Caso se veja envolvido numa fraude pela internet, a melhor solução é mesmo contactar as autoridades.
Cátia Simões DIÁRIO ECONÓMICO
As burlas ‘online’ mais eficazes continuam a inspirar-se em velhos esquemas criados há 10 anos. Descubra as 7 fraudes mais comuns.
Da Rússia com amor." É título de filme e podia ser o remate de um e-mail enviado por qualquer jovem russa, apaixonada pelo seu destinatário português e pedindo ajuda financeira para comprar o bilhete de avião que lhe permita encontrarem-se.
Podia ser o início de uma grande história de amor, mas é só mais uma fraude pela internet.
À semelhança do "esquema nigeriano", a burla mais conhecida feita através de e-mail - "o esquema das namoradas" - pode apelar ao coração, mas o objectivo é o mesmo: "enganar os utilizadores, roubando-lhes quantias que podem chegar aos milhares de euros", conta Francisco Leitão, da Panda Security, ao Diário Económico. A empresa reuniu as dez maiores ciber-fraudes dos últimos dez anos (ver caixas) e concluiu que o ‘modus operandi' é sempre igual. "O contacto inicial é realizado por e-mail ou através de redes sociais e a potencial vítima é tentada a responder por e-mail, telefone ou fax. Ao conseguirem captar este interesse, os criminosos tentam ganhar a confiança da vítima para depois solicitar determinada quantia sob os mais variados pretextos", explica Francisco Leitão.
Questionado sobre que cuidados ter para não ser vítima destas fraudes, Francisco Leitão aponta três regras básicas: ter um bom anti-vírus, manter o senso comum e não confiar cegamente na internet. "Muitas destas mensagens são eliminadas e classificadas como indesejadas pelas soluções de segurança com anti-spam; é igualmente importante encriptar a informação contida no seu disco rígido". Acima de tudo, "o senso comum é sempre o seu melhor aliado contra este tipo de fraude. Ninguém dá nada sem algo em troca e o amor à primeira vista na internet é uma possibilidade muito remota", sublinha o responsável da Panda. Além disso, e mesmo que tenha a tentação de ceder à proposta de negócio, o utilizador deve sempre fazer um contacto no "mundo real".
Caso se veja envolvido numa fraude pela internet, a melhor solução é mesmo contactar as autoridades. "Mesmo que a resolução deste tipo de crimes seja complexa, as autoridades legais estão cada vez mais preparadas para lidar com cibercrimes", conclui Francisco Leitão.
Também Timóteo Menezes, responsável pela área de segurança da Symantec, aponta vários exemplos (ver caixa) para os utilizadores se protegerem das burlas cibernéticas. Mas, uma vez mais, o senso comum deve prevalecer. "Não divulgar ‘passwords' ou dar informação pessoal desnecessariamente, não abrir anexos ou ‘links' de destinatários desconhecidos ou não solicitados e manter informações financeiras e confidenciais em segurança", reforça.
Caso seja apanhado por um esquema destes, além de contactar de imediato as autoridades, o responsável aponta que os utilizadores não se devem esquecer de alertar a entidade afectada, "como o banco, por exemplo, se a fraude for financeira e tiver a ver com um cartão de crédito emitido por essa entidade". Mais: deve mudar ‘passwords', "limpar" o computador para eliminar potenciais vírus e instalar um anti-vírus.
Famosos fraudulentos
Se costuma procurar informação sobre os seus actores preferidos é melhor pensar duas vezes. Um estudo da McAfee também seleccionou os dez famosos associados a páginas de internet com vírus perigosos.
A actriz Cameron Diaz é a rainha do ‘malware' (um software destinado a infiltrar-se num PC alheio), mas Brad Pitt ou a modelo Heidi Klum não lhe ficam atrás. O sistema é simples: são enviadas imagens por e-mail que, uma vez abertas, permitem o acesso a ‘passwords' de computador e correio electrónico, a redes sociais e, nalguns casos, até de a contas bancárias.
