quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O cansaço mental




A mente fatigada provoca dispersão, falta de atenção e de clareza
Na situação contrária, é capaz de ver o extraordinário no que aparentemente é normal

Graças a nossa poderosa mente pensamos, sonhamos, criamos, projetamos, associamos ideias, desenhamos, planejamos, geramos expectativas, imaginamos e recordamos. O pensamento pode ser benéfico ou nocivo, positivo ou negativo, necessário ou inútil, insípido ou criativo, elevado e sublime ou destruidor e desagregador. Muitos pensamentos são desnecessários. Alguns surgem como tempestades que nos açoitam. Se não administramos bem toda a atividade da nossa mente, o cansaço mental se torna nosso companheiro inseparável.


É uma fadiga que provoca dispersão, preguiça, falta de atenção e de clareza; além disso, diminui nossa capacidade resolutiva. Por outro lado, quando inspirada e motivada, a mente nos revitaliza e gera pensamentos criativos que despertam energia e força. Num estado criativo, os pensamentos são práticos, poéticos e manifestam beleza. A mente está aberta e pode ver o extraordinário no que aparentemente é banal.
Infelizmente, esse estado mental não costuma durar muito. Acabamos por afundar numa atividade mental estéril e esgotante. Cada pessoa gera cerca de 50.000 pensamentos por dia, muitos dos quais repetitivos e mecânicos. Outras vezes dá voltas e mais voltas ao redor de coisas que não podem ser mudadas. São pensamentos normalmente referentes ao passado. Não levam a lugar nenhum e esgotam.
Quando se vive em uma linha de pensamentos desnecessários e debilitantes, faz bem levantar algumas questões que ajudem a desativar esse mecanismo repetitivo e levem a uma reflexão mais produtiva e estimulante. Por exemplo, o que motiva a pensar no que se está pensando? O primeiro passo é encontrar o propósito, porque isso permite perceber a inutilidade desse pensamento e mudar de rumo.
Outra prática aconselhável é tentar não usar em demasia os verbos no condicional, tanto no passado quanto no futuro. Por exemplo: “Se estivesse aí naquele momento, essa desgraça não teria acontecido”. “Se tivesse tido a tempo essa informação, teria vencido o caso.” “Quando tiver o diploma serei mais respeitado pelo chefe.” “Quando mudar, ficarei melhor”. Como o passado já foi, e o futuro ainda está por vir, esse tipo de pensamento não é útil, enfraquece e exaure. É tão importante aprender a transformar como a não criar esses pensamentos sobre temas que não podemos mudar ou não dependem de nós para que mudem. Dessa maneira se mantém mais a concentração e se tem mais clareza para tomar as decisões certas.
Não se trata de deixar a mente em branco, mas sim de gerar pensamentos positivos, criativos, inspiradores, benéficos. Dessa forma se consegue um espaço mental fértil. Pensar positivamente não é negar a realidade, mas ser capaz de ver os problemas e ter a criatividade mental para conseguir soluções sem se obcecar nem se ofuscar. As reflexões positivas fortalecem e revitalizam a mente. Costumam ser pensamentos que se baseiam em valores e em apreciar e agradecer pelo que se é e se tem. Uma mente agradecida é uma mente descansada.
Outro aspecto que esgota é nossa extraordinária capacidade de planejar: reuniões, encontros, ações, lugares, horários... Quando as coisas acontecem em sucessão conforme os planos, as pessoas ficam mais tranquilas que quando os imprevistos atrapalham os planos. Quem se aferra a seu plano deixa de perceber os sinais que a hora ou as pessoas dão e quer que a realidade se amolde a suas ideias, em vez do contrário. Ao forçar, ficamos cansados. Às vezes nosso corpo pede por descanso, mas como o plano era outro, forçamo-nos a cumpri-lo.
