das suas florestas ricas em plantas com valor medicinal.
Por seu turno, Maria da Luz Guebuza, patrona desta 1ª Conferência Internacional de Etnobotânica, reconheceu que o país vive numa era conturbada sob ponto de vista ambiental. No entanto, segundo ela, a realização desta conferência traduz um compromisso permanente de se preservar o meio ambiente, sobretudo as florestas africanas.

O país regista exportação ilegal de plantas medicinais em larga escala

“A demanda mundial de plantas medicinais está a aumentar nos mercados fitoterapêuticos internacionais. Em consequência disso, Moçambique regista cada vez mais um elevado índice de exportação ilegal de plantas com valor medicinal, gerando margens de lucros que pouco ou em nada beneficiam ao Estado. Esta situação acontece devido à falta de mecanismos eficazes de controlo de aproveitamento dessas plantas”, revelou Venâncio Massingue na mesma conferência. (António Frades)

Há aldeias onde morre muitas crianças por falta um atendimento básico de saúde” – disse o pastor.


NO MOXICO ESPERA-SE ATÉ MORRER QUANDO ALGUÉM ADOECE, SEGUNDO DOM TIRSO BLANCO
O Bispo do Lwena apelou recentemente para a " caridade prática" no e o envolvimento de todos em acções para melhorar a qualidade de vida das pessoas no Moxico.
O Prelado emitiu o apelo através da Rádio Renascença, face às difíceis condições de saúde na província.
Dom Tirso Blanco citou a falta de estruturas de atendimento médico e quadros do sector como a causa de tantas mortes, principalmente de crianças.

“Há áreas quando alguém fica doente, a gente espera até morrer, não temos como fazer, há aldeias onde morre muitas crianças por falta um atendimento básico de saúde” – disse o pastor.

Apelou para a participação sobretudo das comunidades cristãs em situações que requerem solidariedade colectiva.

Dom Tirso Blanco exortou ainda para a criação de um “movimento a favor da caridade prática, exercida com todas as forças, iniciativas e criatividade”.
A província do Moxico é a maior do país, com 223.033 quilómetros quadrados. A sua reconstrução e estruturação constituem o grande desafio das autoridades, num esforço ainda insuficiente para cobrir o vasto território que foi um dos principais palcos da guerra civil angolana.

http://apostolado-angola.org

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Stédile: Todos os dias o povo come veneno - fev.2011



O tema tem imensa importância, e é objeto tanto de denúncias como de amplas campanhas de propaganda para negar qualquer problema, por parte das empresas, na linha do chamado negacionismo. Na área da indústria farmacêutica ocorre fenômeno semelhantes (veja neste site, em Dicas de Leitura, a resenha do livro de Márcia Angell sobre a indústria farmacêutica). Brincar com química realmente não é brincadeira, e o ritmo de introdução de novos produtos químicos sem precauções está por trás tanto de boa parte da expansão do câncer como de outras contaminações. Primavera Silenciosa foi o primeiro livro que abriu os nossos olhos sobre a contaminação química, e hoje, com a mortandade mundial das abelhas, por exemplo, os resíduos de antibióticos e de hormônios na carne que comemos, de conservantes químicos de tantos produtos, trata-se de um dos eixos críticos de um processo descontrolado, pela fragilidade dos órgãos reguladores frente às corporações, que constituem um pequeno grupo mundial tanto na área farmacêutica como na dos agrotóxicos. A nota do Stédile é forte, mas embasada, e vale a pena acompanhar a crescente literatura mundial sobre o tema. (L. Dowbor)

