O médico Marcelo Ferreira conta que a família já promoveu surpresas no Natal – esse é o sexto que ele trabalha – como levar a ceia até o hospital em que estava de plantão.
Rosângela Oliveira
http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/216219/?noticia=SEM+FOLGA+PARA+COMEMORAR+O+NATAL
Enquanto muita gente ainda dormia e outros preparavam o almoço na manhã de Natal, o médico Marcelo Ferreira atendia seu quinto paciente no Hospital Santa Cruz. No mesmo ritmo do médico estava a servente Viviane Aparecida Gomes - grávida de seis meses - que já estava limpando o segundo andar do prédio onde trabalha. Esses profissionais, assim como muitos, precisam trocar a convivência com a família e amigos nesta data para se dedicar ao trabalho, pois muitos setores não param nunca.
É o caso do Corpo de Bombeiros, que além de manter a rotina de plantão de 24 horas por dia, trabalha em dobro, pois as ocorrências aumentam bastante nesta época do ano. São acidentes de trânsito provocados pelo consumo de álcool, brigas entre parentes que acabam em violência e acidentes com fogos de artifício. Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Leonardo Mendes dos Santos, os profissionais da área já sabem que precisam ficar muito mais atentos. E como não dá para fugir do trabalho, o jeito é tentar buscar formas para estar junto da família. De plantão na Operação Verão no litoral, Leonardo levou esposa e filha para a praia, mas o restante da família ficou em Curitiba. “Durante a ceia de Natal, eles colocaram nossas fotos na mesa para simbolizar nossa presença. Depois nos falamos por telefone, mas o abraço fica para depois”, comentou.
O médico Marcelo Ferreira disse que a família também já promoveu surpresas no Natal - esse é o sexto que ele trabalha. “No ano passado estava de plantão 24 horas, e à meia-noite a família apareceu no hospital com comida para celebrar comigo”, conta. Apesar de cobrarem a ausência, o médico disse que já está acostumado, pois desde o início da faculdade trabalhava nos feriados. A única situação que ainda toca o médico é o abandono de outras famílias. “Muitas pessoas chegam na véspera de final de ano e fazem questão de internar pacientes que precisam de cuidados especiais, pois vão viajar e não querem se dedicar ao doente”, relatou.
Welington Santos Nascimento trocou, há um ano, a prancha de surfe pelo jaleco branco de enfermeiro. Apesar de admitir que sente saudades da praia, está consciente da profissão que escolheu. “O esforço de trabalhar no Natal acaba compensado com o sorriso e agradecimento do paciente que eu ajudei a eliminar a dor e sofrimento”, diz. Mas essa valorização, diz a servente Viviane Gomes, é mais difícil de acontecer. “Isso acontece entre nós, que estamos trabalhando, pois as demais pessoas dificilmente lembram que hoje (ontem) é Natal”, disse.
Jornalismo
Karina Bernardi, Alessandra Lemos e Gabriela Brandalize: escala para poder ficar com a família.
Outro grupo de profissionais que também não pára nesta época do ano são os jornalistas - caso contrário você não estaria lendo esta matéria. Através de escalas de plantão, todos tentam encontrar uma forma de exercer a profissão e ficar com a família. As jornalistas da Rádio Educativa Alessandra Lemos e Gabriela Brandalize conhecem bem esse rítimo e encaram o Natal como uma dia normal de trabalho. “Eu passei o Natal com minha família e fiquei acordada até as 4h. Quatro horas mais tarde já estava na redação preparando o jornal para nossos ouvintes”, relata Alessandra.
O que acaba compensando, diz Gabriela, é o retorno do trabalho. “Às vezes estou sozinha na redação me cobrando que poderia estar em outro lugar. Mas quando ouço minha matéria no rádio ou alguém comenta que ouviu e gostou da informação vejo que valeu a pena meu esforço”, fala. No seu primeiro plantão no Natal, a também jornalista Karina Bernardi já absorveu as necessidades da profissão. “Foi triste levantar, pois nunca tinha trabalhado no Natal. Mas quando cheguei aqui, vi que meu trabalho era necessário para complementar o trabalho de outra colega, já que somos uma equipe”, finaliza.
Restaurantes registram baixa procura no feriado
Elizangela Wroniski
Baixo movimento ontem nos restaurantes em Santa Felicidade.
O movimento ontem, dia de Natal, em Santa Felicidade, não agradou os donos de restaurantes. Boa parte deles nem abriu as portas e os que atenderam o público registram um movimento menor do que em outros feriados. Muita gente preferiu ficar em casa e aproveitar o excesso de comida da ceia ou viajou com a família.
O gerente do restaurante Madalosso, Ernani Ribas do Vale, disse que o movimento no restaurante estava bem fraco, se comparado com outros Natais. Uma das explicações para isto é que o Natal caiu numa segunda-feira e os curitibanos aproveitaram o feriado prolongado para viajar com a família. “Atendemos entre duas mil e três mil pessoas. Hoje (ontem) o número deve ficar perto de 1.500. Cerca de 60% dos restaurantes nem abriram as portas”, comenta Ernani.