Em uma sessão de coaching, uma mulher explicava como se obrigava a executar os planos que fizera e os compromissos marcados, forçando-se a cumprir os horários impostos por outras pessoas importantes para ela. Mesmo ciente de que deveria parar, sua mente a fazia prosseguir. Sem parar nem respirar conscientemente nem ouvir. Estava mentalmente esgotada. Às vezes planejamos algo, mas quando chega a hora sentimos que não é o momento, ou não é o nosso momento. É importante parar por alguns minutos para repensar. Esse intervalo cria um espaço mental para abrir um parêntese, enxergar e decidir com mais clareza.
Às vezes o cansaço mental surge das lutas internas entre o que gostaríamos que fosse e o que é, entre falar e se calar, sair ou ficar, entre as decisões tomadas e o que na realidade é feito. Precisamos incorporar práticas para entender de onde surgem tantos pensamentos estéreis, para ouvir e silenciar os ruídos mentais.
Exercitar a mente com pensamentos criativos revitaliza. É como quando se faz exercício físico. Caminhar, correr, nadar ou jogar tênis nos energiza, e se nos cansamos, sentimos que é um cansaço sadio. Por outro lado, se ficamos em pé meia hora sem nos movermos, terminamos mais cansados do que se tivéssemos passado esse tempo caminhando. Acontece algo parecido com a mente: se ela está “parada”, dando voltas num mesmo assunto, ela se esgota mais que quando avança com pensamentos inspiradores, que abrem novos horizontes.
O que se pode fazer para que nosso pensamento seja mais inspirador e revigorante e combater o cansaço mental? Cultivar o pensamento criativo, reflexivo e claro. Como? Por exemplo, fazendo uma viagem a um ambiente natural e observar. Olhar o horizonte que une mar e céu em uma praia; sentir a umidade do solo ou desfrutar das cores das folhas e dos ruídos da natureza em uma montanha. Assim é mais fácil que a mente se acalme.
São situações que ajudam a conter a atividade mental durante alguns minutos e descansar. Trata-se de visualizar um espaço que ajude a renovar o discernimento.
Em um mundo saturado de informações e conversas que provocam ruído mental, emocional e físico, é necessário cultivar espaços internos de silêncio para ficar centrado. Um silêncio criativo, contemplativo e produtivo. Ou seja, que gere positividade e bem-estar, comunicação e sentido e uma quietude na qual o pensamento transformador é gestado. Ainda que estejamos em um entorno ruidoso, podemos criar pensamentos inspiradores assim como quando estamos rodeados de natureza.
Temos a capacidade de criar as reflexões que queremos. Precisamos utilizá-las com mais frequência. Para isso, deve-se controlar a mente, dirigi-la e manter a atenção centrada. Se alguém fica preso em seus próprios pensamentos, não terá poder sobre eles. Quando, observando-os, consegue-se separar-se deles, abre-se espaço, assume-se o controle e pode-se canalizá-los na direção que se quiser.
Para ter poder sobre algo deve-se ver de certa distância. Ao observar um quadro, se colamos o nariz a ele, não vemos mais do que um pedacinho borrado. Se nos distanciamos, podemos abarcá-lo em sua totalidade. Na prática de meditação aconselha-se simplesmente a observar os pensamentos e deixá-los passar. Chega um momento em que a pessoa se dá conta de que são uma criação mental, um filme, que é possível deixar de criar e de acompanhar. Ao conseguir esse domínio, nos conectamos com um estado de calma e clareza que permite criar os discernimentos de qualidade que queremos. Uma boa meditação revitaliza, nos enche de energia, varre a mente de reflexões desnecessárias e abre espaço para a inovação e a renovação mental.