Os esquemas de ‘phishing' (fraude caracterizada por tentativas de adquirir informações sigilosas), em que os piratas informáticos "pescam" ('phish') os dados dos utilizadores, são cada vez mais comuns. A Caixa e o Montepio Geral, por exemplo, tem sido alvo de uma destas manobras e já colocaram os clientes de sobreaviso. O Paypal, o eBay, o HSBC e o Facebook são os "reis" do ‘phishing', segundo um relatório da BitDefender. Sem surpresa, as instituições bancárias são os alvos preferidos dos piratas informáticos, representando cerca de 70% das mensagens de ‘phishing'.
As 7 fraudes mais populares:
Esquema nigeriano
É uma das mais antigas fraudes utilizadas pela internet. O utilizador recebe um e-mail de alguém de fora do país - normalmente da Nigéria, daí o nome do esquema -, que necessita de transferir uma soma avultada de dinheiro e garante uma recompensa financeira significativa pela ajuda no processo. Pede apenas um adiantamento para ajudar a pagar as taxas bancárias. Após o envio deste valor, em torno dos mil euros, o contacto desaparece para sempre e, escusado será dizer, não se recebe qualquer compensação financeira pela "ajuda" prestada.
Namoradas
Uma jovem, normalmente da Rússia, "descobre" o endereço de e-mail do utilizador e demonstra interesse em conhecê-lo. A Panda diz que são sempre jovens e mostram-se desejosas para visitar o país do destinatário da mensagem e conhecê-lo pessoalmente, após declarar uma paixão por este. Depois de alguns e-mails trocados, pede para visitá-lo no seu país com o objectivo de o conhecer. Posteriormente, pede algum dinheiro para bilhetes, vistos e burocracias, cerca de mil euros. Caso o utilizador "caia" neste esquema, o dinheiro desaparece e a rapariga russa também.
Ofertas de emprego
Uma mensagem proveniente de uma empresa estrangeira está a recrutar agentes financeiros. O trabalho é simples e possível de ser realizado a partir de casa, com promessas de três mil euros em troca de apenas três a quatro horas de trabalho/dia. Ao aceitar as condições, são solicitados dados bancários do utilizador, que estará a receber dinheiro roubado de outras contas bancárias por parte dos cibercriminosos. O dinheiro é transferido para a conta do utilizador burlado, a quem é pedido que transfira o dinheiro recebido. Em caso de investigação, este utilizador será considerado cúmplice.
Lotarias falsas
Esta fraude é em tudo muito semelhante ao esquema nigeriano (de que falámos na primeira caixa). É recebido um e-mail indicando que o utilizador foi vencedor da lotaria. Nesse mesmo e-mail são solicitados os seus dados pessoais para se realizar a transferência do valor do prémio. Tal como no esquema nigeriano, os burlões pedem o envio de um adiantamento para cobrir as despesas bancárias, de cerca de mil euros. Claro que o valor da suposta lotaria nunca chega à conta bancária do utilizador burlado.
Facebook/Hotmail
Tem-se tornado cada vez mais popular nos últimos anos. Os criminosos conseguem os dados necessários para acederem a contas do Facebook, Hotmail, ou outras redes sociais. Modificam as ‘passwords' para impedir o utilizador legítimo de aceder à sua conta, e enviam uma mensagem a todos os contactos em nome do utilizador a informar que se encontra de férias (Londres é um destino escolhido com frequência pelos burlões) e que foi roubado. Como tal, pede ajuda aos contactos para que lhe transfiram entre 500 e mil euros para poder pagar o hotel.
Compensações
Este é um pretexto mais recente que tem origem no esquema nigeriano, a base de muitas fraudes desenvolvidas posteriormente. O e-mail refere que foi constituído um fundo para compensar vítimas da fraude nigeriana e que o endereço do utilizador se encontra listado entre os possíveis afectados. É oferecida uma compensação (por vezes chega a um milhão de euros) mas, tal como no esquema original, é necessário pagar adiantamento de cerca de mil euros para a cobertura das taxas bancárias para se realizar este pagamento.
Enganos
Muito popular nos últimos tempos devido à crise financeira. O contacto é realizado com alguém que tenha publicado, em classificados, a venda de uma casa, automóvel ou qualquer outro bem. Os burlões contactam o responsável pelo anúncio e concordam em comprar esse bem, enviando rapidamente um cheque, sempre com um valor superior ao acordado. Em seguida solicitam ao vendedor a devolução da diferença, mas o cheque não tem cobertura, o bem permanece por vender e a vítima perde o dinheiro devolvido.
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