Todo mundo sabe que muita gordura faz mal para saúde. E, apesar de termos que controlar as coisas deliciosas que comemos, uma certa quantidade de gordura é necessária para o bom funcionamento do organismo; infelizmente, nosso corpo não consegue produzi-la sozinho: boa notícia para a nossa boca.
Triglicérides, colesterol e outros ácidos gordos essenciais armazenam energia, nos isolam e protegem os nossos órgãos vitais. As gorduras atuam como mensageiros, ajudando as proteínas a fazerem seu trabalho. Elas também começam as reações químicas que ajudam a controlar crescimento, função imunológica, reprodução e outros aspectos do metabolismo básico.
As gorduras ajudam o corpo a estocar certos nutrientes também. As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K são armazenadas no fígado e em tecidos adiposos.
O ciclo de fazer, quebrar, armazenar e mobilizar gorduras é o núcleo de como os seres humanos e todos os animais regulam a sua energia. Um desequilíbrio em qualquer etapa pode resultar em doenças, incluindo doenças cardíacas e diabetes. Por exemplo, ter triglicérides demais na corrente sanguínea aumenta o risco de entupimento das artérias, que pode levar a ataques cardíacos e derrames.
Sabendo que as gorduras desempenham um papel tão importante em tantas funções básicas do organismo, pesquisadores resolveram estudá-las em seres humanos e outros organismos. Apesar da importância de gordura, ninguém ainda sabe exatamente como os seres humanos as armazenam e ativam.
Para tentar compreender esses processos melhor, os cientistas pesquisaram triglicérides em lugares inesperados: bichos-da-seda, moscas e mosquitos.
Principal tipo de gordura que consumimos, as triglicérides são especialmente adequadas para o armazenamento de energia, porque guardam mais do que o dobro de energia que carboidratos ou proteínas.
Depois que as triglicérides são identificadas durante a digestão, são enviadas para as células através da corrente sanguínea. Algumas produzem energia imediatamente. O resto é armazenado dentro das células em bolhas chamadas gotículas lipídicas.
Quando precisamos de energia extra, por exemplo, quando corremos uma maratona, nossos corpos usam enzimas chamadas lipases para quebrar as triglicérides armazenadas. A fábrica de energia da célula, a mitocôndria, pode criar mais da principal fonte energia do corpo: o trifosfato de adenosina ou ATP.
Os pesquisadores estão tentando identificar, purificar e determinar as funções das proteínas individuais envolvidas no metabolismo de triglicérides. Eles foram os primeiros a purificar a proteína principal na regulação de gordura nos insetos, TGL, e agora querem entender o que ela faz. Eles descobriram também a função de uma proteína-chave chamada Lsd1, e estão pesquisando a LSD2.
O estudo poderia melhorar os nossos conhecimentos sobre doenças como diabetes, obesidade e doenças cardíacas, além do entendimento de como os insetos usam a gordura quando se metamorfoseiam e põem ovos.
Na hipótese de como perturbar esses processos, as descobertas poderiam levar a novas formas dos agricultores para proteger suas colheitas de pragas, e de agentes de saúde para combater as doenças transmitidas por mosquitos como a malária.
Mas, antes de tudo isso acontecer, os cientistas precisam ter mais informações em nível molecular. Um dos desafios da pesquisa é obter substâncias oleosas como a gordura para trabalhar em testes de laboratório, que tendem a ser à base de água. No entanto, as nossas células não podem funcionar sem a antipatia mútua entre água e óleo.
As membranas celulares “guardam” as células e as organelas dentro delas. Gordura, especificamente o colesterol, faz essas membranas serem possíveis. A membrana controla a água dentro e fora das células, enquanto que as extremidades não-gordurosas gravitam em torno da água. Nessas extremidades, as moléculas se alinham espontaneamente para formar uma membrana semipermeável. O resultado: barreiras de proteção flexíveis que, como seguranças em um clube, só permitem que as moléculas necessárias cruzem dentro e fora das células. [LiveScience]
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