segunda-feira, 22 de abril de 2013

Luanda. Alimentos contaminados estão à venda no mercado


O mais recente relatório do Serviço Nacional das Alfândegas (SNA) sobre os testes realizados em 20 por cento dos bens alimentares importados entre Janeiro e Março indica que mais de 80 amostras recolhidas nos armazéns de importadores apresentam características impróprias para consumo humano.
Jornal de Angola

Um comunicado do SNA informa que, de um total de 2.705 amostras recolhidas nos armazéns de importadores, foram realizadas 8.115 análises físico-químicas e 13.525 microbiológicas, nos laboratórios da Bromangol, entidade contratada nos termos do concurso público nº. 24/SNA/2011 do Ministério das Finanças e Serviço Nacional das Alfândegas. “Este conjunto de amostras corresponde a um total aproximado de 1.620 toneladas de alimentos contaminados”, refere o comunicado, que acrescenta ainda que, “deste número, 72 amostras, equivalentes a 1.440 toneladas, apresentaram um nível de alerta médio e nove amostras, equivalentes a 220 toneladas, apresentaram um nível de alerta elevado”.

Produtos contaminados

O relatório indica que foi encontrada Salmonela acima de 25 gramas em cada amostra de carne de búfalo. A ingestão de alimentos contaminados por esta bactéria tem efeito em menos de 24 horas, causando febre tifóide, diarreia, cólicas e mal-estar generalizado, com febres.

Acrescenta que foi encontrada “Listéria” acima de 25 gramas em cada amostra de peixe congelado, em duas ocasiões diferentes. “Esta bactéria tem um período de incubação indeterminado e é causadora da patologia Listerose, uma infecção clínica grave com taxas de mortalidade entre 20 e 30 por cento”.

O grau de perigosidade da bactéria reflecte-se no facto de a “Listéria” ser a terceira maior causa de meningite em recém-nascidos no mundo, e representar uma séria ameaça para a saúde das gestantes e do feto, pois pode causar má formação fetal, parto prematuro e aborto.

Também foi encontrada a bactéria “Estafilococos coagulasepositiva”, quatro vezes acima do valor máximo permitido para consumo humano em queijo. Esta bactéria, quando em níveis tóxicos, enfraquece o sistema imunológico e facilita o surgimento de outras doenças sistémicas oportunistas, potencialmente fatais.

Os testes laboratoriais detectaram ainda a bactéria “Coliformes Termotolerantes (fecais)” 680 vezes acima do valor máximo permitido para o consumo humano, em farinha de milho, e 500 vezes acima do valor máximo permitido, em queijo. As “Coliformes Termotolerantes (fecais)” são causadoras de febre tifóide, febre paratifóide, disenteria bacilar e cólera.

Os testes detectaram ainda a presença de “Micotoxinas” três vezes acima do valor máximo permitido para o consumo humano em farinha de trigo. Trata-se de um composto físico-químico que é causador de cancro dos rins, do fígado, do estômago, danos generalizados no fígado e rins, além de infertilidade e distúrbios hormonais.

Foi também detectado Arsénio duas vezes e meia acima do valor máximo permitido para o consumo humano em queijo, e 14 vezes acima do valor máximo permitido, em três ocasiões diferentes, em peixe. O Arsénio é um composto físico-químico causador de cancro da próstata, do fígado e do estômago, além de provocar sérios danos ao fígado, rins, infertilidade e distúrbios hormonais, além de mutações em fetos. Em comunicado, a Bromangol alerta os importadores a certificarem com maior atenção a qualidade de alguns produtos no país de origem, antes da compra.

O alerta resulta de informações obtidas a partir da colaboração com órgãos internacionais de verificação de qualidade, que aconselham a ter em atenção a compra de barras de chocolate oriundas do Canadá, devido ao risco de presença de Salmonela, de frangos oriundos de Maryland (EUA), pelo risco de presença de Arsénio, e milho proveniente de países da Europa, pelo risco de presença de Aflatoxinas.

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