O maior contacto que os adultos tiveram com animais pode dar-lhes protecção.
EL MUNDO
ISABEL F. LANTIGUA
MADRIDE.- Estudantes universitários em viagens de fim de carreira, pares jovens de escapada romântica e alunos de escolas secundárias foram, até ao momento, os mais afectados pelo vírus A/H1N1. Um comportamento da gripe que "não é habitual", segundo os peritos, mas que também se observou na pandemia de 1918, a da gripe espanhola.
Segundo os especialistas do Centro de Controlo de Enfermidades Europeu (ECDC), "a perigosidade desta infecção é que está causada por um novo vírus e, portanto, o sistema imunitário não tem defesas frente a ele". Para Agnus Nicoll, director do Programa de Influenza do ECDC, "o facto de que foram os jovens quem o exportou a outros países fora do México só indica que são eles os que mais vão de férias nesta época do ano, mas todo o mundo está em risco".
Ainda que os investigadores não conheçam ao certo o porquê deste fenómeno 'juvenil' – "até que não tenhamos mais detalhes acerca da composição e o comportamento da patogenia" –, elaboraram-se algumas hipóteses que poderiam explicar em parte a maior vulnerabilidade dos meninos e os do grupo etário vinte nos. Alberto García, epidemiólogo e porta-voz de Sanofi Pasteur para a vacina da gripe, indica a EL MUNDO que "uma das teorias é que a pandemia mata mais aos jovens porque os adultos estiveram em contacto com vários vírus gripais distintos na sua vida e têm uma certa protecção, da que os jovens carecem".
Outra explicação que surgiu ao principio foi que as pessoas maiores vacinadas frente à gripe sazonal quiçá tiveram certa imunidade. Entretanto, ante esta crença a Organização Mundial da Saúde (OMS) apressou-se a afirmar que "esta vacina não protege frente ao novo vírus".
Para Emilio Bouza, chefe do serviço de Microbiologia Clínica e Enfermidades Infecciosas do Hospital Gregorio Marañón, "também é possível que tenha algo que ver o facto de que a gente maior teve mais exposição a esta classe de vírus, porque esteve mais em contacto com porcos e com o meio rural".
Outras hipóteses baseiam-se nos conhecimentos existentes sobre a gripe espanhola. O epidemiólogo Alberto García assinala que "o mesmo que acontece agora observou-se durante a pandemia de 1918, onde morreram muitos jovens ao redor dos 20 anos. Isto ocorreu porque o sistema imunitário dos jovens reagiu de forma excessiva frente ao vírus e voltou-se contra o próprio organismo". Assim mesmo, "eram os jovens que estavam expostos a multidões e concentrações de gente, já que eram eles os que andavam em trens, combatiam na frente, etc., e o vírus transmitia-se com mais facilidade nesses ambientes", conclui García.
Grupos vulneráveis
O facto de que a primeira vítima fora do México seja um bebé de 23 meses, falecido nos EUA, é mais desconcertante, pois isto não é comparável ao ocorrido em 1918. "Na gripe espanhola morriam poucos bebés, primeiro porque são muito pequenos, têm ainda os anticorpos da mãe, o que pode protegê-los frente a uma infecção e, segundo, porque não estavam expostos a grandes concentrações de pessoas", declara García.
Não obstante, parece-se com o que ocorre com a gripe sazonal comum, já que os bebés, como os anciãos, são grupos de risco. "É necessário ter os resultados dos estudos epidemiológicos que estão em curso com a cepa A/H1N1 para poder dar uma resposta a estas questões", reconheceu a EL MUNDO María Neira, directora da Saúde Pública da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Agnus Nicoll insiste em que "no caso de pandemia, 50% da população poderia ver-se afectada e esta percentagem inclui todo o tipo de cidadãos sem excepção, sendo os mais vulneráveis as pessoas com outras patologias crónicas, não só os jovens". Ademais, recorda que "todos os anos, a gripe comum deixa ao redor de 40.000 mortos no mundo, uma cifra que temos que levar a sério. Por isso, é importante estar vigilante ante esta nova ameaça".
Este especialista dos Centros Europeus recomenda "tomar as medidas de precaução habituais que se adoptam frente à gripe sazonal comum, como lavar as mãos, tapar a boca ao tossir e outras normas higiénicas, que também podem ajudar a prevenir algum contágio nesta nova situação".
