domingo, 22 de setembro de 2013

Angola. Surto de cólera apavora população do Namibe


A população da Província do Namibe vê-se abraços com a cólera nos últimos dias, doença que está a criar grande pânico no seio das famílias. O bairro mais populoso 5 de Abril é o mais afectado pela epidemia, que nos últimos dias levou muitas pessoas a serem internadas no centro de saúde do mesmo bairro. Segundo a população que vive naquela área, as condições de saneamento básico estão na base da doença.

Os moradores dizem ainda que vivem cercados de lixo, por falta de contentores onde o possam depositar, apesar de inúmeras vezes terem apresentado a preocupação a administração municipal do Namibe, na tentativa de verem colmatada a lacuna.

O centro de saúde do bairro 5 de Abril, viu-se agitado pela entrada constante de pessoas com vómitos e diarreia, o que vinha a ser confirmado pelo diagnóstico, como cólera. Uma das enfermeiras que encontramos no local e que falou a nossa reportagem, sob anonimado para não sofrer represálias. Ela disse que este surto de cólera é o resultado da falta de atenção das autoridades governamentais, uma vez que as autoridades sanitárias têm vindo a alertar para o risco de saúde, a que os moradores do bairro 5 de Abril estão expostos, com as desfavoráveis condições de saneamento básico.

“Só não posso dizer o meu nome. Mas, posso dizer que esta situação é lamentável. Se não se velar pela situação do saneamento básico, estes casos vão se repetir.

Olha, aqui tem surgido muitos casos de cólera, só que nos mandam sempre a esconder.

E outra causa da cólera é a água. Muitos aqui no bairro 5 de Abril consomem água das cisternas e não tratada. Nestes casos, não se brinca: a cólera aperta mesmo.

Recebemos uma senhora nesta segunda-feira em condições muito preocupantes, mas fizemos tudo e passou”, disse.

A nossa reportagem deslocou-se novamente ao centro de saúde do bairro 5 de Abril nesta quarta-feira, onde encontrou alguns doentes que continuavam a receber tratamento. O corpo de enfermagem diz que recebeu orientações superiores de não falar sobre o que acontece à comunicação social e por isso, não nos revelaram o número de pacientes de cólera que deram entrada no centro de saúde do bairro 5 de Abril.

Porém, apuramos de fonte segura, que nos bairros onde não existem mínimas condições adequadas de higiene, a cólera faz morada e as autoridades governamentais continuam a ocultar os casos.

Refira-se que em relação ao saneamento básico da cidade do Namibe, a população dos bairros periféricos clamam por melhores condições, para contornar os casos de doenças provocados pelo deficiente saneamento básico. Além do bairro 5 de Abril, os bairros Eucaliptos, Calumbilo e Platô, são tidos pela população como os mais preocupantes.

No caso particular do bairro Eucaliptos, a lixeira faz estreita vizinhança com o centro de saúde, duas escolas primárias e um posto policial. Um dos alunos de uma das referidas escolas, disse que não consegue tomar seu lanche em momento de intervalo, por causa do cheiro que invade até o interior das salas de aula.

“Isto é perigoso, principalmente neste tempo de calor que começa. Olha, durante o ano, muitos alunos ficam doentes, só por causa deste cheiro. Eu não sei se os dirigentes não estão a ver ou o quê que se passa. Mas é mesmo horrível.

E o pior é que nós assim mesmo em aula, sentimos o cheiro. No tempo de chuva, aquilo é muito complicado, a pessoa até fica com nojo de abrir a boca por muito cheiro”, lamentou um dos alunos.

A questão do saneamento básico começou a agravar-se quando uma empresa vocacionada a limpeza da cidade denominada Triambiente deixou de funcionar, por razões não esclarecidas pelo Governo local à população, esta, que se mostra indignada pela falta de abertura do Governo, mormente nas questões que dizem respeito a vida dos próprios cidadãos. Com o fim das actividades desta empresa na recolha de lixo na cidade do Namibe, os Namibenses dizem que a urbe voltou as condições anteriores, de as pessoas coabitarem com amontoados de lixo a engolir algumas ruas dos bairros.

Os funcionários dos serviços comunitários queixam-se da falta de condições de trabalho e de salários magros o que os remete a falta de capacidade para prestar um trabalho necessário, no sentido de a cidade ficar limpa. A falta de pessoal é outro problema que o sector enfrenta e como tal, dizem os funcionários, que o saneamento básico da cidade do Namibe continuará uma dor de cabeça.
www.unitaangola.org

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