O que é?
A Doença de Parkinson é uma
doença crónica que afecta o sistema motor, ou seja, que envolve os
movimentos corporais, levando a tremores, rigidez, lentificação dos
movimentos corporais, instabilidade postural e alterações da marcha.
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Como acontece?
A doença surge quando os
neurónios (células nervosas) de uma determinada região cerebral, denominada
substância negra, morrem, sendo que, quando surgem os primeiros sintomas,
já há perda de 70 a 80% destas
células. Em condições normais, estas células produzem dopamina, um
neurotransmissor que ajuda a transmitir mensagens entre as diversas áreas
do cérebro que controlam o movimento corporal. Assim, quando as células da
substância negra morrem, os níveis de dopamina tornam-se anormalmente
baixos, o que leva a dificuldades no controlo do tónus muscular e
movimentos musculares, afectando, portanto, os músculos quer durante o
repouso quer quando em actividade.
Por que acontece?
Até agora, a razão porque
algumas pessoas desenvolvem a doença e outras não, não foi determinada. Há
quem defenda que tudo se deve aos chamados radicais livres, que são
moléculas produzidas no nosso corpo em resultados das normais reacções
metabólicas, e que, eventualmente, podem provocar lesões cerebrais através
de um processo denominado oxidação. Outros, acreditam que esta doença se
deve ao efeito tóxico de certas drogas, o que é suportado pela evidência de
uma associação desta doença com o abuso de uma droga muito popular na
década de 70. Para além disto, outras provas relacionaram a doença de
Parkinson com certas toxinas ambientais, nomeadamente com os pesticidas,
uma vez que se encontraram taxas de incidência mais altas em áreas rurais
onde as pessoas bebem água proveniente de poços. Finalmente, pensou-se que
a doença poderia ter uma base genética, como foi documentado num estudo que
se fez de uma família na qual a doença afectava várias gerações, mas até
agora todos os outros estudos realizados não detectaram qualquer
anormalidade genética.
Em quem ocorre?
A nível mundial esta doença
atinge cerca de 1 a 2 pessoas em cada 1000, sendo mais frequente nos
europeus e norte-americanos do que nos asiáticos ou africanos. Surge,
geralmente, no final da meia idade, tendo o seu início, tipicamente, por
volta dos 60 anos, contudo em cerca de 5% dos doentes a doença tem início
precoce, surgindo antes dos 40 anos. Esta doença é ligeiramente mais
frequente nos homens do que nas mulheres.
Como se manifesta?
A manifestação inicial da
doença é, geralmente, um tremor ligeiro numa mão, braço ou perna que
ocorre, normalmente, a uma frequência de três por segundo quando
extremidade afectada está em repouso mas, que pode aumentar em momentos de
tensão. Tipicamente, o tremor melhora quando o paciente move
voluntariamente a extremidade afectada e pode, mesmo, desaparecer durante o
sono. À medida que a doença progride, o tremor torna-se mais difuso,
acabando, eventualmente, por afectar as extremidades de ambos os lados do
corpo.
Para além do tremor, que
classicamente caracteriza a doença, surgem ainda outros sintomas,
nomeadamente rigidez das extremidades, lentificação dos movimentos
corporais voluntários (bradicinésia), instabilidade postural e alterações
da marcha.
Quando a bradicinésia afecta
os músculos faciais, leva a que o doente se babe, perturba o normal piscar
dos olhos e interfere com a mímica facial (expressões), podendo acabar por
originar uma face semelhante a uma máscara, isto é, inexpressiva. Quando
atinge outros músculos, a bradicinésia pode afectar a capacidade do
paciente em cuidar de si próprio, nomeadamente de se lavar e vestir ou
utilizar os talheres ou, de realizar as normais tarefas domésticas, como
lavar a loiça ou a roupa.
Os problemas com o equilíbrio
e a instabilidade postural podem tornar muito difíceis actos tão simples
quanto o sentar-se ou levantar-se de uma cadeira e o andar pode implicar
pequenos passos, arrastados, geralmente, sem o normal movimento pendular
dos braços. Nalguns pacientes surgem, ainda, alterações da escrita, sendo
que a letra se torna pequena, tremida e, muitas vezes, ilegível.
Para além de tudo isto, ainda
estão associados à Doença de Parkinson outros sintomas, incluindo:
depressão;
ansiedade;
alterações do sono;
perda de memória;
discurso indistinto;
dificuldades de mastigação e
deglutição;
obstipação;
perda do controlo vesical;
regulação anormal da
temperatura corporal;
aumento da sudação;
disfunção sexual;
cãibras, entorpecimento,
formigueiros (parestesias) e dores nos músculos.
Como se trata?
Apesar de não haver, actualmente,
uma cura para a Doença de Parkinson, os sintomas podem ser controlados
através de diversos tipos de medicações. Assim, numa primeira fase
poder-se-à recorrer ao uso de amantadina (Parkadina®), com ou sem
associação a fármacos anticolinérgicos, como o trihexifinidilo (Artane®) ou
a benzatropina (Cogentin®). A amantidina actua ao promover a libertação da
dopamina no interior do cérebro, pelo que só actua enquanto ainda houver
alguns neurónios a produzirem aquele neurotransmissor, deixando depois de
actuar. Então, nesta fase subsequente da doença, tem de se recorrer a outro
tipo de medicação, utilizando-se, geralmente, a levodopa, um percursor que
é convertido em dopamina a nível cerebral, e que é geralmente prescrita em
associação com carbidopa (Sinemet®). Para além destas existem ainda outras
formas de medicação, incluindo agonistas dopaminérgicos, isto é, fármacos
que imitam quimicamente a acção da dopamina, como a bromocriptina
(Parlodel®), o pergolide (Permax®) ou o ropinirol (Requip®) e, fármacos
conhecidos como inibidores da catecol-O-metiltransferase, como o entocapone
(Comtan®),que como o prório nome indica, inibem esta enzima que é
responsável pela degradação da dopamina e levodopa, pelo que ao inibi-la
consegue-se aumentar a concentração daquelas substâncias no cérebro.
Para além de tudo isto, ainda
há a considerar a selegilina (Jumex®), que se acredita poder ser útil numa
fase precoce da doença, quando ainda há neurónios na substância negra a
produzirem dopamina, uma vez que se pensa que este fármaco tem um efeito
protector sobre aquelas células, protelando, assim, a evolução da doença e
a necessidade de iniciar o tratamento com levodopa.
Por último, há que referir
que medidas gerais, como a prática regular de exercício físico e uma dieta
equilibrada podem contribuir para melhorar o bem estar destes pacientes e
também o controlo corporal.
O que esperar?
A Doença de Parkinson é uma
afecção não reversível, que se prolonga por toda a vida. No entanto, a
qualidade de vida dos doentes pode ser, substancialmente, melhorada com a
utilização da medicação, sendo que, por exemplo, com a levodopa há uma
redução dos sintomas em cerca de 75% dos pacientes.
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