ZMapp demonstrou
uma efetividade de 100% na recuperação de 18 primatas
O remédio experimental contra o ebola
ZMapp demonstrou uma efetividade de 100% na recuperação de 18 primatas
infectados com o vírus, segundo um estudo dirigido pela Agência de Saúde
Pública do Canadá.
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Os pesquisadores, que publicam nesta
sexta-feira (29) seus resultados em uma edição especial da revista
"Nature", administraram três doses do soro, em intervalos de três
dias, a exemplares de macaco rhesus, com uma fisiologia similar à humana.
Todos eles sobreviveram, apesar de que
alguns começaram o tratamento em uma fase avançada da doença, até cinco dias
depois da infecção. Ao contrário, os três exemplares do grupo de controle que
não receberam a medicação morreram no oitavo dia.
Perante a epidemia de ebola na África
Ocidental que já causou mais de 1.500 mortos, este fármaco em fase de
experimentação ― um coquetel de três anticorpos ― foi administrado a vários
pacientes, entre eles dois americanos que se recuperaram após receber o
tratamento. Ainda não se sabe se o soro teve um efeito decisivo nessas curas,
visto que 45% dos infectados pelo atual surto do vírus sobreviveu sem o remédio.
Outros dois pacientes tratados com ZMapp
não sobreviveram, entre eles o religioso espanhol Miguel Pajares, apesar de os
pesquisadores acreditarem que o nível avançado da infecção nesses casos pôde
ter sido decisivo. Até agora não existe nenhum tratamento nem vacina aprovados
para combater o ebola, por isso que o controle da epidemia se limitou a
cuidados paliativos e ao estabelecimento de barreiras para tentar evitar novos
contágios.
Gary Kobinger, patologista da agência
pública canadense que dirigiu os experimentos, assinalou em entrevista coletiva
que o remédio poderia estar pronto para seu uso em humanos em menos de dois
anos. "Nosso papel como instituição pública de pesquisa não é revelar um
produto", ressaltou Kobinger, adiantando que a farmacêutica proprietária
do coquetel prepara testes clínicos para o começo de 2015. "Uma vez
passados os controles de segurança, a questão será ver quanto custa a
fabricação", disse o patologista.
Os pesquisadores utilizaram para o
experimento uma cepa do vírus diferente a qual está castigando vários países
africanos, mas Kobinger assegurou que ambas são "comparáveis" e que
os dados preliminares de outros testes em desenvolvimento com a cepa mais atual
são "similares, se não melhores", às quais foram divulgadas hoje.
O médico belga Peter Piot, membro da
equipe que descobriu em 1976 o vírus do ebola, sustentou por sua vez que o
estudo do centro canadense é a "prova mais convincente até agora de que o
ZMapp poderia ser eficaz para tratar a infecção por ebola em humanos".
"É essencial que os testes em humanos comecem o mais rápido possível. O
surto de ebola serve como aviso acerca da importância de investir em sistemas
de saúde e infraestruturas. Esta doença pode ser controlada com as práticas
higiênicas adequadas, que frequentemente não são postas em prática",
segundo o diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"Nunca pensei que quarenta anos
depois de descobrirmos o primeiro surto de ebola a doença continuaria tirando
vidas a uma escala tão devastadora", afirmou Piot.
Imagem: Epidemia de ebola na África
Ocidental que já causou mais de 1.500 mortos Reprodução/ DailyMail
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