Maputo
(Canalmoz) - O Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM)
considera a malária associada à anemia a principal causa de morte em crianças
no País. Segundo dados deste centro científico, contidos no seu relatório de
actividades, a anemia infantil está associada a um maior risco de morte e
deficiências no desenvolvimento cognitivo e motor no crescimento e nas funções
imunológicas.
De
acordo com CISM, crianças internadas em hospitais estão em maior risco de morte
se tiverem anemia. A mortalidade varia de 6 a 18 por cento nas crianças com
anemia grave, mesmo quando submetidas a transfusões sanguíneas.
“Além
disso, a maioria das crianças em risco de anemia grave não tem acesso fácil às
instalações com capacidade para realizar transfusões sanguíneas”, lê-se no
relatório do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça.
Análises
dos primeiros 10 anos de dados publicados pelo CISM referem, por exemplo, que
de Janeiro de 1997 a Dezembro de 2006, um total de 568.499 (quinhentos e
sessenta e oito mil e quatrocentos e noventa e nove) pessoas entra em risco por
ano por causa da malária.
Segundo
o estudo levado a cabo pelos investigadores Ruth Aguilar, Clara Menendez, Cinta
Moraleda, Montse Renon e Jahit Sacarlal, respectivamente, do Centro de
Investigação em Saúde da Manhiça, do Centro de Investigacion en Salud
Internacional de Barcelona, na Espanha, Hospital Clinic-Universitat de
Barcelona e da Universidade Eduardo Mondlane, somente na Manhiça cerca de
10.037 (dez mil e trinta e sete) mortes foram registadas no mesmo período,
causado pela malária.
A
análise registou igualmente 3.730 (três mil e setecentos e trinta) mortes em
crianças menores de 15 anos de idade. Entrevistas de autópsia verbal realizadas
em 3002 casos, ou seja, 80 por cento das mortes determinaram que 73,6 por cento
das mortes tinham sido causadas por doenças transmissíveis associadas a anemia,
9,5 por cento por doenças não transmissíveis e 3,9 por cento por ferimentos.
A
malária associada à anemia foi tida como tendo sido a maior causa da morte,
respondendo por 21,8 por cento dos casos. A pneumonia foi o segundo responsável
por 9,8 por cento das mortes, seguida do HIV/SIDA, com 8,3 por cento, e 8 por
cento por doenças diarreicas.
Ainda
de acordo com CISM, o padrão de mortalidade infantil na área da Manhiça é
típico de países em desenvolvimento.
Factores que contribuem para anemia na Manhiça
Os
factores que contribuem para a anemia na Manhiça, segundo dados disponíveis,
incluem a malária, a infecção por HIV/SIDA (a prevalência em mulheres grávidas
está situada em cerca de 25 por cento) e a desnutrição cuja prevalência é de 56
por cento em crianças atendidas nos hospitais.
Na
verdade, segundo o CISM, não existem dados sobre a prevalência ou possível
contribuição para a anemia infantil associada a deficiências de
micronutrientes, parasitas intestinais, esquistossomose, bacteriemias e doenças
herdadas de hemoglobina e dos eritrócitos, para além de que existe pouco
conhecimento sobre a fisiopatologia da anemia malárica.
A
anemia é geralmente uma condição silenciosa que é um importante problema de
saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há perto de dois
biliões de pessoas anémicas no mundo inteiro.
Um
dos objectivos da OMS tem sido reduzir a prevalência da malária e aumentar
suplemento de ferro e ácido fólico para diminuir a prevalência da anemia.
(Bernardo Álvaro)
Imagem: Mulheres participam numa
sessão sobre a prevenção da malária conduzida por ...
unicef.org
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