O que acontece com o corpo logo depois da prática de esportes





Durante os 30 minutos posteriores, aumenta a sensação de relaxamento, muda o funcionamento do pâncreas e cresce a capacidade de atenção


Ao se exercitar, o cérebro começa a trabalhar, produzindo milhares de reações químicas. A atividade produz não apenas queima de gordura e aumento da musculatura, mas também ajuda todo o processo de atenção e concentração, que se prolonga além do tempo em que estamos treinando. Uma atividade física habitual consegue, além de diminuir o peso e manter um corpo bonito, melhorar a qualidade de vida, o bem-estar e a saúde. Entre os muitos estudos que comprovam isso, apresentamos um dos últimos.
Cristian García, diretor técnico das academias BodyOn, assegura: “A ativação muscular ativa uma fábrica química de substâncias ativas, altamente eficazes, ajudando a reduzir o nível de gordura, ao mesmo tempo em que melhora o desenvolvimento muscular e aumenta o rendimento corporal. Também atua no sistema vascular, com uma maior irrigação sanguínea, o que garante um coração saudável.” Segundo a Sociedade Espanhola de Cardiologia, durante este lapso de tempo, o coração bate mais depressa e produz uma vasodilatação dos capilares, aumentando a quantidade de sangue em movimento e fortalecendo o músculo cardíaco. Ángel Merchán, diretor de Homewelness, afirma: “As mudanças produzidas nos momentos posteriores à prática esportiva são provocadas pela produção de uma série de hormônios, como a testosterona, a adrenalina, o cortisol e as endorfinas.” Como isso se traduz na prática: estes químicos produzirão um estado transitório de relaxamento, que pode durar várias horas, segundo a intensidade do treinamento. Estes efeitos, efêmeros, perduram no tempo à medida que se aumenta a frequência do esporte. Ao relaxamento dos primeiros 30 minutos, podemos acrescentar rapidez mental, necessidade de açúcar, queima de calorias e sensação de bem-estar.
“No princípio, quando começamos a realizar um programa de exercícios, medindo bem a intensidade, o efeito é mais curto, mas à medida que o corpo vai gerando adaptações com o ritmo dos treinamentos, as sensações e o bem-estar geral são duradouros e passam a ser nosso estado de ânimo habitual, quer dizer, o corpo se adapta a esses níveis de hormônios [podendo inclusive afetar a genética, segundo a revista New Scientist]. O ponto central é que a intensidade dever ser correta, com progressão, porque o que hoje é muito intenso, em duas semanas não é mais, e devemos aumentar o nível”, acrescenta Ángel Merchán. A pergunta pertinente é: se o bem-estar aumenta com os esportes, desaparece o estresse? Resposta de um personal trainer: “O exercício ajuda a combater as respostas hormonais e sintomas de ansiedade, mas, claro, não resolve o foco de estresse se for provocado por outros problemas.”
Estudar após um jogo de futebol? Não é má ideia, porque os esportes que requerem tomada de decisões elevam a capacidade de atenção
Por outro lado, os esportes ou exercícios que exigem a tomada de decisões sobre colocação, velocidade, postura de diferentes partes do corpo, respiração e ritmo, exigem níveis altos de atenção que estimulam estas qualidades, podendo ser transferidas para outras atividades cotidianas que também exijam certa meditação. Estudar depois de uma partida de futebol? Não é má ideia. Além disso, como comenta Cristian García, continuamos queimando calorias depois da atividade: “Especialmente com o eletroestímulo, pois o que fazemos é romper fibras musculares de forma controlada e é no dia seguinte que o corpo começa a absorver o treinamento que foi realizado: queimando gordura, regenerando fibras...”. Mas também com outras disciplinas, já que, como conta Merchán, o metabolismo continua acelerado até sua recuperação. “Aqui não falamos de 30 minutos, mas de até 48 horas”, conclui.
Para finalizar, a prática esportiva faz com que os músculos queimem uma quantidade maior de açúcar procedente do sangue. O pâncreas precisa produzir menos insulina para manter o nível glicêmico sob controle, produzindo risco menor de sofrer de diabetes. As investigações sugerem que modelos de treinamento de alta intensidade e força têm um impacto positivo no equilíbrio da insulina durante os 30 minutos posteriores à atividade. Em um estudo de 2007 da Universidade de Michigan, ficou comprovado que uma única sessão de cardio melhora a sensibilidade à insulina.
Mas entre todos estes benefícios, também há consequências não tão desejadas, como a desidratação. “Por isso, é conveniente repor todos estes líquidos até duas horas depois do final da atividade. E levar em conta também a perda de sais minerais, que devem ser repostos, assim como os eletrólitos que gastamos [com bebidas ricas em sódio]”, acrescenta Juan Carlos López, diretor de fitness do Palacio de Hielo Holmes Place Spain. A saturação de ácido lático no sangue e o esgotamento das reservas energéticas são solucionados com uma volta pausada à calma e com o consumo de carboidratos, segundo o mesmo especialista. Assim, se você acaba de voltar de sua sessão de corrida, deite no sofá, desfrute do momento de relax criado por seus hormônios e coma uma banana, aveia ou uns biscoitos integrais. A ducha pode esperar.

Angola. Hospital Provincial de Uíge sem medicamentos






Pacientes dizem que saem apenas com receitas.

VOA

A maioria dos pacientes que recorrem ao Hospital Geral de Uíge não recebe uma atenção insatisfatória porque a maior unidade da província enfrenta falta de medicamentos.
Os pacientes dizem que apenas saem com receitas nas mãos.  
“O Hospital Geral do Uíge não tem medicamento, os pacientes que aí recorrem são atendidos à base de receitas, em muitos casos os doentes não têm dinheiro, para onde vai a economia do país tem afinal?”,interrogou se um dos nossos entrevistados.
Para o secretário provincial da Unita Felix Simão Lucas a carência que o hospital está a vivenciar com o aumento da taxa de mortalidade que a província regista é gritante.
Segundo Felix Simão Lucas, isto deve-se pela falta de medicamentos e equipamentos médicos de qualidade para dar resposta à demanda de pacientes.
“Até mesmo luvas, que são a coisa mais simples, não há em algumas áreas, estamos diante de uma situação muito perigosa”, lamentou Simão Lucas.
Aqueles responsável acrescentou ainda que esta situação não é recente e pediu às autoridades governamentais a não recorrerem à “crise financeira” causada pela queda do petróleo  como desculpa, porque é um problema antigo naquela unidade hospitalar.
A VOA contactou a Direção Provincial da Saúde que não se dispôs a falar.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

