segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sonhos


Sonhos são atividades mentais que ocorrem durante o sono. A maioria dos sonhos ocorrem em conjunto com rápidos movimentos dos olhos, donde se chamar a esta fase REM (Rapid Eye Movements), um período que ocupa, tipicamente, 20 a 25% do tempo de sono. Pensa-se que as crianças sonham durante cerca de 50% do sono. Sonhos durante os períodos não-REM diz-se que ocorrem no sono NREM.

https://jung2009.wordpress.com/sonhos/

Os investigadores do sono dividem-no em estádios, definidos pela atividade elétrica dos neurônios representada por ondas num eletro encefalograma (EEG). O registro faz-se ligando eletrodos na superfície do crânio. Os estádios no sono ocorrem em seqüência e voltam para o estádio 1 e sono REM cerca de 90 minutos após adormecermos. Estes ciclos repetem-se durante o sono com o período REM ficando cada vez mais longo. Tipicamente, uma pessoa tem 4 ou 5 períodos REM durante uma noite, durando cada entre 5 a 45 minutos. Existe contudo algumas evidencias de que o sono REM surgiu antes do sonho e que os dois são independentes.1
O estado REM é um estado neurológico e fisiologicamente ativo. Quando uma pessoa está num sono profundo não há sonho e as ondas (chamadas ondas delta) ocorrem 3 por segundo. No sono REM, as ondas ocorrem cerca de 60 a 70 por segundo e o cérebro gera cerca de cinco vezes mais eletricidade do que no estado acordado. A pressão arterial, as batidas do coração, a respiração, etc. podem mudar dramaticamente durante o sono REM. Visto não haver causas físicas externas para estes estados, o estimulo tem de ser interno, i.e., no cérebro, ou externo e não-fisico. Esta ultima explicação–os sonhos são uma passagem para o paranormal ou o sobrenatural–parece sem qualquer valor, apesar de ser muito antiga. Cada um dos seguintes pode ter contribuído para este erro: sonhar com pessoas mortas, sonhar que estamos em lugares distantes ou a viajar no tempo, sonhos que parecem proféticos, sonhos que são tão estranhos, curiosos ou bizarros que estão mesmo a pedir uma interpretação paranormal.
Quando o ego vígil sonha que “está sonhando”, isso simboliza que mudanças mais complexas que as habituais estão se processando na estrutura do ego, assim como os sonhos recorrentes, que se repetem por inteiro, simbolizam a necessidade de penetração de seus conteúdos na consciência.
Tart e outros parapsicólogos que pensam que o estado de sonho é uma passagem para o outro mundo2 parecem acreditar que a prova cientifica para isso são as distintas ondas cerebrais dos diferentes estádios do sono. Parecem pensar que as ondas cerebrais representam diferentes estados de consciência e que o sono é um atestado alterado de consciência. Mas o sono não é um estado de consciência, mas de inconsciência. Mais, as ondas cerebrais não representam estados de consciência, mas atividade elétrica no cérebro. A atividade cerebral durante o sono é curiosa. Enquanto sonhamos, não só experimentamos o   equivalente a alucinações, algumas das quais nos classificariam como psicóticos se as tivéssemos acordados, mas também sentimos que nos movemos fisicamente e agimos como se o corpo se movesse. Mecanismos no cérebro protegem-nos durante o sono das atividades motoras que poderiam levar a ferir-nos ou ferir outros. Ou seja, a maioria de nós está paralisado durante o sono. Porem, algumas pessoas sofrem de um problema neste mecanismo, que não impede esta atividade motora. Estas pessoas falam, andam , etc. (sonâmbulos) e são um perigo para si próprias e para os outros. Essas pessoas não saem dos corpos, mas saem das suas camas durante o sono.
