A Comissão para a Genética Humana vai recomendar que testes de pré-concepção sejam muito mais amplamente disponíveis. Convidada em 2009 para rever as questões éticas e jurídicas em torno desses testes, a Comissão apresentará suas conclusões nesta semana.
E para que serve isso? Os testes permitem que especialistas digam se os pais em potencial são portadores de doenças genéticas; se eles forem considerados com maior risco de transmitir uma doença ou anormalidade aos seus filhos, terão a opção de procurar tratamento de fertilização in vitro, usar óvulos ou espermas doados, ou adotar.
O teste é polêmico, pois levanta questões sobre a intensidade com que os médicos devem intervir na natureza. Algumas pessoas podem ver a ação como uma tentativa de criar bebês perfeitos. Será que é necessário analisar cada casal para impedir cada anormalidade possível? Desenhar geneticamente cada criança?
A conclusão – de que existem fortes razões para tornar os testes de pré-concepção amplamente disponíveis para quem precisa – tem base no princípio de que os pais devem ter o máximo de informação e de autonomia sobre suas decisões reprodutivas. Caso eles tenham alguma doença que possa ser passada aos filhos, tem o direito escolher se querem correr esse risco ou não.
A reação de grupos religiosos e ativistas preocupados com a questão moral dos “bebês projetados” pode ser forte. Mas o relatório da Comissão argumenta que não há diferença ética entre testes de pré-concepção e testes de pré-natal. É preferível para os futuros pais saberem sobre suas condições genéticas com antecedência, do que ter que tomar uma decisão potencialmente agonizante sobre a possibilidade de continuar com a gravidez após um diagnóstico de exame pré-natal.
A Comissão também irá defender o ensino para crianças sobre a transmissão de doenças genéticas como parte de sua educação sexual, incentivando-as a fazer um teste antes de iniciar uma vida sexual.
Escolas em alguns estados australianos e províncias canadenses já testam crianças para determinados distúrbios genéticos como uma questão de rotina. No entanto, há uma preocupação com o custo de qualquer generalização desses testes para a população adolescente e adulta, em oposição a destinados apenas a grávidas, que sairia mais barato.
Atualmente, o kit do teste custa cerca de mais de mil reais cada, e é capaz de detectar mais ou menos 100 doenças. Um novo teste desenvolvido nos EUA poderia dar resultados para 580 condições. Os cientistas esperam que o alto custo caia rapidamente. Os governos também podem tornar os testes mais acessíveis a famílias que tiverem um histórico genético de maior risco.
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