Um par beija-se na cidade do México. (Foto: AFP)
EL MUNDO
ISABEL F. LANTIGUA
MADRIDE.- Estudantes universitários em viagens de fim de carreira, pares jovens de escapada romântica e alunos de escolas secundárias foram, até ao momento, os mais afectados pelo vírus A/H1N1. Um comportamento da gripe que "não é habitual", segundo os peritos, mas que também se observou na pandemia de 1918, a da gripe espanhola.
Segundo os especialistas do Centro de Controlo de Enfermidades Europeu (ECDC), "a perigosidade desta infecção é que está causada por um novo vírus e, portanto, o sistema imunitário não tem defesas frente a ele". Para Agnus Nicoll, director do Programa de Influenza do ECDC, "o facto de que foram os jovens quem o exportou a outros países fora do México só indica que são eles os que mais vão de férias nesta época do ano, mas todo o mundo está em risco".
Ainda que os investigadores não conheçam ao certo o porquê deste fenómeno 'juvenil' – "até que não tenhamos mais detalhes acerca da composição e o comportamento da patogenia" –, elaboraram-se algumas hipóteses que poderiam explicar em parte a maior vulnerabilidade dos meninos e os do grupo etário vinte nos. Alberto García, epidemiólogo e porta-voz de Sanofi Pasteur para a vacina da gripe, indica a EL MUNDO que "uma das teorias é que a pandemia mata mais aos jovens porque os adultos estiveram em contacto com vários vírus gripais distintos na sua vida e têm uma certa protecção, da que os jovens carecem".
Outra explicação que surgiu ao principio foi que as pessoas maiores vacinadas frente à gripe sazonal quiçá tiveram certa imunidade. Entretanto, ante esta crença a Organização Mundial da Saúde (OMS) apressou-se a afirmar que "esta vacina não protege frente ao novo vírus".
Para Emilio Bouza, chefe do serviço de Microbiologia Clínica e Enfermidades Infecciosas do Hospital Gregorio Marañón, "também é possível que tenha algo que ver o facto de que a gente maior teve mais exposição a esta classe de vírus, porque esteve mais em contacto com porcos e com o meio rural".
Outras hipóteses baseiam-se nos conhecimentos existentes sobre a gripe espanhola. O epidemiólogo Alberto García assinala que "o mesmo que acontece agora observou-se durante a pandemia de 1918, onde morreram muitos jovens ao redor dos 20 anos. Isto ocorreu porque o sistema imunitário dos jovens reagiu de forma excessiva frente ao vírus e voltou-se contra o próprio organismo". Assim mesmo, "eram os jovens que estavam expostos a multidões e concentrações de gente, já que eram eles os que andavam em trens, combatiam na frente, etc., e o vírus transmitia-se com mais facilidade nesses ambientes", conclui García.
Grupos vulneráveis
O facto de que a primeira vítima fora do México seja um bebé de 23 meses, falecido nos EUA, é mais desconcertante, pois isto não é comparável ao ocorrido em 1918. "Na gripe espanhola morriam poucos bebés, primeiro porque são muito pequenos, têm ainda os anticorpos da mãe, o que pode protegê-los frente a uma infecção e, segundo, porque não estavam expostos a grandes concentrações de pessoas", declara García.
Não obstante, parece-se com o que ocorre com a gripe sazonal comum, já que os bebés, como os anciãos, são grupos de risco. "É necessário ter os resultados dos estudos epidemiológicos que estão em curso com a cepa A/H1N1 para poder dar uma resposta a estas questões", reconheceu a EL MUNDO María Neira, directora da Saúde Pública da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Agnus Nicoll insiste em que "no caso de pandemia, 50% da população poderia ver-se afectada e esta percentagem inclui todo o tipo de cidadãos sem excepção, sendo os mais vulneráveis as pessoas com outras patologias crónicas, não só os jovens". Ademais, recorda que "todos os anos, a gripe comum deixa ao redor de 40.000 mortos no mundo, uma cifra que temos que levar a sério. Por isso, é importante estar vigilante ante esta nova ameaça".
Este especialista dos Centros Europeus recomenda "tomar as medidas de precaução habituais que se adoptam frente à gripe sazonal comum, como lavar as mãos, tapar a boca ao tossir e outras normas higiénicas, que também podem ajudar a prevenir algum contágio nesta nova situação".
Um par beija-se na cidade do México. (Foto: AFP)
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