Mas os povos, quando adoeciam, procuravam desordenadamente, encontrar nas diversas espécies de plantas, uma maneira de ficarem restabelecidas das doenças que contraiam por forças das adversas condições sanitárias em que viviam.
http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/cro_medp.htm
E assim, tropeçando nos erros e acertos, os povos, desde priscas eras, só dispunham dos remédios que criavam, feitos com as diversas partes das plantas até mesmo com pequenos animais, dando assim, asas à imaginação, à inventiva, à criatividade. E por conta desses métodos ortodoxos é que foram surgindo, também, os remédios mais curiosos e pitorescos que já tivemos notícia.
O cólera morbus surgiu nas margens do Ganges, na Índia, e chegou ao Brasil em meados século do XX, a bordo da galera "Defensor" que atracou, em 1855, no porto de Belém do Pará. De Belém, o cólera se espalhou pelo Nordeste com tanta impetuosidade que conseguiu fazer 125.793 vítimas E em virtude da precariedade das condições sanitárias da região e por estar a medicina científica dando ainda seus primeiros passos, somente em Vitória de Santo Antão ceifou 4.000 vidas e, no Recife, 3.336 pessoas contraíram o mal e morreram.
No seu "Livro de Assentos" Félix Cavalcanti de Albuquerque Mello (1821-1901), escolhidos e anotados por Diogo de Melo Menezes e comentados por Gilberto Freyre, publicado algum tempo depois sob o título 0 Velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti, vamos encontrar um autêntico retrato em que grassou a epidemia do cólera Pernambuco.
Registrou o velho Félix no seu Livro de Assentos 'No dia 14 de 1854 se deu no Engenho Cacimbas no termo de Santo Antão, o primeiro caso de cholera-morbus desta comarca A comarca de Garanhuns foi o primeiro ponto da Província invadido pelo cholera. Passou a Papacaça e Altinho, seguiu para a capital e generalizou-se por toda a Província A cidade de Victoria diz-se geralmente, foi a localidade de Pernambuco onde a epidemia lavrou com maior intensidade. Constou das investigações da polícia ter havido dia de falecerem 120 pessoas, mortandade espantosa para uma cidade de 6.000 habitantes. Dizem que o conselho de Hygiene Ribeira, de acordo com o Presidente da Província José Bento da Cunha Figueiredo, havia deliberado mandar incendiar a cidade, porque a esperança de extinção do mal havia abandonado a todos. Felizmente um ofício do delegado do termo dirigido ao presidente, informando que a epidemia declinava de intensidade, suspendeu a execução do projeto ".
A medicina de então não dispunha de recursos para debelar o mal, o que não acontece agora.
O velho Félix foi acometido de cólera. Diz ele: "procurei então combater a diarrhea com aguardente e sal, segundo aconselhava o Dr. Sabino, do que me havia esquecido mas que foi lembrado por amigos que se achava refugiado em minha casa; e com effeito, o mal não resistiu à segunda dose. Suspendeo logo a evacuação. Considerei me escapo. Nada mais senti".
"Em 16 de junho de 1862 – prossegue o velho Félixe – foi acometida minha filha Lisbell (sinhá) do cholera morbus. Tendo se manifestado fraco, tomou depois aspecto grave. Quinze dias consevou-se de cama sem tomar alimento algum, além d`uma colher de vinho do porto, que às vezes lançava". (...) "tudo quanto os dois sistemas médicos aconselhavam aplicou-se mas em vão".
E como Lisbella, a filha do velho Félix conseguiu de restabelecer? 0 remédio para soltar urina foi o seguinte: "Cinco moscas torradas e dissolvidas em uma colher de água morna fizeram-na urinar em 13 minutos. Um sertanejo do Brejo da Madre de Deus me aconselhou este remédio, o qual eu recusei-me a aceitar; mas n'essa occasião estava lá em casa o meu amigo João Vicente, que se oppoz a minha recusa e mesmo foi procurar as moscas, eu as torrei, dei de beber a menina, o que produziu tão maravilhoso effeito".
Imagem: http://iriscelta.multiply.com/photos/
eu ameiiiiiiiiiiiiiiii
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