terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Gui. A bebé que nunca saiu do hospital mas emocionou o país





Por Marta F. Reis

Margarida nasceu prematura no Dubai, onde os pais estão imigrados. Lutou durante 19 dias e ajudou a tornar a lei mais protectora das famílias
Nasceu com 430 gramas e 27 centímetros e lutou 19 dias numa incubadora no Dubai. Gui, como ficou conhecida a pequena Margarida Queiroz, nunca saiu do hospital mas a sua história emocionou o país. O nascimento prematuro às 25 semanas e a necessidade de cuidados deixou a família imigrada nos Emirados Árabes Unidos sem saber como fazer frente às despesas no hospital, que não estão cobertas pelos seguros de saúde, a única forma de os emigrantes terem acesso aos serviços de saúde pagando menos.
O pedido de ajuda nas redes sociais mobilizou as autoridades portuguesas, que se disponibilizaram a transportar a criança para Portugal logo que isso fosse possível. E mais de 100 mil pessoas acompanharam diariamente a luta de Gui e dos pais Eugénia (Genny) e Gonçalo no Facebook, entre elas Cristiano Ronaldo, que fez questão de publicar na sua página o apelo da família.  
Durante duas semanas, a dor dos pais conheceu pequenas alegrias, com o aumento de peso de Gui e as poucas vezes que a mãe lhe pode pegar. Mas apesar de todo o apoio Margarida acabou por não resistir e morreu a 16 de Novembro.
A família recebeu mais de 7500 transferências de conhecidos e muitos desconhecidos e angariou mais de 60 mil euros. No início de Dezembro, Eugénia e Gonçalo informaram que os donativos provenientes de Portugal que sobrarem depois de pagarem todas as despesas médicas da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do hospital público central do Dubai serão doados à Maternidade Alfredo da Costa e à associação de apoio a prematuros XXS. Já os donativos que o casal recebeu no Dubai serão entregues a uma igreja local.
Numa mensagem no Facebook, a família mostrou-se sensibilizada por toda a ajuda mas também pelo facto de a sua filha ter contribuído para tornar a lei do Dubai mais amiga das famílias nestas situações, uma marca da “guerreira” Gui que ficará para o futuro. “Talvez seja o destino, talvez seja a vontade de Deus, que a Margarida nascesse no Dubai na situação que foi”, escreveu a mãe. No início de Dezembro, menos de duas semanas depois da morte de Margarida e quando já tinha havido um caso semelhante com um casal indiano em Agosto, o responsável da Autoridade de Saúde do Dubai anunciou que a partir de 2016 o seguro mínimo obrigatório, que tem de ser garantido pelas empresas, passará a ter de cobrir despesas de maternidade incluindo os primeiros 30 dias dos recém--nascidos, para situações como as de Margarida, em que os os bebés precisam de cuidados neonatais.

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