Quando se fala em realizar um parto dentro de casa,
sem a estrutura disponível em um hospital, muitas pessoas olham com
desconfiança. Contudo, ao revisar um estudo sobre o tema (publicado em 1996),
uma dupla de pesquisadoras concluiu que o parto domiciliar pode ser até mais
seguro do que o hospitalar.
De acordo com a especialista em estatística Ole
Olsen e a professora de obstetrícia Jette Aaroe Clausen, mais países deveriam
oferecer serviços de parto domiciliar adequados e dar a futuras mães mais
informações sobre a prática – o que permitiria uma escolha mais consciente. “Se
o parto domiciliar se tornar uma opção atrativa e segura para a maior parte das
mulheres grávidas, ele deve ser integrado aos sistemas de saúde”, acrescenta
Olsen.
Ao realizar uma revisão sistemática de um estudo
(selecionado entre seis) sobre o tema, conduzido com 11 mulheres, elas
concluíram que não há evidências suficientes de estudos experimentais para
favorecer o parto hospitalar (ou o domiciliar) no caso de gestações de baixo
risco – supondo que o parto feito em casa conte com o apoio de uma parteira
experiente e colaboração médica, caso haja necessidade de transferência.
Menos
intervenções
Outra conclusão tirada da revisão sistemática (que
usou uma série de outros estudos como referência) foi a de que procedimentos
rotineiros e fácil acesso a intervenções médicas podem, ao invés de ajudar,
levar a intervenções desnecessárias: em partos domésticos, ocorrem de 20 a 60%
menos intervenções (como cesariana ou injeção epidural) e de 10 a 30% menos
complicações (como sangramento pós-parto).
“Paciência é importante se as mulheres quiserem
evitar interferência e dar à luz espontaneamente”, aponta Clausen. “Em casa, a
tentação de realizar intervenções desnecessárias é reduzida”. Essas
intervenções podem, ainda, ter consequências não planejadas (iatrogenia): monitoramento
eletrônico pode, em certos casos, levar a um rompimento artificial de
membranas, demandando mais intervenções (e possíveis complicações), por
exemplo.
Apesar das evidências positivas do parto
domiciliar, as autoras lembram que “o respeito à vida privada inclui o direito
de escolher as circunstâncias do parto” (citando um julgamento realizado pela
Corte Europeia de Direitos Humanos em Estradisburgo, França). Assim, divulgar
os benefícios (e malefícios) de cada opção seria o mais justo para as futuras
mães.[Science Daily] [The Cochrane Collaboration]
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