El cerebro refuerza las memorias vagas si se revelan importantes retrospectivamente



 Imagen de resonancia magnética del cerebro humano. / UCLA- Human Connectome Project

Pequeños detalles rescatados del olvido

ELPAIS.COM

Si uno va por la calle y presencia un accidente horrible, es seguro que ese recuerdo se le grabará a fuego durante meses y años sin que pueda hacer nada por disiparlo; si no hay accidente, pasear por la misma calle será probablemente una rutina soporífera de caras desconocidas, coches parados en los semáforos y escaparates sin mayor interés. Nuestro cerebro también registra todo eso, pero de una manera muy débil y destinada al olvido en pocas horas. Pero supongamos ahora que al día siguiente te enteras de que, exactamente a la misma hora que tú paseabas por allí, se daba a la fuga un asesino que vestía un abrigo de espiguilla: en ese momento tu recuerdo del hombre con abrigo de espiguilla se hace nítido, robusto y tan duradero como el del horrible accidente. De pronto recuerdas no solo su abrigo, sino también su cara, sus zapatos, su forma de andar y el portal exacto del que salía. ¿Cómo hace eso nuestro cerebro? ¿Dónde estaban archivados todos esos datos antes de que supieras que eran importantes?
La psicóloga Elizabeth Phelps y sus colegas de la Universidad de Nueva York presentan la respuesta en Nature. La inmensa mayoría de la experiencia solo nos deja leves rastros. Pero lo más común es que no sepamos qué parte de la experiencia rutinaria acabará siendo importante, para la supervivencia o para alguna otra cosa. Phelps y su equipo revelan ahora que los recuerdos rutinarios se vuelven grabados a fuego cuando experiencias posteriores relacionadas tienen una implicación emocional. Es la primera evidencia en humanos de este tipo de consolidación retroactiva de memorias, que los científicos denominan, de manera algo oscura, “etiquetado del comportamiento”.
“Nuestro trabajo”, dice Phelps, “aporta evidencias de un mecanismo generalizado de refuerzo memorístico retroactivo, por el que la información irrelevante puede ser retroactivamente reconocida como relevante, y por tanto recordada selectivamente, si otra información relacionada conceptualmente adquiere notoriedad en el futuro”. En el futuro no muy lejano, cabría añadir, porque los investigadores solo han tomado datos a un máximo de 24 horas tras los hechos iniciales. Si el mecanismo funciona más tarde, no hay datos que permitan afirmarlo.
Los científicos no han utilizado calles atestadas y asesinos para su experimento de psicología humana. Obtener datos significativos y expresables en esta disciplina escurridiza requiere simplificar mucho las cosas. El papel de la calle llena de gente lo representa una serie de 60 fotos que pueden representar herramientas o animales. El conocimiento, al día siguiente, de que había un asesino en la calle consiste en otra serie de 60 fotos distintas donde una de las dos categorías –herramienta o animal— va asociada a una desagradable descarga eléctrica en la muñeca del voluntario. Esta es la parte mala de presentarse voluntario a un estudio de psicología experimental (la buena suelen ser unos cuantos créditos para superar el curso). Y el resultado es aún otras serie de fotos donde se mide el efecto pauloviano de ver una herramienta o un animal, por ejemplo por el sudor que produce ver un tipo de foto u otro.
En el fondo, sin embargo, el experimento real es más significativo y sutil que el ejemplo del asesino, donde el abrigo de espiguilla representaba un nexo muy concreto y literal. En el experimento real, las fotos no se repiten nunca y, por tanto, el único nexo que puede usar el cerebro para reforzar la memoria es de más alto nivel: una categoría abstracta (herramienta o animal). Es la asociación de esa categoría abstracta con el choque emocional (o eléctrico, más bien) lo que permite reforzar el antiguo recuerdo.
Phelps y sus colegas conjeturan que las memorias débiles que se forman inicialmente –antes de saber que alguno de ellos es importante— llevan una especie de etiqueta asociada (por ejemplo, la que las categoriza como una herramienta), y que el estímulo emocional posterior tira de esa etiqueta para recuperar el recuerdo completo, como la cereza que tira de todo el ramillete.
Por el momento son conjeturas psicológicas, pero plantean experimentos muy concretos que pueden aclarar en el futuro en qué redes neuronales concretas se basan esas etiquetas y esos ramilletes conceptuales. La neuroimagen estará entonces tras la pista del asesino.