segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Estudo desaconselha consumo peixe comercializado na praia da Mabunda por estar contaminado


Luanda – Um estudo efectuado ao pescado comercializado na praia da Mabunda, distrito da Samba, em Luanda, desaconselha a aquisição de peixe naquela zona devido aos altos níveis de contaminação microbiológica, que constituem "um risco à saúde pública". Os dados do referido estudo, qualitativo e quantitativo, foram apresentados sexta-feira em Luanda, durante as XVI Jornadas Técnico-Científicas do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (INIP), órgão tutelado pelo Ministério das Pescas de Angola.

Fonte: Lusa CLUB-K.NET

Duas empresas que praticam naquela praia a pesca semi-industrial, utilizando como arte de pesca o cerco, foram os alvos da pesquisa, que teve como objectivo obter informações sobre a qualidade microbiológica do pescado comercializado na Mabunda.

Maria Pedro Nicolau, pesquisadora do INIP, disse que as duas empresas usam as mesmas técnicas de pesca, diferenciando apenas na forma de desembarque do peixe. A fonte explicou que é na forma de desembarque que reside o problema, já que nas suas várias etapas até chegar ao cliente não são observadas as medidas de higiene recomendáveis.

"Os resultados obtidos evidenciam deficiências na higiene, bem como na conservação e na manipulação do pescado durante as operações rotineiras de desembarque, visto que o nível de contaminação aumentou conforme a manipulação nas diferentes etapas do processo de desembarque, o que constitui um risco à saúde pública", refere o estudo.

O peixe contaminado, sublinha o documento, pode causar prováveis ocorrências de casos de infeções bacterianas, intoxicação alimentar, que "necessitam de uma intervenção urgente das autoridades competentes (Ministério da Saúde, do Ambiente, da Agricultura e Pescas)".

Durante o estudo foram analisadas 100 amostras de pescado de diferentes espécies, nas quais foram feitas recolhas aleatórias de diferentes indicadores microbiológicos (bactérias aeróbias mesófilas, coliformes totais, fecais, E. coli, "enterococcus faecalis", esporos de clostridios sulfito-redutores e salmonela).

Maria Pedro Nicolau referiu que este estudo - que constituiu a sua dissertação de defesa de mestrado - é o primeiro realizado naquela praia, salientando que pretende dar continuidade ao mesmo, porque uma das empresas está a melhorar as condições de desembarque. "Gostaria de continuar a fazer o estudo (...) para ver qual é agora a qualidade microbiológica do pescado, se houve melhorias ou não", manifestou.

À praia da Mabunda acorre parte considerável dos habitantes da cidade de Luanda para a compra de peixe, registando-se uma maior procura nos fins-de-semana de consumidores e revendedores. Além da venda do peixe, outros comerciantes de diferentes produtos utilizam o espaço, deixando o local sem condições de higiene, que são minimizadas com campanhas de limpeza efetuadas pelos utilizadores da praia.

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