Segundo a organização, propagação da doença, iniciada
no sul da Guiné, é uma das mais preocupantes desde o aparecimento do vírus, há
quatro décadas. Total de mortos já passa dos 100.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o atual surto epidêmico de ebola
na África Ocidental está entre os "mais assustadores" desde o
aparecimento da doença, há 40 anos. O número total de mortos já passa dos cem,
a maioria na Guiné.
Keiji
Fukuda, o diretor-geral adjunto da OMS, afirmou na terça-feira (08/04), em
conferência de imprensa em Genebra, que a agência está preocupada com a
disseminação do vírus. Ele adiantou que o surto, que eclodiu no sul da Guiné,
pode estar se propagando em direção à capital, Conacri, e ao país vizinho,
Libéria, o que seria, segundo ele, particularmente preocupante.
"Nunca
tivermos antes um surto de ebola nessa parte da África", comentou Fukuda.
A OMS enviou dezenas de trabalhadores de ajuda humanitária para a região, para
tentar conter a o avanço da doença. "Este é um dos focos de ebola mais
desafiadores que já enfrentamos."
As
formas mais graves da doença apresentam uma taxa de mortalidade de 90% e não
existe vacina, cura ou tratamento específico. De acordo com os últimos dados
divulgados na terça-feira pela OMS, há 157 casos de ebola registrados só na
Guiné, dos quais 101 resultaram em mortes. Segundo a OMS, 67 casos foram
confirmados por análises laboratoriais.
Vinte
casos foram registrados na cidade portuária de Conacri, e 21 casos na Libéria,
dos quais dez foram fatais. Foram também confirmados casos em Serra Leoa, em
que se suspeita que as pessoas tenham contraído a doença na Guiné. No Mali, há
nove casos suspeitos, mas dois testes revelaram-se negativos.
"Não
devemos dar demasiada importância aos números", recomendou Stéphane
Hugonnet, médico especialista da OMS que regressou recentemente da Guiné.
"O mais importante é a tendência e a propagação da infecção.
Aparentemente, há um risco de outros países estarem sendo infectados. Portanto,
devemos permanecer vigilantes a todo custo."
Origens
O
vírus foi detectado pela primeira vez em 1976, em dois surtos simultâneos no
Sudão e na República Democrática do Congo. Desde 1976, o ebola causou a morte
de pelo menos 1.200 pessoas, dos 1.850 casos detectados. Os surtos mais fortes
foram registrados na República Democrática do Congo, em 1976 (318 casos), 1995
(315 casos) e 2007 (264 casos); no Sudão, em 1976 (284); e em Uganda, em 2000
(425 casos).
Os
surtos surgem normalmente em aldeias remotas da África Central e Ocidental,
próximo a florestas tropicais, de acordo com a OMS. Neste momento, o vírus, que
tem cinco estirpes, só existe no continente africano, mas já houve casos nas
Filipinas e na China.
O
ebola provoca febre, causando dores musculares, fraqueza, vômitos, diarreia e,
em casos mais graves, falência dos órgãos e sangramentos intermitentes internos
e externos. Para evitar o contágio humano, a OMS recomenda evitar o contato com
morcegos e macacos e o consumo da sua carne crua, assim como evitar o contato
físico com pacientes infectados, em particular com os seus fluidos corporais.
As
chances de sobrevivência aumentam se os pacientes são mantidos hidratados e se
são tratados de infecções secundárias.
MD/lusa/afp/dpa
DW.DE
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