Neurocientistas da Universidade da Carolina
do Norte (EUA) descobriram que os dendritos, extensões semelhantes a ramos no
início de neurônios que aumentam a área de superfície do corpo celular, fazem
mais do que apenas fornecer “fiação” ao cérebro. Estes conectores de
células nervosas também processam informações, essencialmente funcionando como
computadores minúsculos.
Isso sugere que o cérebro humano possui mais poder de computação do que supúnhamos antes. “De repente, é
como se o poder de processamento do cérebro fosse muito maior do que tínhamos pensado originalmente”, observou Spencer Smith, um dos
autores do estudo. “Imagine que você faça engenharia reversa de um pedaço de
tecnologia alienígena, e o que você pensava que era fiação simples acaba por
ser transistores que computam informações”.
Dendritos são pequenos prolongamentos que
recebem informações de outros neurônios e transmitem estimulação elétrica para
o corpo celular. Agora, cientistas estão aprendendo que essa não é toda a
extensão da função dendrítica. Ou seja, eles fazem mais do que apenas
transferir informações: também as processam ativamente, o que multiplica o
poder de computação do cérebro.
O estudo
Estudos anteriores mostraram que os dendritos
usavam certas moléculas para gerar autonomamente picos eléctricos. Mas os
cientistas não tinham certeza se esses picos eram simplesmente o resultado da
atividade cerebral normal.
Em um esforço para entender melhor o que
estava acontecendo, pesquisadores usaram técnicas de eletrofisiologia para
“ouvir” os processos de sinalização elétrica de dendritos no cérebro de
camundongos. Eles anexaram delicadamente um eletrodo microscópico aos neurônios
de ratos, e, depois de diversas tentativas e erros, conseguiram obter gravações
elétricas de dentro do cérebro dos animais anestesiados e conscientes.
Conforme os ratos assistiam informação visual
em uma tela de computador, os pesquisadores registraram estranhos padrões de
sinais elétricos provenientes dos dendritos. Eles perceberam que os picos
elétricos eram seletivos e dependiam do estímulo visual, uma indicação de que
os dendritos estavam processando informações sobre o que os ratos estavam
vendo.
Após o desenvolvimento de uma técnica de
visualização, os pesquisadores observaram que os dendritos emitiram picos
enquanto outras partes dos neurônios não fizeram isso, o que significava que
eram o resultado de processamento local. Modelos matemáticos subsequentes
validaram esta interpretação.
“Todos os dados apontam para a mesma
conclusão”, disse Smith. “Dendritos não são integradores passivos de estímulos
sensoriais, eles parecem ser uma unidade computacional em si”.
Aparentemente, picos dendríticos acionados
por informações visuais contribuem para algum tipo de computação fundamental no
córtex visual. Ou seja, podem ser um componente essencial de cálculos
comportamentalmente relevantes nos neurônios. [io9]
http://hypescience.com
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