Neste Artigo:
- Quadro Clínico
- Quadro Psicológico
- Veja Outros Artigos Relacionados ao Tema
A solidão é completamente contrária ao conceito do "humano". Mas se o fato de estar sozinho pode produzir estragos em uma pessoa que se encontra na chamada "plenitude da vida", então o que poderia acontecer com alguém que já está, provavelmente, ao final do caminho? O que fazer com uma pessoa que necessita constante supervisão e atenção?
Copyright © 2003 Bibliomed, Inc. 25 de Setembro de 2003.
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3843&ReturnCatID=1770
A solidão entre pessoas idosas é freqüentemente mais comum do que se pensa. Segundo cifras da Organização Pan-americana de Saúde, o grupo humano que proporcionalmente atinge taxas mais altas de crescimento no mundo está entre os 60 e os 85 anos de idade. As causas estão relacionadas com a melhoria da alimentação e o crescimento da cobertura dos serviços de saúde pública, enfrentando importantes sistemas de controle da natalidade. Na Inglaterra, as entidades de estatística calculam que existirá, no ano 2.031, mais de 35.000 cidadãos com pelo menos 100 anos de vida.
Um estudo desenvolvido pela psicóloga argentina Marta Susana Tetamanti, intitulado "La vejez, el tema olvidado" (O envelhecimento, este tema esquecido), defende que existem múltiplas características para que esta porção da sociedade se encontre atualmente isolada. Segundo esta professora de psicologia da Universidad Nacional de Mar Del Plata, o conceito capitalista da sociedade, segundo o qual "o que não serve se joga fora" foi transformado em realidade para os mais velhos. São rechaçados de postos de trabalho, isolados das famílias e, em alguns casos, com matrimônios que terminam em viuvez. Segundo Tetamanti, o aspecto individualista das sociedades contemporâneas deixa os idosos solitários, o grupo humano com maiores índices de desemprego.
Da mesma forma, agrega a especialistas, as mudanças físicas e em seu quadro familiar, os leva a sofrer de maiores depressões e a ser o grupo humano com maiores taxas de suicídios.
Quadro Clínico
"Um idoso, por definição biológica, é aquela pessoa que tem 65 anos de idade ou mais", comenta o Dr. Samir Kabbabe, que trabalha como um clínico geral e de geriatria na Clínica Metropolitana em Caracas. "Além do mais, esta é uma condição na qual a reserva do organismo está consumida e há um nível de funcionamento lento, razão pela qual não se pode submeter tais pessoas a demandas excessivas", adiciona o especialista. Desta maneira, caso se exija um grande esforço ao coração de um idoso, ele poderia ter um colapso. Ou se, por exemplo, lhe são administrados medicamentos que devam ser eliminados pelo fígado e este já não se encontra em condições ótimas, se poderia intoxicar o organismo.
"A situação para um idoso que esteja só é terrível: a pessoa pode chegar padecer de enfermidades psicossomáticas produzidas pela depressão. Desta maneira, em busca de chamar atenção sobre a sua situação, acredita sofrer de problemas que não existem realmente, como a acentuação de um sintoma", explica o Dr. Kabbabe. Também podem apresentar problemas de memória como o chamado "esquecimentos benignos próprios da idade", condição de um quadro geriátrico que pode chegar a se acentuar para um mal de Alzheimer.
A deterioração do organismo e das funções que este desempenha trazem como conseqüência a necessidade de companhia para seguir vivendo. Caso contrário, a pessoa se sente abandonada e pode sofrer não apenas de enfermidades psicosomáticas, mas também de enfermidades que podem incluir tanto o aspecto físico como o psicológico. Em ambos os casos, aparece à depressão, que é o produto e causa de numerosos transtornos psico-físicos.
O importante, finaliza o Dr. Kabbabe, "é estabelecer um bom projeto de vida baseada na família, para que desta maneira sempre se possa contar com alguém".
Quadro Psicológico
"Na cultura latino-americana, não temos respeitado o direito dos idosos", declara Rubén Hernández, psiquiatra venezuelano internacionalmente reconhecido. "Toda a pessoa de idade avançada requer companhia e a solidão é a pior inimiga de uma pessoa que se encontra na terceira ou quarta idade (50 a 100 anos). A pessoa se torna muito exigente devido às mudanças biológicas que sofreu: perda da memória, transtornos de conduta, perda da capacidade de administrar os seus bens. Pode inclusive padecer do mal de Alzheimer".
A morte neuronial produz mudanças drásticas na personalidade de um indivíduo: as idéias paranóicas começam a se manifestar por todos os lados – geralmente como conseqüência da perda da memória – o que gera uma grande quantidade de conflitos familiares. Mas a atividade física pode fazer do envelhecimento um processo mais lento.
Além do fato de que, na maioria das vezes, os idosos não podem subsistir por si próprios (regressam a uma etapa quase infantil de dependência), isto traz a realidade de não contarem com alguém que lhes ofereça o carinho que necessitam, o que pode chegar a lhes deprimir de maneira muito severa. Cada pessoa, explica o Dr. Hernández, deve assumir a sua responsabilidade: "se nossos pais nos deram a oportunidade de nos formarmos e nos educarmos, nós temos a obrigação de oferecer-lhes os cuidados que necessitam ao final de suas vidas. A melhor terapia para vencer a solidão é a integração familiar".