Outra curiosidade da atividade cerebral durante o sonho é que quase todos são esquecidos. A amnésia é a regra. Isto não se deve a nada paranormal ou sobrenatural, mas a uma codificação fraca. A memória depende da codificação dos dados da experiência. Codificar depende das conexões entre partes do cérebro, que por sua vez dependem das conexões na experiência. Um fato com forte carga emocional é mais provável de ser recordada que outra sem essa carga emocional porque as memórias emocionais são registadas numa parte do cérebro e as visuais noutra. O que as liga são as conexões neuronais. Podemos recordar sonhos se acordamos logo após ele ocorrer. Mesmo assim, se não o codificamos fazendo algum esforço, é provável que o esqueçamos. Algumas pessoas levantam-se e escrevem o sonho. Outras ficam deitados e criam algumas associações. A mais fácil é dar um titulo ao sonho e uma descrição. Por exemplo, sonha que é perseguido por um urso polar até entrar numa biblioteca e intitula-o como “Pesquisar o Urso Polar.” Volte a adormecer e é mais provável que recorde o sonho lembrando-se do titulo.
Talvez o aspecto mais curioso do sonho seja que a maioria de nós não tem consciência de que sonhamos enquanto estamos a sonhar. PET scans durante o sonho mostram reduzida atividade do córtex prefrontal durante o sono REM e isto pode explicar diversas características do estado sonho.
O cortex préfrontal reside junto da frente do cérebro e é onde o comportamento e a auto-consciência reside. Não tendo atividade nesta região, uma pessoa pode não compreender que fatos bizarros ou impossíveis no sonho são irreais. Isto pode explicar distorções na percepção de tempo do sonhador, a incapacidade de refletir sobre o que ocorre e o esquecimento que normalmente se segue ao acordar.3
Alguns investigadores citam a falta de atividade préfrontal como sinal de que a função do sono é reparadora. O sono permite o repouso dos lóbulos frontais, a parte mais ativa dele quando estamos acordados.4  E pode ser que os sonhos lúcidos–ter consciência que sonhamos enquanto sonhamos–é possível para certas pessoas devido aos seus lóbulos frontais não “desligarem” por completo enquanto sonham. Mas a maioria dos parapsicólogos não estão interessados na fisiologia do sonho. Em vez disso centram-se no conteúdo do sonho, que acreditam ser uma passagem para o paranormal ou o sobrenatural.
O sonho profético ou clarividente é talvez a razão mais forte para a crença no sonho como passagem para outros mundos. Alguns sonhos são estranhos. Parecem predizer acontecimentos. Mais, enquanto a maioria dos parapsicólogos admitem que é de esperar alguma coincidência entre o que a pessoa sonha e o que acontece, é argumentado que existem demasiados casos de sonhos proféticos para poderem ser explicados por coincidências. É verdade que nem todos os sonhos proféticos podem ser explicados como sendo coincidências. A maioria provavelmente são assim explicados, mas muitos outros podem-se dever ao preenchimento da memória do sonho após os fatos e outros como apenas mentira. Mas a maioria dos sonhos proféticos são prováveis coincidências. Tais sonhos são impressionantes para quem não entende a Lei dos Números Muito Grandes, o efeito Forer e como a memória funciona. Se as probabilidades são de um para um milhão de um sonho ser profético, então, dado o numero de pessoas na Terra, e o numero médio de sonhos por pessoa durante um período de sono (250, de acordo com Hines), então devemos esperar que em cada dia existam mais de 1,5 milhões de sonhos que parecem clarividentes. Isto não inclui todos os sonhos de gatos, cães e outros animais, que podem ter aparentemente experiências psíquicas enquanto dormem, não sabemos com que propósito. Mais, se pensa que o sonho é uma porta para o paranormal ou sobrenatural então as pessoas cegas não deviam ter o seu sonho limitado pelas suas limitações físicas, mais que aqueles que vem. Porem, cegos de nascença não tem sonhos visuais.5
Existem ainda os que pensam que os sonhos são passagem para vidas passadas. Outros pensam que os sonhos que temos se devem aos medos dos nossos antepassados. Temas universais como o ser perseguido ou cair parecem vir desde os nossos tempos como caçadores e recoletores. Temos esses sonhos porque os nossos antepassados eram perseguidos por tigres dente-de-sabre e dormiam nas árvores. A prova desta crença é mínima, se é que existe, mas pode-se defender que a forma (não o conteúdo) destes sonhos se devam a um desenvolvimento evolucionário ligado ao exercício de comportamentos instintivos necessários à sobrevivência.
