Actualizado sábado 04/07/2009 01:54 (CET)
CRISTINA G. LUCIO EL MUNDO
MADRID.- "Jovem, activo e sem preocupações de saúde", Ángel Rabadán não esperava receber más notícias quando, em 1997, decidiu submeter-se a uma revisão rotineira. Porém, o gesto do então funcionário da Assembleia municipal de Madrid, torceu-se quando o médico lhe disse "não podes ir, o electrocardiograma não é normal".
O diagnóstico chegou em seguida: fibrilação auricular. Segundo lhe explicaram, havia um problema com o ritmo do seu coração. A actividade eléctrica da aurícula era caótica, o que afectava a regularidade da 'bomba' vital.
Ángel compreendeu então que essas "palpitações e cansaço" que levava notando há um par de anos e às quais "não havia dado nenhuma importância" eram consequência da enfermidade.
Segundo explica Jesús Almendral, chefe do serviço de Electrofisiologia Clínica do Hospital de Sanchinarro de Madrid, é habitual que o transtorno permaneça oculto durante um tempo. "Há pessoas que, sobretudo ao princípio, não notam nenhum sintoma o que atribuem ao esgotamento, o pulso acelerado ou a fatiga que apreciam noutras circunstâncias", comenta.
No caso de Ángel, havia, ademais, outros factores que haviam 'escondido' o diagnóstico. Era jovem – só 41 anos – e o seu coração não apresentava nenhuma patologia prévia, algo pouco habitual no transtorno. Por isso, os médicos catalogaram o seu quadro como 'raro'.
Segundo dados da secção de Electrofisiología e Arritmias da Sociedade Espanhola de Cardiologia, esta enfermidade é mais comum em pessoas de idade avançada – ao redor de 10% dos maiores de 75 anos padece-a – e só aparece em pacientes com problemas de hipertensão, valvulopatias ou que tenham sofrido um enfarto ou angina de peito.
Ángel tinha um bom prognóstico e começou a tratar-se com fármacos anti arrítmicos e anticoagulantes (para evitar embolias, a complicação mais grave do transtorno). Porém, a enfermidade não respondia e as palpitações e o cansaço que ao princípio só notava de vez em quando começaram a instalar-se na sua vida diária.
As náuseas e síncopes não tardaram em chegar. "Estava muito limitado, passava fatal. Desvanecia-me cada dois por três e o pulso podia chegar-me a 180 incluso estando sentado, era desesperante", comenta Rabadán, quem assegura que não olvidará o dia em que perdeu o conhecimento na praia das suas duas meninas pequenas.
"Chegou um momento em que acreditei que assim não poderia viver", assegura.
Fármacos ou cirurgia
Porém, este madrileno recuperou a esperança depois de passar pela sala de operações para submeter-se a uma ablação da fibrilação auricular com cateter, uma técnica relativamente nova que é capaz de 'anular' a zona onde se produz a falha eléctrica no coração, pelo que este recupera a normalidade.
"Supõe praticamente a cura", comenta o especialista do Hospital Clínico de Barcelona Josep Brugada, quem preside a Sociedade Europeia de Arritmias desde 2007.
"Nos últimos 20 anos produziram-se importantes avanços no âmbito das arritmias, como o desenvolvimento desta técnica, que permite melhorar a qualidade de vida do paciente", ajuntou.
Coincide com o seu ponto de vista Jesús Almendral, todo um pioneiro em Espanha na realização desta técnica quem, contudo, recorda que nem todos os pacientes com fibrilação auricular podem beneficiar-se dela.
"Sempre há que valorar os riscos, pelo que se pode aplicar em pacientes de idade não muito avançada, que não tenham o coração alterado e que não estejam bem controlados com medicação", sublinha Almendral.
"Há que avaliar o caso de cada pessoa", acrescenta este especialista. Dependendo da idade, dos sintomas e a resposta, o médico decide se tratar só pelos medicamentos – para tratar o ritmo ou a frequência –, que em muitas pessoas são efectivos, ou optar por outras técnicas, como a ablação ou incluso a cirurgia.
Precisamente, a agência estado-unidense do medicamento (FDA pelas suas siglas em inglês) acaba de aprovar um novo fármaco, a dronedarona, para tratar este transtorno, que parece que se relaciona com um menor número de efeitos secundários.
Três anos depois de submeter-se à intervenção, Ángel assegura que a sua vida mudou por completo. Submete-se a revisões periódicas, sobretudo porque segue necessitando apoio farmacológico com antiarritmicos -fármacos que se associam com importantes efeitos secundários – e, ademais, evita comidas copiosas e substâncias estimulantes, como o álcool. Mas não voltou a ter novas crises. "É como se houvesse voltado a nascer", conclui.
