terça-feira, 31 de julho de 2012

Alerta! Muitos ataques cardíacos não causam dores no peito


Dores súbitas no peito é o marco clássico de um ataque cardíaco. Mas um grande estudo mostra que muitas pessoas que são levadas para hospitais devido a ataques cardíacos nunca tiveram tais dores, e, como resultado, acabam não tratando o evento de maneira rápida.
As consequências podem ser especialmente mortais no caso de mulheres jovens ou de meia idade. Em um novo estudo, com 1,1 milhões de pessoas, surpreendentes 42% das mulheres admitidas em hospitais por ataques cardíacos nunca tiveram uma dor no peito. Elas também têm mais chance de morrer após um ataque; a taxa de mortalidade entre as mulheres, no estudo, foi de quase 15%, comparado a 10% entre os homens.
“O que vemos é que muitas das mulheres não têm a clássica apresentação de um ataque cardíaco”, afirma o médico John G. Canto, autor do estudo. “Então elas podem não reconhecer um ataque cardíaco, e possivelmente algumas dessas pacientes chegam tarde demais para os procedimentos de salvamento”.
Doenças cardíacas são a causa principal de mortes entre homens e mulheres em todo o mundo, matando cerca de sete milhões por ano. Até a década de 80, o ataque era considerado um problema principalmente masculino, e muitos estudos que focavam apenas em homens formaram um quadro típico, e estreito, dos sinais de um ataque cardíaco: dor no peito, falta de ar e dor radiante no pescoço, costas, mandíbula e braços.
Mas pesquisas melhores, desde então, mostraram que além das mulheres exibirem esses sintomas, elas também têm mais chances de mostrarem outros menos associados com um ataque, como distúrbios de sono e fadiga severa inexplicável nos dias e semanas anteriores, assim como suar frio, fraqueza e tontura durante o ataque.
No novo estudo, Canto e seus colegas usaram dados do registro nacional americano de pessoas admitidas em hospitais por ataques cardíacos, entre 1994 e 2006, para analisar as diferenças nos sintomas e níveis de mortalidade entre homens e mulheres.
As análises mostraram que as dores no peito são de fato o sintoma mais frequente de um ataque cardíaco, tanto em mulheres quanto em homens. Mas uma minoria considerável dos pacientes, cerca de 35% do total, nunca apresentou as dores.
Em mulheres com menos de 55 anos que tiveram ataques cardíacos, mas não apresentaram desconforto no peito, o risco de morte no hospital foi de duas a três vezes maior do que homens com a mesma idade e sintomas clássicos de ataque. Mas “a diferença declinou e quase desapareceu com o aumento de idade”, afirma Canto.
Ninguém sabe exatamente porque os sintomas de ataque cardíaco são diferentes entre homens e mulheres, mas Canto especula que muitos fatores podem estar envolvidos, incluindo hormônios. Muitas mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais, por exemplo, tendem a ter vasos sanguíneos e artérias mais “grudentos” do que homens.
“Nós também sabemos que entre as mulheres, especialmente as mais jovens que tiveram ataques cardíacos, o mecanismo de formação do coágulo sanguíneo no coração pode ser diferente do que entre homens jovens”, afirma.
Canto afirma que aqueles que estão tendo um ataque cardíaco, mas não sentem as dores no peito, podem não se dar conta do que está acontecendo, e quando se apresentam para um tratamento, o médico pode não considerar imediatamente a possibilidade de um ataque, principalmente no caso de mulheres. Como resultado, as chances de ir imediatamente para cirurgia ou outros procedimentos caem.
Para o médico Mario Garcia, da Associação Americana do Coração, a realidade é que muitos médicos tendem a não pensar que mulheres jovens tenham ataques cardíacos, e elas também não procuram tanta atenção médica nesse caso.
“Homens são rápidos para correr até um especialista”, afirma Garcia, que não esteve envolvido no estudo. “As mulheres se preocupam mais com o marido do que com elas mesmas”. [Telegraph]

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Circuitos neurais são criados em laboratório


