Mosquito Aedes aegypti, portador do vírus Zica
Patrick Vaz
O ano de 2016 mal começou e, mais uma vez, em
todo o Brasil já são milhares as vítimas do mosquito portador do vírus Zica .
Vírus Zica alastra rápidamente no Brasil
Há anos, a população brasileira vem sofrendo com
o mosquito Aedes aegypti, causador da Dengue, da Febre Chikungunya e do recente
e não menos preocupante vírus Zica.
É neste período de verão chuvoso, até meados de
Março, que o número de casos dessas doenças transmitidas pelo mosquito cresce
assustadoramente no país.
O Governo tem dificuldades para criar ações
efectivas para eliminar o mosquito.
A população ainda hoje pouco tem feito para
evitar a proliferação desse vetor.
Garrafas, pneus velhos, caixas d’água, vasos de
flores são os locais preferidos para a proliferação do Aedes aegypti.
Basta ter um pouco de água para ele se
desenvolver rapidamente.
Desta vez, o que mais chama atenção é a
microcefalia, condição neurológica rara em que a cabeça da pessoa é
significativamente menor do que a de outros da mesma idade e sexo, e que também
causa problemas na coordenação motora e na fala.
Essa doença, desenvolve-se em grávidas e afecta
diretamente os bebés ainda em formação.
O último balanço divulgado nesta semana pelo
Ministério da Saúde revela que entre 22 de Outubro de 2015 e 9 de Janeiro deste
ano foram registrados 3.530 casos suspeitos de microcefalia relacionada
ao vírus Zika em recém-nascidos.
As notificações da má-formação dos bebês estão
distribuídas em 724 municípios de 21 estados brasileiros.
O nordeste do Brasil lidera a ocorrência de
casos.
Pernambuco é o Estado com o maior número de
casos suspeitos (1.236), o que representa 35 por cento do total registado em
todo o país.
Em seguida, estão Paraíba (569), Bahia (450),
Ceará (192), Rio Grande do Norte (181), Sergipe (155), Alagoas (149), Mato
Grosso (129) e Rio de Janeiro (122).
Diante deste alarmante cenário, os brasileiros
tentam se esquivar do mosquito, pois combatê-lo tem sido quase impossível nos
últimos anos.
O infectologista Carlos Starling acredita que
essa epidemia tende a se alastrar ainda mais.
“Vivemos um surto importante com característica
epidêmica pelo Zika vírus. Todos os dados epidemiológicos mostram isso. O vírus
apareceu ano passado, provavelmente na época da Copa do Mundo, contendo o mesmo
vector do vírus da dengue, que é o mosquito Aedes aegypti. Ele difundiu no
nordeste brasileiro e certamente vai ter a mesma disseminação que teve a
dengue. Pelo menos é isso que epidemiologicamente nós vislumbramos para os
próximos meses”, afirmou.
O Governo pouco tem contribuído para solucionar
de vez esse problema.
Para agravar ainda mais a situação, o ministro
da Saúde, Marcelo Castro, em conversa recente com jornalistas deu uma
declaração infeliz ao dizer que iria torcer para as mulheres contraírem o vírus
Zika antes da idade fértil.
"Não vamos dar vacina para 200 milhões de
brasileiros. Nós vamos dar para as pessoas em período fértil. E vamos torcer
para que as pessoas antes de entrar no período fértil peguem a zika, para elas
ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa da vacina”, disse.
O ministro ainda ressaltou que o vírus Zika pode
criar uma geração de sequelados, que o problema é alarmante e que a população
precisa se engajar no combate ao mosquito.
Ele garantiu que uma vacina vai ser criada para
combater essa doença.
Carlos Starling entende uma simples vacina não
será a salvação dos brasileiros.
“Com certeza uma declaração muito infeliz por
parte dele. Mesmo porque nós ainda não conhecemos todas as consequências do
Zika vírus. A princípio parece ser uma doença branda, mas está relacionada
também como qualquer outra doença viral a síndromes neurológicas graves como a
síndrome de Guillain-Barré, em que o paciente fica meses paralisado e algumas
vezes evolui com complicações que o leva a óbito. Infecção viral não é uma
coisa que pode ser tratada como banalidade. Esse é um problema importante de
saúde pública e que nós estamos longes de resolvê-lo. Não conseguimos controlar
o Aedes aegypti. Ele está disseminado praticamente em todo o país e até muito
bem adaptado ao ambiente urbano. A expectativa que a gente tem não é das
melhores. A possibilidade de disseminação do Zika vírus para o país inteiro é iminente
e as consequências disso estão longe de serem resolvidas com uma vacina. A
vacina da dengue, por exemplo, demorou 30 anos para ser criada e mesmo assim
não é a ideal. Certamente é agora que as pesquisas vão começar e nem temos
critério para indicar alguma coisa que nem existe”, ressaltou.
Os reflexos negativos da disseminação do Aedes
aegypti neste período chuvoso são facilmente vistos em unidades de saúde e
hospitais de todo o Brasil, conforme Starling. Ele teme uma nova e agressiva
versão da dengue.
Carlos Starling acredita que o melhor a ser
feito são campanhas preventivas para conscientizar a população sobre os riscos
das doenças transmitidas pelo mosquito.
“Cada um tem que fazer sua parte, mas o Governo
não pode se isentar de suas responsabilidades. Precisa investir em novas
pesquisas tanto para desenvolver estratégias de controle do mosquito, quanto
novas vacinas. O Governo tem a sua grande parcela de responsabilidade em
relação a essas epidemias que estamos vivendo. E não só esse Governo, mas todos
os outros governos passados”, concluiu.
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