segunda-feira, 13 de julho de 2009

Criança morre por negligência no hospital pediátrico de Luanda


SEMANÁRIO ANGOLENSE

Uma criança, de 12 anos de idade, faleceu no passado dia 11 de Junho, na Pediatria David Bernardino, em Luanda, por negligência médica, informou ao SEMANÁRIO ANGOLENSE Inácio Júlio Miguel, pai do petiz. Segundo a nossa fonte, a morte deu-se depois que ele e a mulher levaram o filho, que «estava acanhado», àquela unidade hospitalar pública para ser assistida. Postos lá, a médica de serviço, identificada apenas por Fernanda, disse a Conceição Domingos, mãe do garoto Argélio Inácio: «Dona, ponha-se na rua, a esta hora já não atendo ninguém, estou cansada e vou dormir», ante os murmúrios de protesto de mães e pais com filhos enfermos. Então, Inácio Miguel insistiu, mas, segundo ele, a senhora dita médica olhou-o com ares de poucos amigos, levantou-se da cadeira, puxou a secretária, ofendeu a sua mãe, fechou-lhe a porta na cara e abandonou o local.

Ele suplicou, falou para os presentes, mas a «doutora Fernanda» manteve-se insensível. Às 4 horas, Inácio Miguel dirigiu-se ao enfermeiro de serviço, «muito paciente», mas este disse que nada podia fazer «sem ordens superiores». «Olhou-me caridosamente, pediu que o entregasse a criança, apalpou-a e fez-lhe os primeiros socorros. Às 4:50, a respiração voltou ao normal», conta. A Doutora Paula, médica que viria a render a «doutora Fernanda», surgiu às 5:30, mas já não encontrou a colega. Pediu que a localizassem para que lhe entregasse as chaves, mas, debalde, Fernanda tinha ido mesmo embora, abandonando o turno e os doentes.

A médica substituta então solicita ao enfermeiro os processos. Inácio rende homenagem ao enfermeiro e à Dra. Paula, que «fizeram das tripas coração» para tentar salvar o seu filho e outros dois pequenos, dos quais um era filho de um tenente das Forças Armadas Angolanas (FAA), que também viriam a falecer. «O enfermeiro estava fatigado e sonolento, mas mesmo assim fez todos os esforços e auxiliou a Dra. Paula», reconheceu. «Se a senhora Fernanda lhes tivesse assistido imediatamente, com o auxílio do enfermeiro, creio que as crianças se teriam salvo», conjectura Inácio Miguel.

O pai de Argélio estranha o facto de se ter passado um boletim de óbito, no qual se alegava que a criança morrera de «anemia severa». «Como é possível, se ele não foi submetido a nenhum tipo de análise clínica, nem foi autopsiado?», interrogou-se. A atitude da médica Fernanda, que deve ter prestado juramento, contrasta com os dizeres que vêem nos corredores da Pediatria, segundo os quais: «O utente é o foco da nossa atenção» e «Para um atendimento humanizado, unamos as nossas forças».
Pascoal Mukuna
SA

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