Camila Sanchéz nasceu em estado vegetativo permanente. Os pais conseguiram
autorização para desligar as máquinas e dar-lhe uma morte digna. "Camila
não pensa, mas ensina", escreveu o pai, num poema. "Camila não vê, mas
faz ver"
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=2598516&page=-1
A luta de Selva Herbón e Carlos Sanchéz pelo
direito de dar uma morte digna à filha mudou a lei na Argentina. O "país
das pampas" tem, agora, o que não tinha há três anos, quando Camila
nasceu, em estado vegetativo permanente - uma lei da morte digna.
Assim que a proposta foi aprovada pelo
Governo argentino, os pais de Camila decidiram desligar a sonda gástrica que a
alimentava, o soro que a hidratava e retirar o tubo que a mantinha a respirar e
deixar a menina, de três anos, ir em paz.
"Camila passou por este mundo e deixou
direitos para todos", desabafou Selva Herbón, em declarações ao diário
argentino "Clarín". O desejo dos pais concretizou-se. Os médicos que
tantas vezes disseram não, acabaram por dizer sim, à luz da nova lei.
"Hoje, Camila, o nosso anjo, pôde
partir. Obrigado aos médicos que puderam interpretar o sentido da lei Nacional
de direitos dos pacientes, graças aos esforços de todos os que se comoveram e
nos acompanharam neste processo de dor e luta incansáveis", escreveu a
mãe, na página pessoal no Facebook.
Foi o fim de uma luta, e um sofrimento, de
três anos, para os pais que se decidiram por tentar dar uma morte digna à filha
assim que foi comprovado que não havia tratamento ou reabilitação possível do
estado permanente vegetativo em que nasceu, em 2009. Nestes anos, três comités
de bioética consideraram que o estado de Camila era irreversível, que a menina
nunca passaria do estado vegetativo.
"Para Selva foi um processo de muita
luta, de muitas lágrimas e muita angústia", disse um amigo da mãe, citado
pelo diário espanhol "El Mundo", contando como a progenitora encarou
a morte da filha.
"Reagiu com lágrimas, com dor, mas
também com muito alívio. Agora vai poder acabar o duelo que começou há três
anos", disse o mesmo amigo, que não quis ser identificado. "É uma
ferida que irá cicatrizando com o tempo", acrescentou.
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