Investigadora
principal do Instituto de Medicina Molecular recebeu ontem o Prémio Pessoa. É
uma autoridade mundial no estudo da malária
Foi a
primeira cientista a mudar o rumo no estudo da malária e concentrou-se no ser
humano em vez do parasita que causa a doença. A investigação que de-senvolveu
em Lisboa trouxe-lhe o reconhecimento da comunidade científica e hoje é uma
autoridade mundial neste campo. Aos 42 anos, Maria Manuel Mota, investigadora
principal do Instituto de Medicina Molecular (IMM), recebeu esta sexta-feira o
Prémio Pessoa. O júri afirma que a investigadora percebeu a "importância
da filantropia científica" e vê-a como uma referência de um "tecido
de jovens cientistas portugueses que inspira os novos a querer fazer
ciência", disse Maria de Sousa, uma das juradas que decidiu o prémio de
2013.
Por Filipe
Morais
ionline.pt
O júri era
presidido por Francisco Pinto Balsemão e contava ainda com os nomes de Faria de
Oliveira (vice-presidente), António Barreto, Diogo Lucena, Eduardo Souto Moura,
João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Rui
Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho Marques. No anúncio do
prémio destacam "o empenho entusiástico" de Maria Manuel Mota
"no que se pode chamar de cidadania da ciência", já que a
investigadora fundou e é presidente da Associação Viver a Ciência, que
"tem como objectivo encorajar a filantropia em Portugal".
A directora
do IMM, Maria do Carmo Fonseca, explicou que a cientista foi "pioneira, em
todo o mundo, no campo da malária", já que todos os investigadores tinham
seguido sempre a mesma linha de estudo. Maria Manuel Mota, "muito jovem,
foi a primeira a seguir um caminho diferente. Decidiu focar-se no ser humano e
perceber do que o parasita precisava para infectar o ser humano. Essa abordagem
inédita veio a revelar--se correcta".
Maria do
Carmo Fonseca, que também já recebeu este prémio, deixa um aviso "ao país
e ao governo. Há uma administração da ciência, neste momento, que, pode
dizer-se, é insuficiente, para não dizer, em alguns casos, incompetente" e
acrescenta que a Prémio Pessoa de 2013 veio "dizer à comunidade que, se
nos focarmos no hospedeiro, temos maneiras distintas e inovadoras de combater a
doença". Por isso, hoje em dia "é reconhecida a nível mundial por ter
tido esta ideia nova e ter alterado o rumo da investigação a nível
mundial", com um trabalho feito a partir de Lisboa. Chegou a ser convidada
para dirigir um instituto em Nova Iorque, mas "ela disse que não, que
conseguiria fazer investigação sem restrição em Lisboa. Acima de tudo, a
ciência portuguesa está de parabéns", acrescentou a presidente do IMM.
Por sua vez,
a premiada disse à Lusa ficar "muito satisfeita que a sociedade portuguesa
considere que a nossa equipa está a fazer um bom trabalho, que merece ser
reconhecido, e que isso tem impacto no país. Dá-nos entusiasmo e uma vontade de
continuar a fazer o que podemos fazer melhor: descobrir alguma estratégia para
combater a malária".
Maria Manuel
Mota dedicou o prémio a "toda a comunidade científica portuguesa ou
cientistas a fazer ciência em Portugal", mas deixa um alerta: a ascensão
da ciência no país "não pode desacelerar e obviamente que, nas condições
que o país está a atravessar, a ciência também sofre com isso".
Com Lusa
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/pessoa-premio-filantropia-cientifica-maria-manuel-mota/pag/-1
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