Se o estado de sonho é uma passagem para algo, é-o provavelmente para os medos e desejos pessoais atuais. Assumimos que os sonhos tem um propósito, mas é mais provável que esteja enraizado nesta vida que em qualquer outra. Qualquer teoria do sonho tem de tentar explicar porque é que o cérebro estimula as memórias e as confabulações que produz. É muito provável que os sonhos sejam o resultado de ativações elétricas que estimulam memórias localizadas em diferentes partes do cérebro. O porquê do cérebro estimular e confabular apenas as memórias permanece um mistério, apesar de haver várias possíveis explicações. Explicações em termos do paranormal e do sobrenatural não são tão plausíveis como as que se limitam a mecanismos biológicos e emocionais ligados à atividade cerebral.
Uma hipótese para os ritmos do sono é que são um modo do cérebro desligar o córtex de sinais sensoriais. Quando dormimos, os neurônios do tálamo impedem a penetração de informação sensória para o córtex. Isto dá-lhe a possibilidade de repousar. Outra hipótese é que o sonho desempenha um papel no processamento das memórias, especialmente as emocionais. Durante o sono REM, as amídalas, que tem um papel na formação e consolidação das memórias das experiências emocionais, estão bastante ativas. Uma teoria relacionada é que os sonhos são “os cães de guarda da psique” (Baker). Os sonhos são mecanismos que informam e guiam as nossas sensações e emoções. Em resumo, esta teoria defende que os sonhos são um modo de exprimir os nossos desejos e medos que, porque qualquer motivo, não exprimimos quando estamos acordados. Se isto é verdade, segue-se que apenas alguém intimo de quem sonha pode tentar interpretar um particular sonho. Os sonhos são algo muito pessoal e falam à vida emocional específica do sonhador. O “mais seguro guia para o significado do sonho é o sentimento e julgamento de quem o sonha, que, bem no fundo de si, conhece o seu real significado” (Baker). Esta teoria parece basear-se no fato de que a maioria dos sonhos se relacionam com o que aconteceu no dia antes ou dois dias antes, e refletem a vida e preocupações atuais de quem sonha, incluindo sentimentos não resolvidos. Esta teoria também implica que a interpretação dos sonhos pode desempenhar um papel significativo na auto-descoberta. Podemos ter ansiedades ou desejos que só os sonhos podem revelar.
A maioria de nós não tem dificuldade em encontrar exemplos de “sonhos de ansiedade” ou de “desejo de concretização” na nossa experiência. Podíamos não ter consciência dos nossos desejos ou medos até o sonho os revelar. Por vezes os nossos sonhos simbólicos são tão claros que não necessitamos de ajudar para os interpretar. Outros. são tão estranhos, irracionais ou bizarros, que não lhes encontramos qualquer sentido. Procuramos outros que se afirmam como especialistas em interpretação de sonhos para nos ajudar a revelar o sentido oculto dos deles. Estes devem ser particularmente cuidadosos em não impor a sua leitura nos sonhos dos outros. Por exemplo, o sonho referido acima, do urso polar, pode ser interpretado de diferentes modos, mas só eu e duas pessoas estão na posição de o interpretar “corretamente.” Não duvido que haja diferentes interpretações plausíveis. Mas a “correta” é uma que tem sentido para o sonhador. Era um sonho assustador.
Existem algumas pessoas, contudo, que experimentam coisas muito mais horríveis, e que as sonham regularmente (Sacks). O porquê do cérebro aterrorizar o seu dono deste modo está para lá da compreensão. Este sonhar obsessivo não tem mais valor que o comportamento obsessivo-compulsivo. Tais pessoas não tem só pesadelos, tem medo de adormecer. Precisam de um bom terapeuta, mas não de um interpretador de sonhos. Se podem ser ajudados é a controlar os seus sonhos. Existem vários métodos para isso, a maioria dos quais envolve preparação visual ou auditiva anterior ao sono. 
Alguns terapeutas afirmam sucesso tratando os pacientes com o que se chama “desordem de stress post traumático.” Alguns pacientes afirmam ter sido ajudados a vencer os pesadelos repetitivos com o sonho lúcido. Nenhum foi ajudado tratando os sonhos como uma passagem para um nível superior de consciência.