O sistema nervoso detecta estímulos externos e internos, tanto físicos quanto químicos e desencadeia as respostas musculares e glandulares integrando o organismo com o ambiente.
Ele é formado, basicamente, por células nervosas – os neurônios – que se interconectam de forma específica formando os chamados circuitos neurais.
É através desses circuitos que o organismo é capaz de produzir respostas padronizadas, tais como os reflexos, ou então, produzir comportamentos variáveis e complexos de acordo com a aprendizagem estímulo-resposta através da propriedade denominada plasticidade neuronal.
NEURÔNIO
O neurônio é composto de três partes principais: um corpo celular, os dendritos e um axônio. São justamente os axônios e dendritos os responsáveis pelas ligações de célula a célula na composição dos referidos circuitos neuronais.
Cada neurônio componente dessa rede é uma célula eletricamente excitável que processa e transmite informações ao longo de todo o circuito.
Como os neurônios apresentam dimensões da ordem de milionésimos de milímetro o desafio associado à criação em laboratório de uma rede neural viva é muito grande. Principalmente quando se considera a necessidade do posicionamento de cada célula em locais pré-estabelecidos e a correta orientação do crescimento dos axônios para que as referidas sinapses ocorram.
Mas mesmo assim muitos pesquisadores vêm tentando recriar esse processo chave em laboratório por meio da manipulação de neurônios de ratos.
A PESQUISA
Foi publicado recentemente no Publishing’s Journal of Neural Engineering, o estudo, realizado por pesquisadores do Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST) preconizando uma técnica eficaz que não apenas propicia o crescimento dos axônios como também orienta esse crescimento culminando na construção de um circuito neuronal completo e funcional.
Coautor do estudo, o professor Yoonkey Nam, afirmou que: “Eventualmente, nós queremos saber da possibilidade de se projetar um modelo de tecido neural que imite biologicamente alguns circuitos neurais do nosso cérebro”.
Neste estudo, foi investigada a formação de neurônios e o crescimento dos axônios utilizando diversos tipos de micropadrões poligonais (matrizes micropoligonais) em substratos de cultura de células e sugeriu um princípio inovador de design para a orientação do crescimento do axônio in vitro.
Dez tipos diferentes de micropolígonos (círculo, triângulo, quadrado, pentágono, hexágono, estrelas e triângulos isósceles) foram impressas, como uma diminuta fôrma no tamanho da célula, em um substrato de cultura utilizando microimpressão de contacto com uma mistura de poli-L-lisina e laminina (uma cadeia peptídica sintética).
A princípio apenas 18 neurônios do hipocampo de ratos foram marcados com fluorescência e cultivados sobre os substratos dos moldes, e a relação entre micropadrões e o crescimento de neurônios foi analisada.
Os pesquisadores descobriram que os moldes em triângulo foram mais eficientes para incentivar o crescimento e a orientação dos axônios. Orientação essa, dada na direção do vértice com ângulo mais agudo, sendo que a geometria dessas diminutas fôrmas atuou como pista de sinalização.
No geral, foi integrada a microtecnologia com a neurobiologia para encontrar uma nova solução de engenharia com o objetivo de criar um modelo de circuito neural reprodutível.
As aplicações são inúmeras.
Desde estudos de como se processa a memória até rastreio de drogas no sistema nervoso central.
No entanto uma aplicação se destaca: é a regeneração de neurônios danificados, com aplicações promissoras na medicina, principalmente no que tange ao tratamento de lesões na medula espinal que confina à cadeira de rodas milhões de pessoas em todo o mundo.


Estas células cerebrais são responsáveis pela consciência?


