terça-feira, 10 de novembro de 2009

Internet – nasce o supercérebro global. A rede de comunicação global já é capaz de comportamentos complexos


Michael Brooks - da "New Scientist"

http://www.professorinterativo.com.br/ivan/artigos/069_internet.htm

"Estamos encontrando testes de Turing realizados com sucesso para certas situações", disse Norman Johnson, líder do Projeto de Inteligência Simbiótica no Laboratório Nacional de Los Alamos. "No contexto certo é impossível distinguir a diferença."

A inteligência do cérebro global viria de uma montagem de inteligências limitadas, cada uma com a sua área de especialidade. Isso, afirma Johnson, poderia ser exatamente o equivalente à inteligência humana. É difícil encontrar um pesquisador que não pense que o cérebro global é uma possibilidade.

Mas a humanidade realmente a quer? Os cientistas têm como meta criar uma mente vasta, que vá além de tudo que se possa entender ou controlar -abrindo uma porta que muitos prefeririam manter fechada. Heylighen reconhece esse pequeno problema de imagem.

Ele vê esse cérebro global como o centro do que ele chama de superorganismo global. Nesse contexto, a sociedade humana seria como um organismo integrado, com a rede cumprindo o papel de cérebro e as pessoas atuando como células do corpo. "A idéia do cérebro em si não é muito controversa, mas a do superorganismo certamente é", diz Heylighen.

Humanos dispensáveis
O pesquisador de inteligência artificial e escritor Ben Goertzel, da IntelliGenesis Corporation, em Nova York, acredita que os seres humanos serão parte secundária desse organismo, talvez até mesmo dispensáveis. Com efeito, não é uma imagem muito confortável para uma espécie acostumada a ver-se como o pináculo da criação.

A inteligência auto-adaptativa do cérebro global poderia rapidamente ultrapassar a capacidade humana de entendê-la. Talvez isso já tenha até ocorrido. De acordo com Daniel Dennett, diretor do Centro para Estudos Cognitivos da Universidade Tufts em Medford, Massachussetts (nordeste dos EUA), "a rede de comunicação global já é capaz de comportamentos complexos, que desafiam os esforços dos especialistas humanos para compreendê-los".

E o que não se pode entender, ele adiciona, não se pode controlar. "Já somos tão dependentes da rede que não podemos mais nos dar ao luxo de não fornecer a energia e a manutenção de que ela precisa." Tudo começaria inocentemente. O Principia Cybernetica Web logo estará requisitando informações sobre páginas particulares, se são interessantes ou relevantes para seus usuários, e manifestações sobre seus méritos.

O cérebro global em desenvolvimento poderia até tornar-se inteligente o suficiente para identificar falhas na informação e programar-se para procurar pessoas com o conhecimento faltante. Pediria então a elas a informação desejada. Heylighen chega a sugerir que poderia haver penas -como desconexão ou acesso restrito- para quem não cumprir com os pedidos. Afinal, se alguém vai se beneficiar do cérebro global, é dever dele ajudar outros que também estão procurando informações.

Párias digitais
Todas essas inovações combinadas em escala global poderiam criar uma rede com comportamentos complexos, o que ainda não é possível conceber. Estaria sendo criada uma utopia, uma distopia ou algo totalmente novo? Dennett está certo de uma coisa: "Se não queremos ser comandados, então temos de ser muito cuidadosos ao controlar nossa dependência e a evolução da rede".

Cliff Joslyn, chefe da equipe do DKS em Los Alamos, parece despreocupado. Experimentar sistemas com agentes autônomos "traz riscos e surpresas", ele admite. "O truque será primeiro entender de uma perspectiva científica como esses sistemas se comportam e, então, construir limites para que essas interações sejam contidas com segurança." Se os mais temerosos já começaram a pensar em desconectar o modem e abandonar a rede, devem pensar duas vezes. Fazendo isso, podem estar aderindo voluntariamente à classe subalterna da informação.

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