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A solidão é completamente contrária ao conceito do "humano". Mas se o fato de estar sozinho pode produzir estragos em uma pessoa que se encontra na chamada "plenitude da vida", então o que poderia acontecer com alguém que já está, provavelmente, ao final do caminho? O que fazer com uma pessoa que necessita constante supervisão e atenção?
Copyright © 2003 Bibliomed, Inc. 25 de Setembro de 2003.
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3843&ReturnCatID=1770
A solidão entre pessoas idosas é freqüentemente mais comum do que se pensa. Segundo cifras da Organização Pan-americana de Saúde, o grupo humano que proporcionalmente atinge taxas mais altas de crescimento no mundo está entre os 60 e os 85 anos de idade. As causas estão relacionadas com a melhoria da alimentação e o crescimento da cobertura dos serviços de saúde pública, enfrentando importantes sistemas de controle da natalidade. Na Inglaterra, as entidades de estatística calculam que existirá, no ano 2.031, mais de 35.000 cidadãos com pelo menos 100 anos de vida.
Um estudo desenvolvido pela psicóloga argentina Marta Susana Tetamanti, intitulado "La vejez, el tema olvidado" (O envelhecimento, este tema esquecido), defende que existem múltiplas características para que esta porção da sociedade se encontre atualmente isolada. Segundo esta professora de psicologia da Universidad Nacional de Mar Del Plata, o conceito capitalista da sociedade, segundo o qual "o que não serve se joga fora" foi transformado em realidade para os mais velhos. São rechaçados de postos de trabalho, isolados das famílias e, em alguns casos, com matrimônios que terminam em viuvez. Segundo Tetamanti, o aspecto individualista das sociedades contemporâneas deixa os idosos solitários, o grupo humano com maiores índices de desemprego.
Da mesma forma, agrega a especialistas, as mudanças físicas e em seu quadro familiar, os leva a sofrer de maiores depressões e a ser o grupo humano com maiores taxas de suicídios.
Quadro Clínico
"Um idoso, por definição biológica, é aquela pessoa que tem 65 anos de idade ou mais", comenta o Dr. Samir Kabbabe, que trabalha como um clínico geral e de geriatria na Clínica Metropolitana em Caracas. "Além do mais, esta é uma condição na qual a reserva do organismo está consumida e há um nível de funcionamento lento, razão pela qual não se pode submeter tais pessoas a demandas excessivas", adiciona o especialista. Desta maneira, caso se exija um grande esforço ao coração de um idoso, ele poderia ter um colapso. Ou se, por exemplo, lhe são administrados medicamentos que devam ser eliminados pelo fígado e este já não se encontra em condições ótimas, se poderia intoxicar o organismo.
"A situação para um idoso que esteja só é terrível: a pessoa pode chegar padecer de enfermidades psicossomáticas produzidas pela depressão. Desta maneira, em busca de chamar atenção sobre a sua situação, acredita sofrer de problemas que não existem realmente, como a acentuação de um sintoma", explica o Dr. Kabbabe. Também podem apresentar problemas de memória como o chamado "esquecimentos benignos próprios da idade", condição de um quadro geriátrico que pode chegar a se acentuar para um mal de Alzheimer.
A deterioração do organismo e das funções que este desempenha trazem como conseqüência a necessidade de companhia para seguir vivendo. Caso contrário, a pessoa se sente abandonada e pode sofrer não apenas de enfermidades psicosomáticas, mas também de enfermidades que podem incluir tanto o aspecto físico como o psicológico. Em ambos os casos, aparece à depressão, que é o produto e causa de numerosos transtornos psico-físicos.
O importante, finaliza o Dr. Kabbabe, "é estabelecer um bom projeto de vida baseada na família, para que desta maneira sempre se possa contar com alguém".
Quadro Psicológico
"Na cultura latino-americana, não temos respeitado o direito dos idosos", declara Rubén Hernández, psiquiatra venezuelano internacionalmente reconhecido. "Toda a pessoa de idade avançada requer companhia e a solidão é a pior inimiga de uma pessoa que se encontra na terceira ou quarta idade (50 a 100 anos). A pessoa se torna muito exigente devido às mudanças biológicas que sofreu: perda da memória, transtornos de conduta, perda da capacidade de administrar os seus bens. Pode inclusive padecer do mal de Alzheimer".
A morte neuronial produz mudanças drásticas na personalidade de um indivíduo: as idéias paranóicas começam a se manifestar por todos os lados – geralmente como conseqüência da perda da memória – o que gera uma grande quantidade de conflitos familiares. Mas a atividade física pode fazer do envelhecimento um processo mais lento.
Além do fato de que, na maioria das vezes, os idosos não podem subsistir por si próprios (regressam a uma etapa quase infantil de dependência), isto traz a realidade de não contarem com alguém que lhes ofereça o carinho que necessitam, o que pode chegar a lhes deprimir de maneira muito severa. Cada pessoa, explica o Dr. Hernández, deve assumir a sua responsabilidade: "se nossos pais nos deram a oportunidade de nos formarmos e nos educarmos, nós temos a obrigação de oferecer-lhes os cuidados que necessitam ao final de suas vidas. A melhor terapia para vencer a solidão é a integração familiar".
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