Os chineses acreditavam que esta erva, o coentro (Coriandrum sativum), tinha poderes de imortalização.
A "salsinha árabe", como é chamada no Oriente Médio, é cultivada ou, pelo menos, conhecida, há mais de 3 mil anos. A erva aparece em textos sânscritos, em papiros egípcios e até mesmo na Bíblia, onde suas sementes são comparadas ao maná.
Das coisas que mais gosto dos ingredientes da cozinha são as mais profundas histórias que carregam consigo, verdadeiros traçados que transcendem o tempo. Pois que os chineses acreditavam que esta erva, o coentro (Coriandrum sativum), tinha poderes de imortalização. Pois que deve ter mesmo. Se não para os homens, para si mesmo, já que carrega em si uma perenidade que transpõe a barreira do tempo e avança sobre os milênios mais do que qualquer homem sobre o qual se tenha notícia. Do Oriente Médio, foi levado, pelos romanos, à Europa e daí para as colônias, entre as quais o Brasil.
A erva é bastante apreciada nas cozinhas nortista e nordestina brasileiras. Por experiência, conheço nordestinos que usam o coentro da mesma forma que paulistas, por exemplo, usam a salsa e a cebolinha. Não é um acaso. O coentro é da mesma família que a salsa e o peculia aroma e sabor combina muito bem com pratos à base de frutos do mar (marinadas) e com caldos de peixe. Mas vai bem no feijão, no arroz e até mesmo em toques nas saladas verdes. É, ainda, um dos componentes do curry da Índia.
A longevidade do coentro na história lhe deu nobreza no antigo Egito: suas sementes eram usadas como especiarias. Exceto por Portugal, no entanto, as folhas do coentro não são populares na Europa, ao contrário do que ocorre na América Latina e na Ásia.
O nome 'coentro' vem do grego 'koris', que quer dizer, argh!, 'percevejo'. As folhas e sementes verdes do coentro lembram vagamente o cheiro que o inseto deixa nas camas infestadas (que nojo, não?). A erva também pode ser encontrada sob o desconhecido nome de 'milho tonto' porque, supostamente, quando alguém aspira o aroma de uma semente recém-esmagada, sente tontura.
Ainda que se caracterize pelo cheiro o qual não convém associar com o inseto, para efeito de boa digestão, e tampouco que venha a ser usado para fins alucinógenos, o coentro pode e deve ser usado como bem o fazem os nordestinos, sem parcimônia. É uma erva barata, fácil de encontrar e que sempre dá um gosto mais elaborado a um prato, seja qual for. Da próxima vez que eu for consumir coentro, vou procurar me esquecer do tal do percevejo.
http://terreiroir.blogspot.com/2009/04/tem-um-percevejo-no-meu-prato.html
A "salsinha árabe", como é chamada no Oriente Médio, é cultivada ou, pelo menos, conhecida, há mais de 3 mil anos. A erva aparece em textos sânscritos, em papiros egípcios e até mesmo na Bíblia, onde suas sementes são comparadas ao maná.
Das coisas que mais gosto dos ingredientes da cozinha são as mais profundas histórias que carregam consigo, verdadeiros traçados que transcendem o tempo. Pois que os chineses acreditavam que esta erva, o coentro (Coriandrum sativum), tinha poderes de imortalização. Pois que deve ter mesmo. Se não para os homens, para si mesmo, já que carrega em si uma perenidade que transpõe a barreira do tempo e avança sobre os milênios mais do que qualquer homem sobre o qual se tenha notícia. Do Oriente Médio, foi levado, pelos romanos, à Europa e daí para as colônias, entre as quais o Brasil.
A erva é bastante apreciada nas cozinhas nortista e nordestina brasileiras. Por experiência, conheço nordestinos que usam o coentro da mesma forma que paulistas, por exemplo, usam a salsa e a cebolinha. Não é um acaso. O coentro é da mesma família que a salsa e o peculia aroma e sabor combina muito bem com pratos à base de frutos do mar (marinadas) e com caldos de peixe. Mas vai bem no feijão, no arroz e até mesmo em toques nas saladas verdes. É, ainda, um dos componentes do curry da Índia.
A longevidade do coentro na história lhe deu nobreza no antigo Egito: suas sementes eram usadas como especiarias. Exceto por Portugal, no entanto, as folhas do coentro não são populares na Europa, ao contrário do que ocorre na América Latina e na Ásia.
O nome 'coentro' vem do grego 'koris', que quer dizer, argh!, 'percevejo'. As folhas e sementes verdes do coentro lembram vagamente o cheiro que o inseto deixa nas camas infestadas (que nojo, não?). A erva também pode ser encontrada sob o desconhecido nome de 'milho tonto' porque, supostamente, quando alguém aspira o aroma de uma semente recém-esmagada, sente tontura.
Ainda que se caracterize pelo cheiro o qual não convém associar com o inseto, para efeito de boa digestão, e tampouco que venha a ser usado para fins alucinógenos, o coentro pode e deve ser usado como bem o fazem os nordestinos, sem parcimônia. É uma erva barata, fácil de encontrar e que sempre dá um gosto mais elaborado a um prato, seja qual for. Da próxima vez que eu for consumir coentro, vou procurar me esquecer do tal do percevejo.
http://terreiroir.blogspot.com/2009/04/tem-um-percevejo-no-meu-prato.html
Ótimo texto, muito informativo :)
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