Nossa história começa no ano de 1926, com o neurologista Constantin von Economo. Ele examinou células neuroniais e encontrou um grupo de células diferentes das outras outras células neuroniais. Em vez do aspecto piramidal, elas tinham uma forma alongada, e eram entre 50% e 200% maiores que as demais células.
A princípio, ele pensou que se tratava de uma patologia, uma doença, mas ao encontrar as mesmas células em outros cérebros, inclusive de animais diferentes, ele chegou à conclusão que deveriam ter alguma função; alguma coisa relacionada ao olfato e paladar, já que eram sempre encontradas nas mesmas duas estruturas envolvidas com estes sentidos.
Mas a época era ingrata: ele não tinha como investigar mais a fundo estas células, portanto voltou-se para outras linhas de pesquisa mais promissoras. Não sem antes dar seu nome às células, os neurônios de von Economo (VEN na sigla em inglês). Oitenta anos depois, os pesquisadores Esther Nimchinsky e Patrick Hof, trabalhando na Universidade Monte Sinai, em Nova Iorque (EUA), se depararam estes estranhos neurônios. E depois de uma década de imageamento funcional e estudos post-mortem, a história destas células está sendo montada.
Algumas linhas de evidências sugerem que elas podem ajudar a contruir a nossa rica vida interior, que chamamos de consciência, incluindo as emoções, nosso sentido de “eu”, empatia, e a capacidade de navegar pelos relacionamentos sociais.
ACC e FI
Antes vamos dar uma espiada na região em que os VENs são encontrados, o Córtex Cingulado Anterior (ACC, de Anterior Cingulate Cortex) e a Ínsula Anterior (FI, de Fronto-Insula). Estas duas regiões apresentam atividade quando percebemos algumas pistas socialmente importantes, como uma cara fechada, um esgar de dor, ou quando ouvimos a voz da pessoa amada.
Quando uma mãe ouve um choro de bebê, a resposta nestas regiões é muito forte. Elas também apresentam atividade quando experimentamos emoções como amor, desejo, raiva ou tristeza. Para o neuroanatomista John Allman, do Instituto de Tecnologia Califórnia em Pasadena (EUA), eles se somam a uma “rede de monitoramento social”, que detecta as pistas sociais e permite que mudemos nosso comportamento de acordo.
Estas duas áreas também parecem exercer um papel importante na rede que mantém um controle subconsciente do que está acontecendo ao nosso redor e direciona nossa atenção aos eventos mais importantes, além d monitorar as sensações do corpo para detectar quaisquer mudanças.
Além disso, as duas regiões ficam ativas quando uma pessoa reconhece seu reflexo no espelho, sugerindo que estas partes do cérebro estão subjacentes ao nosso sentido de “eu” – um componente chave da consciência.
Os VENs podem ser importantes para isto tudo, mas as evidências que os pesquisadores têm ainda são apenas circunstanciais, apesar de importantes. Avançar na compreensão dos VENs envolve encontrar estas células e medir a sua atividade em um cérebro vivo, o que ainda não foi possível.
VENs
No cérebro, maior geralmente significa mais rápido, e como estas células são grandes, existe a suspeita de que elas estejam envolvidas em algum tipo de circuito que envolva a transmissão rápida de sinais importantes. No caso, sinais que estão relacionados à nossa vida social.
As pistas do funcionamento dos VENs pode ser encontrada também nas patologias caracterizadas pela falta ou excesso destas células. De fato, há uma forma de demência que ataca as pessoas com cerca de trinta anos, caracterizada por uma apatia social, ou falta de empatia e autocontrole. Você pode mostrar para estas pessoas uma foto de um acidente horrível e elas nem mesmo piscam. O cérebro dessas pessoas praticamente não tem VENs.
Outro grupo que tem alteração nos VENs são os autistas, que se dividem em dois grupos: os que têm muito poucos VENs e os que têm demais. Esquizofrênicos que cometem suicídios tem também, em geral, muito mais VENs no seu ACC que os que morrem de outras causas.
Outra pista é o comportamento de animais que também têm VENs, como chipanzés e gorilas, elefantes e algumas baleias e golfinhos. Todos são animais que vivem em grandes grupos sociais e apresentam o mesmo tipo de comportamento avançado associado aos VENs nas pessoas. Elefantes mostram sinais que se parecem demais com empatia, pois trabalham juntos para ajudar membros feridos, perdidos ou aprisionados, por exemplo. Mostram até mesmo sinais de tristeza em “cemitérios” de elefantes. Além disso, estas espécies reconhecem a si mesmas no espelho, o que é tomado como um indício de consciência.
Mas os VENs também aparecem em espécies não especialmente sociais, como manatis e girafas. Também aparecem em saguis e outros macacos dos quais não temos certeza se se reconhecem no espelho, embora sejam animais sociais. Uma possibilidade é que a expressão dos VENs nestes animais seja mais primitiva que nos outros mamíferos. Estas diferenças também podem oferecer pistas sobre como estes neurônios evoluíram.
Além disso, os VENs parecem estar associados a julgamentos morais e ao paladar e olfato. Curiosamente, a reação que temos para algo moralmente condenável é muito parecido com a reação a algo que cheira mal, ou tem gosto ruim. Talvez não seja por acaso que dizemos que algo “não cheira bem” quando parece ser algo condenável.
A consciência, um acidente
Entretanto, somente em animais altamente sociais os VENs vivem exclusivamente nas regiões do olfato e paladar. Em girafas e hipopótamos, por exemplo, os VENs parecem estar espalhados por todo o cérebro. Uma compreensão genética da origem destas células pode explicar esta diferença.
Baseados nas evidências que têm, os cientistas acreditam que os VENs dos ancestrais estavam mais espalhados, como no cérebro do hipopótamo, e no curso da evolução eles migraram para o ACC e o FI em alguns animais, mas não em outros. A razão para esta migração é desconhecida; talvez a pressão seletiva que moldou o cérebro dos primatas tenha sido muito diferente da que afetou a evolução de baleias e golfinhos, por exemplo.
Um ponto interessante é que quanto maior o cérebro, mais energia ele consome, então é importante que ele funcione o mais eficientemente possível. Um sistema que monitore continuamente o ambiente e as pessoas ou animais nele teria uma vantagem, permitindo rápidas adaptações a uma situação para economizar o máximo de energia. E o fato que o cérebro está constantemente atualizando esta imagem de “como eu me sinto agora” talvez tenha um efeito colateral interessante: o conceito de que há um “eu” para sentir as sensações. Segundo os cientistas, “a evolução produziu um cálculo muito eficiente de momento a momento do uso de energia e este tem um epifenômeno, um subproduto que forneceu uma representação subjetiva dos sentimentos”.
Se eles estiverem corretos – e ainda há um longo caminho a percorrer antes de termos certeza -, há uma grande possibilidade de que, longe de ser o ápice da evolução do cérebro, a consciência talvez seja um grande acidente.[New Scientist]


