quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mosquitos da malária estão se transformando em novas espécies


Duas cepas do tipo de mosquito responsável pela maior parte da transmissão da malária na África estão se tornando espécies diferentes. A constatação foi feita por pesquisadores que comandam dois novos estudos publicados na revista Science. De acordo com eles, os mosquitos desenvolveram diferenças genéticas tão substanciais que já é possível falar em duas espécies diferentes.

O esforço internacional de pesquisa, co-liderada por cientistas do Colégio Imperial de Londres, examina a duas cepas do mosquito Anopheles gambiae, o principal tipo de mosquito responsável pela transmissão da malária na África sub-saariana. Essas cepas, conhecidas como M e S, são fisicamente idênticas. No entanto, a nova pesquisa mostra que as diferenças genéticas são tantas que eles parecem estar se tornando espécies diferentes. Por isso, os esforços para controlar as populações de mosquitos pode ser eficaz contra uma espécie de mosquito, mas não para o outro.

Os cientistas argumentam que, quando os pesquisadores estão desenvolvendo novas formas de controlar os mosquitos da malária, por exemplo, criando novos inseticidas ou tentar interferir com sua habilidade de reproduzir, eles precisam se certificar de que eles são eficazes em ambas as linhagens.

Os autores também sugerem que os mosquitos estão evoluindo mais rapidamente do que se pensava. Isso significa que os investigadores precisam acompanhar a composição genética de diferentes linhagens de mosquitos de muito perto, a fim de observar alterações que possam permitir que os mosquitos ultrapassem as medidas de controle no futuro.

O professor George Christophides, um dos investigadores da Divisão de Biologia Celular e Molecular do Colégio Imperial de Londres, lembra que a malária é uma doença mortal e afeta milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por uma de cinco mortes entre as crianças na África. “Sabemos que a melhor maneira de reduzir o número de pessoas que contraem malária é o controle dos mosquitos que transmitem a doença. Nossos estudos nos ajudam a compreender a composição dos mosquitos que transmitem a malária para que possamos encontrar novas maneiras de impedir que eles infectem as pessoas”, sintetiza.

Mais de 200 milhões de pessoas no mundo estão infectadas com a malária, segundo a Organização Mundial de Saúde. A maioria delas mora na África. A doença mata uma criança a cada 30 segundos. [Science Daily]

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