Imagem: http://www.thaissacarvalho.com.br

Angola. O país mais mortal para as crianças


"New York Times" mostra a realidade dos serviços de saúde de Angola, o país do mundo com um índice mais elevado de óbitos entre crianças. E liga os números devastadores à corrupção.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=191617

Tudo começa com uma mãe e uma avó que vêem morrer em frente aos seus olhos o seu menino. É José. O hospital é impecável, pelo menos nas infra-estruturas e limpeza. Mas, como em tantos outros que mais à frente descobrimos nareportagem de dez minutos do "New York Times", faltam médicos e enfermeiros.
Há 60 mil crianças que morrem todos os dias no mundo. Mas em nenhum país morrem mais crianças do que em Angola. "Ainda assim o governo decidiu cortar os custos com a saúde em 30%", alerta o jornalista Nicholas Kristof que, juntamente com Adam B. Ellick, assina o trabalho do jornal norte-americano.
Os jornalistas do "New York Times" apontam a corrupção como o factor que espoleta esta tragédia humanitária em Angola e mostram imagens das festas do centro da capital Luanda em que Porsche e Jaguar são meio de transporte habituais e o champanhe é rei nos balcões dos bares.
O jornal norte-americano descreve um país de muitas e profundas desigualdades, em que o petróleo e os diamantes deviam ser mais do que suficientes para evitar a morte de crianças.
Kristof diz que a maior parte dos casos de morte de menores eram possíveis de prevenir e no texto introdutório da reportagem afirma que nunca mais poderá fazer outro trabalho igual naquele país africano.
"Angola naturalmente não recebe bem os jornalistas. Demorei cinco anos até conseguir um visto para entrar em Angola, e depois desta reportagem duvido que mais alguma vez consiga entrar no país enquanto este regime estiver no poder", avança o jornalista.
Ristof descreve que o que mais o impressionou foram os momentos que viveu "na Angola fora das cidades" em que as pessoas não têm acesso a médicos ou a dentistas.
"É especialmente devastador ver crianças a sofrer por não terem tratamento médico e que não podem sequer ir à escola. Ou então conhecer uma mãe que já perdeu dez filhos, e isso é especialmente enfurecedor quando estamos a falar de um país tão rico", pode ler-se.
Nicholas Kristof pediu entrevistas ao Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e à filha, Isabel dos Santos, mas ambos recusaram.
Este é já o segundo trabalho que o jornalista publica sobre Angola este ano.


Dormir pouco eleva risco de doenças e reduz expectativa de vida, diz estudo


Sono ruim pode elevar peso, causar depressão e até encurtar a vida.
Pesquisas sugerem relação entre má qualidade do sono e doenças.

