Projecto chama-se Diomed e já começou
Projecto internacional, com a participação de duas instituições portuguesas, vai testar uma "biblioteca" de 1200 compostos químicos em três alvos terapêuticos importantes no combate à obesidade e diabetes.
19.01.2010 - 11:52 Por Andrea Cunha Freitas PÚBLICO ÚLTIMA HORA
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O ponto de partida é 1200 moléculas, três proteínas que estão relacionadas com a regulação metabólica e energética das células, mais de um milhão de euros de financiamento e seis instituições dos três países do Sul da Europa (Portugal, Espanha e França). A meta é encontrar, até meados de 2011, alguns compostos que provem ser eficazes nos alvos terapêuticos estudados e "entregar" o conhecimento à indústria biomédica, que poderá desenvolver estes "pré-fármacos" até ao ponto de servirem no combate contra a obesidade e a diabetes.
O consórcio europeu chama-se Diomed (Diabetes, Obesidade e Medicina) e envolve duas instituições portuguesas, o IBMC (Instituto de Biologia Molecular e Celular) e o Biocant, que já estão a trabalhar desde meados de 2009, apoiados na sua "fatia do bolo" de um quarto de milhão de euros do financiamento garantido pelo Programa de Cooperação Territorial do Sudoeste Europeu (Sudoe). "A parte portuguesa consiste em produzir os alvos terapêuticos e fazer uma primeira análise sobre os efeitos dos compostos que temos nestes alvos. Vamos obter a estrutura tridimensional recorrendo a cristalografia de raios X e perceber quais são as moléculas que se encaixam na estrutura", explica Sandra Macedo Ribeiro, investigadora do IBMC que coordena a participação de Portugal no Diomed.
A "biblioteca " de 1200 compostos que nunca foram testados na obesidade e diabetes foi fornecida por um instituto de investigação da Universidade de Santiago de Compostela, Por outro lado, os alvos terapêuticos (as três moléculas Mitufusine-2, Dor e Vat), que já se sabe que estão envolvidos nestas doenças foram obtidos com a participação de instituições espanholas e francesas. O estudo vai envolver ainda uma fase experimental que recorrerá a modelos animais (ratinhos) e cultura de células e que será levada a cabo em Espanha e França. "Deste conjunto de moléculas deveremos chegar a alguns que terão um efeito na obesidade e diabetes", explica Sandra Macedo Ribeiro, adiantando que as expectativas apontam para a identificação de pelo menos três pré-fármacos, um para cada alvo.
O resultado de todo este trabalho dos investigadores será entregue à indústria biomédica, que poderá, se assim o entender, avançar para ensaios clínicos e tentar desenvolver os fármacos. "O que vamos oferecer são os primeiros moldes, chamados pré-fármacos, que a indústria depois poderá explorar", reforça Sandra Macedo Ribeiro. "Este projecto tem potencial para ser um exemplo do retorno que se pode esperar da Ciência", sublinha a investigadora no comunicado divulgado ontem, avisando que "é sempre necessário o envolvimento de empresas para garantir uma eficaz transferência de tecnologia, através da qual se pode sentir o impacto das descobertas".
Imagem: Carla Carvalho Tomás (arquivo)
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