O tabaco, substância presente no cigarro, e o
consumo de bebidas alcoólicas sempre foram apontados como um dos principais
fatores para desenvolvimento de câncer na região da garganta. Pois agora
cientistas afirmam que o sexo oral ocupa o topo da lista entre os
comportamentos de risco.
Michelle Achkar
Pesquisa realizada pela Universidade do
Estado de Ohio, nos Estados Unidos, descobriu que o vírus HPV atualmente é a
principal causa da doença em pessoas com menos de 50 anos. O papiloma vírus
humano pode provocar lesões de pele ou em mucosas. Existem mais de 200
variações com menores e maiores graus de perigo. Um deles é o causador de
verrugas no colo do útero, consideradas lesões pré-cancerosas.
Homens com mais de 50 anos costumavam ser as
principais vítimas do câncer de garganta. Principalmente aqueles com histórico
de fumo e consumo de bebida alcoólica. Mas o problema tem crescido em faixas
etárias mais baixas, e dobrou nos últimos 20 anos nos Estados Unidos em homens
com menos de 50 anos devido ao vírus.
Outros países como Inglaterra e Suécia também
identificaram aumento da doença devido ao HPV. Na Suécia, apenas 25% dos casos
tinham relação com o vírus na década de 1970 e, agora, o índice chega a 90%, de
acordo com uma das pesquisadoras, a professora Maura Gillison.
Segundo ela, alguém infectado com o tipo de
vírus associado ao câncer de garganta tem 14 vezes mais chances de desenvolver
a doença. "O fator de risco aumenta de acordo com o número de parceiros
sexuais e especialmente com aqueles com quem se praticou sexo oral",
afirmou a pesquisadora.
Os resultados do levantamento vão ao encontro
de outros já feitos sobre o mesmo tema, como o realizado pela Universidade
Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Realizado no ano passado, o estudo apontou
que pessoas que tiveram mais do que seis parceiros com quem praticaram sexo
oral tinham nove vezes mais chances de desenvolver câncer de garganta. Nos que
já haviam tido algum tipo de infecção provocada pelo HPV, o risco subia para 32
vezes.
Os médicos que realizaram o levantamento sugeriram
que homens também sejam vacinados contra o vírus, como é recomendado para as
mulheres. Em países como Inglaterra, meninas de 12 e 13 anos recebem a vacina
contra HPV e, segundo dados, previne até 90% dos casos de infecções.
No Brasil, há dois tipos de vacinas
disponíveis, contra os tipos mais comuns de câncer do colo do útero, mas o
governo alerta que não há evidência suficiente da eficácia da vacina, o que só
poderá ser observado depois de décadas de acompanhamento. O governo também
recomenda a prática de sexo seguro como a melhor maneira de se prevenir.
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