segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Comer mal deprime-nos


Uma dieta rica em fruta, verdura e pescado reduz em um quarto o risco de depressão

ESTUDO BRITÂNICO
Actualizado Segunda-feira 02/11/2009 12:07 (CET)

MARÍA VALERIO ELMUNDO.ES

MADRID.- Quando o rio sonha... Assim poderia intitular-se a nova jornada de investigações que demonstra que a dieta também pode influir de alguma maneira na nossa saúde mental. Faz menos de um mês um trabalho espanhol mostrava que a dieta mediterrânea podia manter a depressão na fila; agora, uma nova investigação britânica corrobora-o pela via inversa: as pessoas que comem mais alimentos processados e menos frutas e verduras têm maior risco de sofrer este transtorno psicológico.

Pode ser a variedade de antioxidantes, folatos, vitaminas e outros nutrientes que aporta a cozinha tradicional ou bem os perigos associados às gorduras e alimentos processados. O caso é que, ainda as razões não estão muito claras hoje por hoje, cada vez são mais as evidências que apontam que a alimentação pode influir em certas enfermidades mentais.

Os últimos dados deram-se a conhecer nas páginas da revista 'British Journal of Psychiatry' e demonstra que as pessoas que comem mal têm até 58% maior risco de sofrer uma depressão. Pela sua parte, os 'apóstolos' da dieta mediterrânea mantêm uns 26% menos de probabilidades de sofrer este diagnóstico.

Os seus dados procedem do estudo durante cinco anos de mais de 3.500 funcionários britânicos com idades compreendidas entre os 35 e os 55 anos. Os investigadores, dirigidos por Archana Singh-Manoux, submeteram-nos a cuidadosas análises para valorar o seu estado de saúde e perguntaram-lhes rotineiramente com quanta frequência incluíam na sua dieta um total de 127 alimentos diferentes.

Assim, quem comia mais fritos, doces, carnes e outros produtos ricos em gorduras e calorias mostravam um perfil de maior risco à hora de valorar a incidência de depressão. Pelo contrário, as verduras, hortaliças e pescado ofereceram um papel protector, tal e como já havia assinalado recentemente um estudo 'made in Spain'.

Até agora, como reconhece o principal autor, observaram-se os efeitos de diferentes alimentos ou nutrientes por separado, mas estas são das poucas experiências que valorizam o papel da dieta desde um ponto de vista global na depressão. É possível, sugerem nas suas conclusões, que o efeito tenha que ver com a sinergia que aporta todos os nutrientes mediterrâneos ao comê-los combinados.

Ou bem a que as dietas ricas em calorias têm um efeito inflamatório que, ademais de influir na saúde cardiovascular, repercutem-se em certos circuitos neuronais. Mas sejam quais sejam os mecanismos precisos, os investigadores sublinham os benefícios que uma política de saúde pública encaminhada a melhorar a dieta da população pode ter a este nível. "A alimentação deve considerar-se um potencial toque de alvorada na prevenção dos transtornos depressivos", conluiem.

Fábrica de doces (Foto: Johnny Bonet)

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