Do New York Times

Uma pesquisa mostra que a maioria das pessoas requer sete ou oito horas de sono para funcionar bem e que não dormir o bastante noite após noite pode comprometer a saúde, podendo até mesmo encurtar a vida.
Da infância à velhice, os efeitos do sono inadequado são capazes de afetar profundamente a memória, aprendizado, criatividade, produtividade e estabilidade emocional, bem como a saúde física.
Segundo especialistas do sono da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh e do Western Psychiatric Institute and Clinic, entre outros, diversos sistemas corporais são afetados de forma negativa pelo sono inadequado: coração, pulmões, rins, apetite, metabolismo e controle de peso, função imunológica e resistência a doenças, sensibilidade à dor, tempo de reação, humor e função cerebral.
O sono ruim também é um fator de risco para a depressão e abuso de substâncias, principalmente entre pessoas com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), de acordo com Anne Germain, professora adjunta de psiquiatria da Universidade de Pittsburgh. Quem sofre de TEPT costuma reviver o trauma quando tenta dormir, o que mantém o cérebro em um estado elevado de vigilância.
Idosos mais vulneráveis
Germain está estudando o que acontece no cérebro adormecido de veteranos com TEPT na esperança de desenvolver tratamentos mais eficazes para eles e para as pessoas com graus menores de estresse que interferem em uma boa noite de sono.
Os idosos são especialmente vulneráveis. Timothy H. Monk, que dirige o Programa de Pesquisa em Cronobiologia Humana da Western Psychiatric, conduz um estudo de cinco anos financiado pelo governo federal a respeito de ritmos circadianos, intensidade do sono, reação ao estresse, função cerebral e genética entre a terceira idade. "O sinal circadiano não é tão forte à medida que as pessoas envelhecem."
Ele está descobrindo que muitos são ajudados por tratamentos comportamentais padrão para insônia, como manter uma rotina de sono regular, evitando sonecas ao fim da tarde e cafeína, além de reduzir distrações da luz, barulhos e de animais de estimação.
Não deveria causar surpresa o fato de que uma miríade de sistemas corporais seja prejudicada por uma sequência crônica de noites curtas. "O sono afeta quase todo tecido em nossos corpos", disse o Dr. Michael J. Twery, especialista em sono dos Institutos Nacionais de Saúde.
Em um estudo com 153 homens e mulheres saudáveis, feito pela Universidade Carnegie Mellon, foi constatado que quem dorme menos do que 7 horas por noite tinha uma probabilidade três vezes maior de desenvolver sintomas de resfriado quando expostos a vírus causadores da doença
Falta de sono pode aumentar peso
Vários estudos vincularam o sono insuficiente ao ganho de peso. As "corujas" que dormem menos do que o devido têm mais tempo para comer, beber e beliscar, mas os níveis do hormônio leptina, que diz ao cérebro que comida suficiente foi ingerida, são mais baixos em quem dorme pouco enquanto os níveis de grelina, estimulante do apetite, são elevados.
Além disso, o metabolismo reduz quando o ritmo circadiano e o sono são interrompidos; se não for contra-atacado pelo aumento de exercícios ou uma redução na ingestão calórica, o atraso pode representar 4,5 quilos a mais em um ano.
A capacidade corporal de processar glucose também é afetada de forma adversa, podendo vir a resultar em diabetes do tipo dois. Em um estudo, homens jovens saudáveis privados de sono por mais de quatro horas por noite durante seis meses seguidos terminaram com níveis de insulina e de açúcar no sangue similares ao das pessoas consideradas pré-diabéticas.
Os riscos de doenças cardiovasculares e de derrame são mais altos nas pessoas que dormem menos de seis horas por noite. Até mesmo uma única noite de sono inadequado pode causar elevações durante o dia da pressão nas pessoas com hipertensão.
O sono inadequado também está associado à calcificação das artérias coronárias e níveis elevados de fatores inflamatórios relacionados à doença cardíaca. (Em termos de doença cardiovascular, dormir demais também pode ser arriscado. Níveis mais altos de doenças cardíacas foram encontrados entre mulheres que dormem mais de nove horas por noite.)
O risco de câncer também pode aumentar em pessoas que não dormem o suficiente
Falta de sono pode elevar risco de desenvolver câncer
O risco de câncer também pode ser elevado nas pessoas que não dormem o suficiente. Um estudo japonês com quase 24 mil mulheres de 40 a 79 anos descobriu que quem dormia menos do que seis horas por noite apresentava uma probabilidade maior de desenvolver câncer de mama do que as que dormiam mais.
O risco elevado pode resultar da secreção diminuída da melatonina, o hormônio do sono. Entre os participantes do Estudo de Saúde de Enfermeiras, Eva S. Schernhammer, da Faculdade de Medicina de Harvard, encontrou um vínculo entre níveis baixos de melatonina e o risco aumentado de câncer de mama.
Um estudo com 1.240 pessoas conduzido por pesquisadores da Universidade Case Western Reserve, Cleveland, foi constatado um risco aumentado de pólipos colorretais potencialmente cancerosos em quem dormia menos de seis horas por noite.
As crianças também podem experimentar distúrbios hormonais por conta do sono inadequado. O hormônio do crescimento é liberado durante o sono profundo; ele não apenas estimula o crescimento em crianças como também incentiva a massa muscular e repara células e tecidos danificados tanto em crianças quanto adultos.
O Dr. Vatsal G. Thakkar, psiquiatra ligado à Universidade de Nova York, descreveu recentemente evidências associando o sono inadequado a um diagnóstico errôneo do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças.
Em um estudo, 28% das crianças com problemas de sono tinham sintomas do transtorno, mas não o distúrbio em si. Durante o sono, o organismo produz citocinas, hormônios celulares que auxiliam no combate a infecções. Dessa forma, quem dorme menos pode ser mais suscetível a infecções de rotina, tais como resfriados e gripe.
Mais chance de ficar resfriado
Em um estudo com 153 homens e mulheres saudáveis, Sheldon Cohen e colegas da Universidade Carnegie Mellon constataram que quem dorme menos do que sete horas por noite tinha uma probabilidade três vezes maior de desenvolver sintomas de resfriado quando expostos a vírus causadores da doença do que quem dorme oito horas ou mais.
Alguns dos efeitos mais insidiosos do sono reduzido envolvem processos mentais como o aprendizado, memória, julgamento e resolução de problemas. Durante o sono, o novo aprendizado e caminhos da memória são codificados no cérebro, e sono adequado é necessário para tais caminhos funcionarem da melhor maneira possível.
Pessoas descansadas são mais capazes a aprender uma tarefa e têm uma probabilidade maior de se lembrar do que aprenderam. O declínio cognitivo que muitas vezes acompanha o envelhecimento pode em parte resultar de sono ruim crônico.
Com sono insuficiente, o pensamento é lento, ficando mais complicado se concentrar e prestar atenção, e as pessoas têm uma probabilidade maior de tomar decisões ruins e assumir riscos indevidos. Como é possível imaginar, tais efeitos podem se revelar desastrosos na operação de um veículo motorizado ou máquina perigosa.
Em testes de direção, pessoas privadas do sono agem como se estivessem bêbadas e nenhuma quantidade de cafeína ou ar frio consegue refrear os efeitos nocivos.
Na sua próxima consulta de saúde, diga ao médico por quanto tempo dorme e qual é a qualidade do sono. Seja sincero: a duração e a qualidade do sono podem ser tão importantes à sua saúde quanto a pressão sanguínea e o nível do colesterol.