sexta-feira, 5 de março de 2010

Luanda. O sofrível serviço emergencial duma certa clínica privada do Alvalade


Sexta-feira, Março 05, 2010.
É noite de terça-feira em Luanda. A Princesa de um casal de profissionais da média arde febril, acometida de uma doença que ainda não sabem e precisam do sábio diagnóstico dum médico e duma eficaz receita em termos de profilaxia.


O casal decide deixar Viana, onde ainda não há clínicas na rede das seguradoras, e rumar para uma certa Privada ao Alvalade, na zona urbana da cidade. Tal como esse casal que busca pela saúde da filha, uma trintena de outros (im)pacientes aí se dirigiram em emergência, saídos de outros locais próximos e distantes. Grande parte dos que esperavam ser recebidos de forma emergencial, dadas as debilidades apresentadas viram a sua paciência esgotar num tratamento pior do que numa consulta de rotina em hospital público.

O ambiente torna-se pesado. Crianças várias respiravam por um fio. Havia feridos em acidentes de estrada e outros casos de relativa prioridade.

Para atendê-los apenas uma médica, dois auxiliares enfermeiros, uma analista, um maqueiro e nada mais. Embora os (im)pacientes e familiares tivessem pagos as consultas com o valor emergencial, a paxorra era enorme e nada de célere se passava. Muitos dos que chegavam pelos próprios pés, e mais atrasados do que outros trazidos às costas, eram chamados de imediato e sem se explicar o porquê. Eurodescendentes e uns bem-parecidos eram priorizados ao passo que à maioria nem uma palavra de compaixão recebiam na ausência duma aspirina que lhes acalmasse a febre ou dum outro analgésico que fizesse frente à febre. E foi nesse clima que a recepcionista em serviço, tal qual guardiã duma profissão auto-suficiente, ainda teve tempo para desabafar à reclamação duma senhora aflita com o filho ao colo: “Dona não vale a pena só se irritar com a demora. Vais voltar sempre aqui...”.

Perante a situação dois foram os caminhos: uns abandonaram e se desconhece o desfecho, enquanto outros aguardaram das dezanove a uma da manhã ou mais tarde para lhe ser passada uma receita médica cujos remédios seriam adquiridos algures na cidade escura, já que a farmácia da clínica nem sequer metade dos remédios passados pala médica possuía.
Publicada por Soberano Canhanga em Sexta-feira, Março 05, 2010


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1 comentário:

  1. kota, infelizmente é uma realidae o que você falou. isto tudo resume-se numa coisa: falta de quadros. é preciso apostar nos cursos de medicina, lançar mais medicos no mercado. nao podemos ter apenas uma unica faculdade de medicina. os nossos empresarios se tivessem visão abriam universidades de medicina com hospitais de nivel medio. o retorno seria garantido e o atendimento seria melhor, visto se tratarem de estudantes. caso contrario teremos o actual cenario 'dantesco' a piorar com medicos doutorados e bangões a pulurarem duma clinica a outra como se fossem bandoleiros.

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