Maputo (Canalmoz) - A maioria da população dos países subdesenvolvidos – perto de 80% – depende da medicina tradicional para as suas necessidades em termos de cuidados primários de saúde. Os dados foram revelados pelo representante da Organização Mundial da Saúde em Moçambique, Abdou Moha, falando ontem no segundo dia da realização da Conferência Internacional de Etnobotânica que amanhã termina.
Moha voltou a reforçar a necessidade de os países em via de desenvolvimento preservarem cada vez mais as suas florestas, uma vez que a sua população depende destas para extrair plantas usadas para curar doenças nas comunidades. Lemboru que Moçambique é um dos países onde a maioria da população, sobretudo das zonas rurais, por falta de hospitais ou postos de saúde, recorre ao uso de plantas medicinais para curar doenças pelo que a exigência da preservação das plantas é indispensável.
Moha acrescentou que o valor das plantas é preponderante na vida humana, pelo facto de mais de 2/3 das espécies de plantas do mundo terem um valor medicinal, e 25 a 50% dos medicamentos modernos serem derivados dessas plantas.
O representante da OMS alerta ainda para o dever de uso racional dessas plantas para evitar casos de mortes por intoxicação no uso de algumas plantas consideradas perigosas. No entanto, segundo a fonte, é da responsabilidade dos Estados Africanos, através de cientistas, trabalharem junto com as comunidades no sentido de fazer perceber e identificar as plantas que possam ter efeitos colaterais.
Uso abusivo de “moringa” preocupa autoridades moçambicanas
Foi constatado pelas autoridades de saúde e pelo Centro de Investigação de Etnobotânica, que em Moçambique há uso abusivo da planta que se designa por “moringa”. A população de diversas camadas sociais, de limitados recursos económicos, usa a “moringa” para diversos fins “de forma não apropriada”. Esta situação preocupa as autoridades científicas de Moçambique, dado que “há registos de pessoas que dão entrada nos hospitais nacionais devido a efeitos colaterais desta planta”. No entanto, segundo Adelaide Agostinho, directora-geral do Centro de Investigação de Etnobotânica, está a decorrer uma investigação para apurar os níveis de intoxicação que a planta (moringa) pode causar nos indivíduos. Portanto, segundo ela, só no próximo ano é que a investigação estará concluída. Mas enquanto não se concluir a investigação, as populações estão sujeitas a riscos caso usem abusivamente a referida planta.
A “moringa” é uma planta cujas folhas têm um alto conteúdo de proteína (27%), e são ricas em vitaminas “A” e “C”, cálcio, ferro e fósforo. (António Frades)
Imagem: Dia da Medicina Tradicional Africana: Mensagem do Director Regional da OMS ... Dr. Luis Gomes Sambo. un.cv
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