Epidemia já
afetou quatro países africanos causando729 mortes
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e
os líderes dos países da África Ocidental mais afetados pelo surto de ebola
reuniram-se nessa sexta-feira, 1º, em Conacri, capital da Guiné para organizar,
pela primeira vez, uma resposta conjunta à crise.
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O objetivo do plano de emergência, entre
OMS, Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, é prevenir e detectar casos
suspeitos, aperfeiçoar a vigilância nas fronteiras e reforçar o centro de
coordenação sub-regional de epidemias da Organização das Nações Unidas (ONU) na
Guiné-Conacri, bem como coordenar o envio de "várias centenas" de
trabalhadores humanitários para o local.
Durante a reunião Margaret Chan,
chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que o surto de ebola está
fora de controle, mas que pode ser contido.
A epidemia que já afetou quatro países
africanos, causou após sete meses, 729 mortes: 339 na Guiné-Conacri, 233 em
Serra Leoa, 156 na Libéria e um na Nigéria. Os dados são do último balanço da
OMS, divulgado no último domingo, 27, e apontam que dos 729 óbitos, 485 eram
casos confirmados de ebola. A OMS anunciou apoio financeiro de 75 milhões de
euros ao plano e a diretora-geral Margaret Chan justificou "esse aumento
dos recursos" pela "amplitude da epidemia".
A Costa do Marfim, embora não
tenha registrado nenhum caso da doença, também participou do encontro como membro
da União do Rio Mano - bloco formado pelos quatro países.
Cuidados e prevenções
Entretanto, a empresa aérea do
Dubai, Emirates Airlines, anunciou a suspensão dos voos para a zona afetada, a
partir de sábado, 2, enquanto Estados Unidos, Alemanha e França emitiram avisos
alertando contra viagens para os três países africanos.
Portugal alertou seus cidadãos
para evitarem áreas atingidas e respeitarem as orientações das autoridades
sanitárias locais, de acordo com um comunicado da secretaria de Estado das
Comunidades Portuguesas. O receio de propagação mundial aumentou depois da
morte, na última quinta-feirada, 25, do primeiro passageiro de um avião, um
liberiano que morreu em Lagos, depois de ter transitado por Lomé, no Togo. Já o
governo nigeriano colocou duas pessoas que tiveram contato direto com a vítima
em quarentena e outras 69 pessoas estão sob vigilância médica.
No Líbano, o Ministério do
Trabalho suspendeu a concessão de vistos para os cidadãos de Serra Leoa, da
Guiné-Conacri e Libéria. A presidenta da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf,
colocou "todo o pessoal não essencial" do setor público "em
dispensa obrigatória de 30 dias" e decidiu que hoje seria "feriado
para permitir a desinfecção dos edifícios públicos". A presidenta
liberiana ordenou o fechamento de "todas as escolas e mercados nas zonas
fronteiriças".
Em Serra Leoa, o presidente do
país, Ernest Bai Koroma, decretou "estado de emergência para aplicar
medidas mais rigorosas", por um período de 60 a 90 dias, eventualmente
renovável.
A República Democrática do Congo,
onde o ebola foi detetado pela primeira vez em 1976, anunciou novas medidas
sanitárias.
Quênia e Etiópia, onde ficam duas
das mais importantes plataformas aeroportuárias de África, afirmaram ter
reforçado o dispositivo de segurança sanitária. Uganda, atingida nos últimos
anos pelo ebola, garantiu estar em estado de alerta, e a Tanzânia disse
vigorarem "medidas de precaução".
''Se a situação continuar se
deteriorando, as consequências podem ser catastróficas em termos de perdas de
vidas humanas, mas também para a perturbação sócio-econômica e alto risco de
contágio em outros países''disse Margaret Chan.
Manifestação do vírus
A epidemia, que surgiu no início
do ano, foi declarada primeiramente na Guiné-Conacri, antes de se estender à
Libéria e depois a Serra Leoa. O vírus do ebola é transmitido pelo contato
direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A
febre manifesta-se através de hemorragias, vômitos e diarreias. A taxa de
mortalidade varia entre os 25 e 90% e não é conhecida uma vacina contra a
doença.
Essa é a primeira vez que se
identifica e se confirma uma epidemia de ebola na África Ocidental, até agora
sempre registradas em países da África Central.
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