Todos os dias o povo come veneno. Quem são os responsáveis?
João Pedro Stédile
no Adital
29.11.10
O Brasil se transformou desde 2007, no maior consumidor mundial de venenos agrícolas. E na ultima safra as empresas produtoras venderam nada menos do que um bilhão de litros de venenos agrícolas. Isso representa uma media anual de 6 litros por pessoa ou 150 litros por hectare cultivado. Uma vergonha. Um indicador incomparável com a situação de nenhum outro país ou agricultura.
Há um oligopólio de produção por parte de algumas empresas transnacionais que controlam toda a produção e estimulam seu uso, como a Bayer, a Basf, Syngenta, Monsanto, Du Pont, Shell química etc.
O Brasil possui a terceira maior frota mundial de aviões de pulverização agrícola. Somente esse ano foram treinados 716 novos pilotos. E a pulverização aérea é a mais contaminadora e comprometedora para toda a população.
Há diversos produtos sendo usados no Brasil que já estão proibidos nos países de suas matrizes. A ANVISA conseguiu proibir o uso de um determinado veneno agrícola. Mas as empresas ganharam uma liminar no “neutral poder judiciário” brasileiro, que autorizou a retirada durante o prazo de três anos… e quem será o responsável pelas conseqüências do uso durante esses três anos? Na minha opinião é esse Juiz irresponsável que autorizou na verdade as empresas desovarem seus estoques.
Os fazendeiros do agronegócio usam e abusam dos venenos, como única forma que tem de manter sua matriz na base do monocultivo e sem usar mão-de-obra. Um dos venenos mais usados é o secante, que é aplicado no final da safra para matar as próprias plantas e assim eles podem colher com as maquinas num mesmo período. Pois bem esse veneno secante vai para atmosfera e depois retorna com a chuva, democraticamente atingindo toda população inclusive das cidades vizinhas.
O Dr. Vanderley Pignati da Universidade Federal do Mato Grosso tem várias pesquisas comprovando o aumento de aborto, e outras conseqüências na população que vive no ambiente dominado pelos venenos da soja.
Diversos pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade federal do Ceara já comprovaram o aumento do câncer, na população brasileira, conseqüência do aumento do uso de agrotóxicos.
A ANVISA -responsável pela vigilância sanitária de nosso país-, detectou e destruiu mais de 500 mil litros de venenos adulterados,somente esse ano, produzido por grandes empresas transnacionais. Ou seja, alem de aumentar o uso do veneno, eles falsificavam a fórmula autorizada, para deixar o veneno mais potente, e assim o agricultor se iludir ainda mais.
O Dr. Nascimento Sakano, consultor de saúde, da insuspeita revista CARAS escreveu em sua coluna, de que ocorrem anualmente ao redor de 20 mil casos de câncer de estomago no Brasil, a maioria conseqüente dos alimentos contaminados, e destes 12 mil vão a óbito.
Tudo isso vem acontecendo todos os dias. E ninguém diz nada. Talvez pelo conluio que existe das grandes empresas com o monopólio dos meios de comunicação. Ao contrário, a propaganda sistemática das empresas fabricantes que tem lucros astronômicos é de que, é impossível produzir sem venenos. Uma grande mentira. A humanidade se reproduziu ao longo de 10 milhões de anos, sem usar venenos. Estamos usando veneno, apenas depois da segunda guerra mundial, para cá, como uma adequação das fabricas de bombas químicas agora, para matar os vegetais e animais. Assim, o poder da Monsanto começou fabricando o Napalm e o agente laranja, usado largamente no Vietnam. E agora suas fabricas produzem o glifosato, que mata ervas, pequenos animais, contamina as águas e vai parar no seu estômago.
Esperamos que na próxima legislatura, com parlamentares mais progressistas e com novo governo, nos estados e a nível federal, consigamos pressão social suficiente, para proibir certos venenos, proibir o uso de aviação agrícola, proibir qualquer propaganda de veneno e responsabilizar as empresas por todas as conseqüências no meio ambiente e na saúde da população.
* Economista. Integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina Brasil
http://www.viomundo.com.br/denuncias/stedile-todos-os-dias-o-povo-come-veneno.html
http://dowbor.org

Dr. Drug Rep - Daniel Carlat. a mesma velha pílula em nova embalagem



Uma carta publicada no New Scientist de 29 de maio de 2010, por Joanna Jastrzebska, chamou a minha atenção: “Muitas vezes os mais recentes produtos produtos das empresas biomédicas são apenas a mesma velha pílula em nova embalagem, então precisam gastar bilhões de dólares em marketing, publicidade de lobbies para assegurar as vendas. A controversia em torno do Big Pharma (as grandes empresas farmacêuticas) inclui acusações de comportamento antiético em cada estágio do marketing dos seus produtos, de não relatar pesquisas que apresentaram resultados negativos, até publicidade pesada em revistas de medicina, financiamento de encontros educacionais para profissionais da saúde, sem mencionar o fato de “empurrar” doenças (disease-mongering)”. Joanna “acordou” para como são empurrados os medicamentos a partir da leitura de um artigo no New York Times, de 25 de novembro de 2007, escrito por Daniel Carlat, que tinha sido “conferencista” para a empresa farmacêutica Wyeth. Curioso, busquei o artigo, veja o link abaixo. Está em inglês, mas vale a pena, um excelente relato de experiência com empresas por parte de um médico psiquiatra. Aliás, é bom lembrar que a Pfizer está pagando a multa de 2,3 bilhões de dólares nos Estados Unidos, por propaganda enganosa (Pfizer’s 2.3 billion settlement with the US government over charges of illegal drug marketing, NS 1 May 2010). Veja o artigo:http://www.nytimes.com/2007/11/25/magazine/25memoir-t.html?pagewanted=1&_r=2
http://dowbor.org