(Ilustração: Luis S. Parejo)
CRISTINA G. LUCIO EL MUNDO
MADRID.- "Jovem, activo e sem preocupações de saúde", Ángel Rabadán não esperava receber más notícias quando, em 1997, decidiu submeter-se a uma revisão rotineira. Porém, o gesto do então funcionário da Assembleia municipal de Madrid, torceu-se quando o médico lhe disse "não podes ir, o electrocardiograma não é normal".
O diagnóstico chegou em seguida: fibrilação auricular. Segundo lhe explicaram, havia um problema com o ritmo do seu coração. A actividade eléctrica da aurícula era caótica, o que afectava a regularidade da 'bomba' vital.
Ángel compreendeu então que essas "palpitações e cansaço" que levava notando há um par de anos e às quais "não havia dado nenhuma importância" eram consequência da enfermidade.
Segundo explica Jesús Almendral, chefe do serviço de Electrofisiologia Clínica do Hospital de Sanchinarro de Madrid, é habitual que o transtorno permaneça oculto durante um tempo. "Há pessoas que, sobretudo ao princípio, não notam nenhum sintoma o que atribuem ao esgotamento, o pulso acelerado ou a fatiga que apreciam noutras circunstâncias", comenta.
No caso de Ángel, havia, ademais, outros factores que haviam 'escondido' o diagnóstico. Era jovem – só 41 anos – e o seu coração não apresentava nenhuma patologia prévia, algo pouco habitual no transtorno. Por isso, os médicos catalogaram o seu quadro como 'raro'.
Segundo dados da secção de Electrofisiología e Arritmias da Sociedade Espanhola de Cardiologia, esta enfermidade é mais comum em pessoas de idade avançada – ao redor de 10% dos maiores de 75 anos padece-a – e só aparece em pacientes com problemas de hipertensão, valvulopatias ou que tenham sofrido um enfarto ou angina de peito.
Ángel tinha um bom prognóstico e começou a tratar-se com fármacos anti arrítmicos e anticoagulantes (para evitar embolias, a complicação mais grave do transtorno). Porém, a enfermidade não respondia e as palpitações e o cansaço que ao princípio só notava de vez em quando começaram a instalar-se na sua vida diária.
As náuseas e síncopes não tardaram em chegar. "Estava muito limitado, passava fatal. Desvanecia-me cada dois por três e o pulso podia chegar-me a 180 incluso estando sentado, era desesperante", comenta Rabadán, quem assegura que não olvidará o dia em que perdeu o conhecimento na praia das suas duas meninas pequenas.
"Chegou um momento em que acreditei que assim não poderia viver", assegura.
Fármacos ou cirurgia
Porém, este madrileno recuperou a esperança depois de passar pela sala de operações para submeter-se a uma ablação da fibrilação auricular com cateter, uma técnica relativamente nova que é capaz de 'anular' a zona onde se produz a falha eléctrica no coração, pelo que este recupera a normalidade.
"Supõe praticamente a cura", comenta o especialista do Hospital Clínico de Barcelona Josep Brugada, quem preside a Sociedade Europeia de Arritmias desde 2007.
"Nos últimos 20 anos produziram-se importantes avanços no âmbito das arritmias, como o desenvolvimento desta técnica, que permite melhorar a qualidade de vida do paciente", ajuntou.
Coincide com o seu ponto de vista Jesús Almendral, todo um pioneiro em Espanha na realização desta técnica quem, contudo, recorda que nem todos os pacientes com fibrilação auricular podem beneficiar-se dela.
"Sempre há que valorar os riscos, pelo que se pode aplicar em pacientes de idade não muito avançada, que não tenham o coração alterado e que não estejam bem controlados com medicação", sublinha Almendral.
"Há que avaliar o caso de cada pessoa", acrescenta este especialista. Dependendo da idade, dos sintomas e a resposta, o médico decide se tratar só pelos medicamentos – para tratar o ritmo ou a frequência –, que em muitas pessoas são efectivos, ou optar por outras técnicas, como a ablação ou incluso a cirurgia.
Precisamente, a agência estado-unidense do medicamento (FDA pelas suas siglas em inglês) acaba de aprovar um novo fármaco, a dronedarona, para tratar este transtorno, que parece que se relaciona com um menor número de efeitos secundários.
Três anos depois de submeter-se à intervenção, Ángel assegura que a sua vida mudou por completo. Submete-se a revisões periódicas, sobretudo porque segue necessitando apoio farmacológico com antiarritmicos -fármacos que se associam com importantes efeitos secundários – e, ademais, evita comidas copiosas e substâncias estimulantes, como o álcool. Mas não voltou a ter novas crises. "É como se houvesse voltado a nascer", conclui.
(Ilustração: Luis S. Parejo)
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