Muito se fala sobre essa condição. Mas, em um país
onde todo mundo é um pouco médico e treinador de futebol, os conceitos que
andam por aí sobre a epilepsia nem sempre estão corretos.
Segundo Nic Swaner, portador de epilepsia, ela é um
distúrbio convulsivo, uma condição médica séria em que uma pessoa sofre um
súbito aumento na atividade elétrica do cérebro, afetando a maneira que ela age
ou sente. Existem muitas representações desta doença na televisão (a maioria
completamente errada, e só por causa do roteiro).
“Sofrendo da forma mais comercialmente tratável da
doença, a ideia mais precisa que eu posso dar a vocês [de um ataque] é que
tentem enrijecer ao máximo todos os músculos, além do ponto do desconforto.
Você está começando a sentir cãibras, não está? Agora tenha em mente: enquanto
seus músculos estão tensos, você está batendo repetidamente com as extremidades
e cabeça contra objetos sólidos (não tente fazer isso). É angustiante
testemunhar um homem tentando ficar em pé, mas com seus músculos tão
tensionados qualquer movimento é doloroso”, conta Nic.
Para ajudar a você entender um pouco mais sobre a
epliepsia, a seguinte lista tem 15 fatos que ele aprendeu sobre a doença
através de pesquisa, trauma e tratamento. Confira:
1. Hipócrates
(460 a.C. – 370 a.C.) escreveu o primeiro livro sobre a epilepsia, “Sobre O
Mal Sagrado”, cerca do ano 400 a.C., reconhecendo que se tratava de uma
desordem cerebral e apontando que as pessoas que sofriam de epilepsia não
tinham o poder da profecia.
2. Ataques simples de epilepsia Tônico-Clônica Generalizada (também
conhecido como Grande Mal) duram menos de 5 a 10 minutos, e não causam danos
cerebrais, contrário à crença geral. Os danos que eventualmente aparecem são
provavelmente resultado de traumas na cabeça (batidas).
3. Você não pode engolir sua língua durante um ataque. Você não consegue
engolir ela agora, consegue?
4. Existem algumas implicações recentes que fazem crer que a epilepsia está
relacionada com a ansiedade e depressão.
5. Da mesma forma que um diabético pode ser confundido com um motorista
bêbado, epiléticos podem apresentar ataques que se manifestam como
comportamento bizarro, como: repetição da mesma palavra, não responder a
perguntas, falar bobagens, retirar a roupa ou gritar (no caso de Nic, ele foi
considerado uma grande ameaça a toda uma classe de alunos quando estava
sofrendo de um ataque desta natureza).
6. No início do século 19, pessoas com epilepsia severa recebiam tratamento
em asilos. Mas uma das razões pelas quais eles eram mantidos separados dos
pacientes psiquiátricos era pela noção equivocada de que os ataques eram
contagiosos.
7. Todo mundo nasce com um limiar de ataque. Se o limiar é alto, é pouco
provável que você sofra um ataque. Entretanto, certas atividades ou coisas,
conhecidas como gatilhos, podem baixar seu limiar, como ingestão de álcool,
privação do sono, estresse, doenças, luzes piscando e hormônios (principalmente
para mulheres).
8. Somente em cerca de 30% dos casos de epliepsia a causa é determinada.
Nos outros 70%, a causa permanece sem resposta, caso em que é chamada de
epilepsia idiopática.
9. Cerca de 1 em 20 epilépticos são sensíveis a luzes piscantes, ou
epilepsia fotossensitiva. O contraste, ou mudança na iluminação, pode disparar
um ataque.
10. A cor oficial da Consciência da Epilepsia é lavanda, na cor
pantone PMS 2593.
11. No início do século 20, alguns dos estados dos EUA tinham leis proibindo
pessoas com epilepsia de casar ou se tornar pais, alguns até permitindo a
esterilização.
12. Os ataques tem um início, meio e fim. O início, chamado de aura, pode
apresentar sinais do ataque que está vindo, como cheiros, sons, sabores, cabeça
leve, dejá vu ou jamais vu (o contrário do dejá-vu, o sujeito sabe que já
presenciou a situação ou visitou o lugar outras vezes, mas tem a sensação de
que é a primeira vez). O meio é o ataque em si, seja ele um ataque de grande
mal ou um ataque parcial simples. O fim do ataque é chamado de fase pós-ictal e
é a fase que o cérebro está se recuperando, que pode levar de alguns segundos a
horas e geralmente é acompanhada de desorientação e perda de memória.
13. O tratamento apropriado para alguém com ataque tônico-clônico não é que
você vê na TV (muitas pessoas pressionando com o corpo uma pessoa que está
sofrendo ataque). O que você deve fazer: preste atenção ao tempo de duração do
ataque, mova os objetos que a pessoa em ataque pode atingir, e apenas bloqueie
o caminho para impedir que ela se mova muito longe (ou caia dentro da água, ou
caia da cama, etc). Coloque-os de lado depois do episódio e não coloque nada na
boca. Se durar mais de cinco minutos chame uma ambulância.
14. Diastat, ou diazepan, é o medicamento usado para tratar um ataque
prolongado ou ataques grupados. É um gel fornecido em um aplicador plástico
que, por azar, tem que ser aplicado por via retal.
15. A epilepsia geralmente não é uma doença para a vida toda, e somente 25%
dos afetados apresentam ataques difíceis de controlar. Em minha experiência,
quem tem desordens mais duradouras tem condições mais sérias em andamento.
Na internet, existe a Liga
Brasileira de Epilepsia, oferecendo informações e apoio para quem sofre
desta condição ou tem algum conhecido afetado por ela. Na página da PsiqWeb aparece um outro fato importante: em muitos poucos
casos o paciente apresenta, na fase pós-ictal, um furor epiléptico, no qual ele
se torna violento e ataca coisas e pessoas em torno dele durante alguns
minutos.[Listverse, DrauzioVarella, VivaComEpilepsia]
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