segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Portugal. Pessoa. Um prémio para a filantropia científica de Maria Manuel Mota


Investigadora principal do Instituto de Medicina Molecular recebeu ontem o Prémio Pessoa. É uma autoridade mundial no estudo da malária
Foi a primeira cientista a mudar o rumo no estudo da malária e concentrou-se no ser humano em vez do parasita que causa a doença. A investigação que de-senvolveu em Lisboa trouxe-lhe o reconhecimento da comunidade científica e hoje é uma autoridade mundial neste campo. Aos 42 anos, Maria Manuel Mota, investigadora principal do Instituto de Medicina Molecular (IMM), recebeu esta sexta-feira o Prémio Pessoa. O júri afirma que a investigadora percebeu a "importância da filantropia científica" e vê-a como uma referência de um "tecido de jovens cientistas portugueses que inspira os novos a querer fazer ciência", disse Maria de Sousa, uma das juradas que decidiu o prémio de 2013.

Por Filipe Morais
ionline.pt

O júri era presidido por Francisco Pinto Balsemão e contava ainda com os nomes de Faria de Oliveira (vice-presidente), António Barreto, Diogo Lucena, Eduardo Souto Moura, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho Marques. No anúncio do prémio destacam "o empenho entusiástico" de Maria Manuel Mota "no que se pode chamar de cidadania da ciência", já que a investigadora fundou e é presidente da Associação Viver a Ciência, que "tem como objectivo encorajar a filantropia em Portugal".
A directora do IMM, Maria do Carmo Fonseca, explicou que a cientista foi "pioneira, em todo o mundo, no campo da malária", já que todos os investigadores tinham seguido sempre a mesma linha de estudo. Maria Manuel Mota, "muito jovem, foi a primeira a seguir um caminho diferente. Decidiu focar-se no ser humano e perceber do que o parasita precisava para infectar o ser humano. Essa abordagem inédita veio a revelar--se correcta".
Maria do Carmo Fonseca, que também já recebeu este prémio, deixa um aviso "ao país e ao governo. Há uma administração da ciência, neste momento, que, pode dizer-se, é insuficiente, para não dizer, em alguns casos, incompetente" e acrescenta que a Prémio Pessoa de 2013 veio "dizer à comunidade que, se nos focarmos no hospedeiro, temos maneiras distintas e inovadoras de combater a doença". Por isso, hoje em dia "é reconhecida a nível mundial por ter tido esta ideia nova e ter alterado o rumo da investigação a nível mundial", com um trabalho feito a partir de Lisboa. Chegou a ser convidada para dirigir um instituto em Nova Iorque, mas "ela disse que não, que conseguiria fazer investigação sem restrição em Lisboa. Acima de tudo, a ciência portuguesa está de parabéns", acrescentou a presidente do IMM.
Por sua vez, a premiada disse à Lusa ficar "muito satisfeita que a sociedade portuguesa considere que a nossa equipa está a fazer um bom trabalho, que merece ser reconhecido, e que isso tem impacto no país. Dá-nos entusiasmo e uma vontade de continuar a fazer o que podemos fazer melhor: descobrir alguma estratégia para combater a malária".
Maria Manuel Mota dedicou o prémio a "toda a comunidade científica portuguesa ou cientistas a fazer ciência em Portugal", mas deixa um alerta: a ascensão da ciência no país "não pode desacelerar e obviamente que, nas condições que o país está a atravessar, a ciência também sofre com isso".
Com Lusa
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/pessoa-premio-filantropia-cientifica-maria-manuel-mota/pag/-1

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