No restaurante Cascatinha, o mesmo quadro se repetiu. De acordo com o proprietário, Altevir Trevisan, o movimento fraco já era esperado. “Quem freqüenta o nosso restaurante é porque tem idoso na família e ia ficar muito difícil para viajar”, explica. Ele calcula que, se fosse um outro feriado, no meio da semana ou um domingo normal, o movimento seria 50% maior.
A situação no Porta Romana também não era diferente. O número de clientes era a metade do que normalmente é registrado. O proprietário, Massimo Lorenzetti, acha que muita gente preferiu ficar em casa e aproveitar o que sobrou da a ceia de Natal. Outros exageram na véspera e no almoço e preferiram não cometer mais excessos. Mas o Natal, para ele, não foi de todo ruim. Ele sempre abre as portas para as famílias que não têm tempo - ou disposição - para preparar a ceia em casa. Na noite de Natal o restaurante ficou lotado e recebeu grupos de até 20 pessoas. Para o Ano-Novo, o mesmo deve se repetir. As reservas já estão quase completas.
Tradição
A família de Aramis Fressato era uma das que preferiu almoçar foram ontem. Ele explica que já é tradição. “A família inteira se mobiliza para preparar a ceia e, por isto, merece um descanso. Todo mundo ajuda e agora todo mundo descansa”, fala. O mesmo acontece com a família de Luiz Sérgio Adriano. Ele diz que preparar a ceia dá muito trabalho, por isso acha bacana relaxar um pouco no dia de Natal. “Geralmente, as esposas têm que ficar cozinhando, lavando, enxugando. Assim elas têm mais liberdade. Essa sempre foi a idéia do meu pai”, conta.
Mas não são só os curitibanos que aproveitaram o dia para desfrutar da gastronomia em Santa Felicidade. Paulo Kessler ceiou com os amigos que vieram da cidade de Guaíra e ontem levou-os para almoçar no bairro. “Assim eles conhecem a gastronomia e também passeiam pela cidade”, comentou.
Missas enfatizam nascimento de Jesus
Joyce Carvalho
Eloísa Silva assistiu à missa de Natal da Catedral de Curitiba.
Muitos curitibanos acordaram cedo ontem para acompanhar as missas de Natal. Apesar da principal celebração, a Missa do Galo ou da Vigília, acontecer no dia 24 de dezembro, alguns fiéis preferiram comemorar ontem a data do nascimento de Jesus. Neste momento, as igrejas aproveitaram para falar sobre a importância da comemoração do Natal com o enfoque em Jesus Cristo, e não nos presentes, na comida e na bebida.
No Santuário Nossa Senhora Perpétuo Socorro, os fiéis eram recebidos pela frase “Natal sem Jesus não é Natal”. A proposta faz parte de uma campanha da Cúria Metropolitana para criar a consciência sobre o verdadeiro espírito do Natal, que ainda é um pouco esquecido. O padre Ricardo Blissert, do santuário, comenta que, infelizmente, existe muita preocupação com a festa material e as pessoas acabam esquecendo de comemorar o nascimento de Jesus. “O centro da festa é Jesus”, afirma.
O padre Norberto Donizetti Brocardo, da Paróquia Senhor Bom Jesus, no Cabral, lembra que as pessoas precisam redescobrir Jesus. “A arquidiocese quer valorizar a data. Quer o redescobrimento do Natal. Não só como festa de aniversário, mas também como sacramento. Celebrar Deus que se encarnou é celebrar o sacramento”, conta. Ele observou que muitas pessoas que acompanham as missas de Natal não são aquelas que vão todos os domingos à paróquia.
Para padre Norberto, a mensagem que fica neste Natal é a esperança. O nascimento de Cristo representa justamente a esperança de uma vida melhor. “Quando Jesus encarna, ele diviniza a nossa vida. Passamos a seres divinizados. Deus redescobre no ser humano a esperança. É a luz de Cristo, que nasce para nos iluminar”, relata padre Norberto. Padre Ricardo acredita que a data seja propícia para desejar votos de paz e harmonia. “Jesus veio para nos trazer paz. É a luz que nos ilumina”, declara.
As igrejas receberam muitos fiéis ontem. A consultora Eloísa Silva assistiu à missa de Natal da Catedral Basílica Menor de Curitiba. “É uma data que nós precisamos estar presentes. É preciso comemorar o nascimento de Jesus”, garante. A dona de casa Wladir Codato vai à missa todos os domingos e, mesmo o Natal caindo em uma segunda-feira, ela não deixou de ir até a catedral. “É uma data muito importante”, explica. O escritor Dionísio Nascimento vai todos os anos acompanhar a missa de Natal na catedral. “Essa é a principal data do ano. Temos que prestar uma homenagem a Jesus. A missa foi simplesmente linda”, comenta.
Apesar do movimento ontem, a celebração mais marcante aconteceu na noite do último domingo. As igrejas ficaram lotadas para a Missa do Galo ou Missa da Vigília. Esse é o ponto mais alto das comemorações do nascimento de Jesus.
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