Médico se recupera de câncer terminal graças a medicamento em desuso


Diagnosticado com um tumor inoperável no fígado em 2005, o urologista Rami Seth, de 70 anos, recebeu a notícia de que teria apenas mais algumas semanas de vida.
“Eu queria dizer adeus a meus amigos e minha família, por isso organizei meu próprio velório”, contou Dr. Seth. “Eu disse a eles: ‘alguns de vocês irão ao meu funeral e dirão coisas muito boas sobre mim, mas eu quero ouvi-las agora’, então fizemos uma festa”.
Naquele mesmo ano, porém, seu colega de trabalho Poulam Patel sugeriu uma última alternativa: uma droga anticâncer desenvolvida na década de 1960, que se mostrou eficaz em apenas um de cada cinco pacientes. Além do índice de sucesso baixo, os efeitos colaterais intensos (sono, depressão e perda de consciência) faziam do beta interferon uma aposta arriscada. Como nada mais havia funcionado, ele aceitou o tratamento.
Durante dez meses, Dr. Seth tomou três doses semanais da droga. Como você, leitor, pode imaginar, o remédio funcionou: ele criou um tecido rígido em volta dos tumores, isolando-os e possibilitando sua remoção.
“Tem sido uma longa jornada até a recuperação, mas eu sinto que tenho muita sorte por estar aqui e tenho vivido meus dias ao máximo”, conta o médico, que teve de tratar um novo tumor em 2009, mas se recupera bem e não pretende pensar em um novo velório tão cedo.[The Telegraph]