Sétimo caso em
menos de um mês nas urgências hospitalares do país
É o segundo caso em menos de uma semana.
Uma mulher de 89 anos morreu nas urgências do Hospital Garcia de Orta, em
Almada, depois de ter esperado mais de oito horas para ser vista por um médico.
A unidade hospitalar emitiu um comunicado a assegurar que já está a investigar
o sucedido e que a análise preliminar indica não terem sido detectadas
quaisquer inconformidades no serviço prestado.
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O caso foi avançado pelo Diário de
Notícias e pelo Correio da Manhã. Maria Vitória Moreira Forte deu
entrada no hospital por volta das 11h00 de sexta-feira e seriam 20h15 quando um
médico lhe apareceu.
A administração do Hospital Garcia de
Orta avançou esta segunda-feira que está a investigar esta morte, em nota
citada pela Lusa, mas adiantou desde logo que, "após uma análise sumária e
preliminar", não detectou "quaisquer inconformidades" nem
"qualquer sitação anómala".
Maria Vítória Forte padecia de diversos
males. Ao vê-la com “os lábios roxos”, o filho, João Carlos Silveira, ligara
para o 112. E ela fora levada de ambulância pelos Bombeiros de Cacilhas. Feita
a triagem, foi-lhe atribuída a pulseira amarela (urgente) – mais só a laranja
(muito urgente) e a vermelha (emergente).
O filho passou o dia inteiro com ela no
hospital. Quando a ouviu chamar pela primeira vez seriam umas 19h30. Estavam a
mudar-lhe a fralda. Disseram-lhe que não se inquietasse, que voltariam a
chamar. Volvidos 15 minutos, nada. Tratou então de perceber quem a chamara.
Na sua versão, uma enfermeira
indicou-lhe a triagem. O clínico que lá estava disse-lhe que não chamara.
Carlos tornou à enfermeira, que consultou o sistema e lhe garantiu que a
chamada fora anulada. Regressou ao clínico. Discutiram. “Ele recusou-se a ver a
minha mãe, que estava numa maca, ligada à parede. Ele só a via se a desligassem
do oxigénio e a levassem lá."
Apresentou reclamação. "Passados 15
ou 20 minutos lá apareceu o médico”, diz. “Oito horas à espera e só foi vista
depois da queixa!”, insurge-se. Morreu por volta das 2h. “Não os culpo pela
morte da minha mãe, culpo-os por não terem tentado evitar que isso
acontecesse”, comenta. “Podia ter morrido na mesma, mas pelo menos tinha
recebido auxílio.”
É a segunda morte no Garcia de Orta em
menos de uma semana. No primeiro caso, a investigação hospitalar já assegurou
que nada havia a fazer: o doente "padecia de uma doença grave, com vários
dias de evolução”. É o sétimo caso registado no país em menos de um mês,
contando com um homem de 92 anos que segunda-feira morreu no Hospital de
Santarém, depois de ter esperado quatro horas.
Na sua crónica semanal na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa imputou responsabilidades ao ministro da Saúde, Paulo Macedo. “Sete mortes num mês é complicado. Houve falta de planeamento para uma situação de perigo”, a época das gripes, observou o comentador, a quem nem todas as justificações dadas pelo governante para o sucedido convenceram. “Fazer omeletes sem ovos não é possível”, opinou, numa referência aos cortes.
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