CAMPALA, 30 Jul (Reuters) - O presidente de Uganda,
Yoweri Museveni, recomendou à população de seu país nesta segunda-feira que
evite apertos de mão, o sexo casual e enterros feitos de maneira improvisada,
para reduzir o risco de transmissão do vírus do ebola. Um surto da doença letal
matou 14 pessoas e deixou muitas outras sob risco.
Por Elias Biryabarema
http://noticias.terra.com.br
A recomendação de Museveni foi feita depois que
pacientes e funcionários da saúde fugiram de um hospital na zona rural do oeste
de Uganda, onde vários casos de ebola estavam sendo tratados. As autoridades
tentam alterar o comportamento da população para conter a disseminação do
vírus.
"Nós desestimulamos o aperto de mão porque
isso pode causar o contato por meio do suor, que pode provocar problemas...e
também a promiscuidade, porque essa doença também pode ser transmitidas por
meio do sexo", afirmou Museveni em um comunicado público.
Não há tratamento para o ebola, que é transmitido
pelo contato próximo e por fluidos corporais como saliva, vômito, fezes, suor,
sêmen e sangue. As autoridades temem a repetição de um surto de 2000, o mais
devastador até hoje, quando 425 pessoas foram infectadas - e mais da metade dos
pacientes morreu.
Os trabalhadores do setor da saúde suspeitam que o
surto mais recente - confirmado na sexta-feira -- irrompeu há cerca de três
semanas no vilarejo de Nyanswiga, afirmou Museveni. Inicialmente, os médicos
pensaram que os sintomas não fossem típicos do ebola.
Nyanswiga, situado no distrito de Kibaale, fica
cerca de 170 quilômetros a oeste da capital, Campala, perto da República
Democrática do Congo, onde o vírus apareceu pela primeira vez em 1976. O nome
do vírus vem do rio Ebola.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a
origem do surto mais recente ainda não foi confirmada. Até agora, 18 dos 21
casos confirmados estavam ligados a uma família.
Uma das 14 pessoas que morreram era funcionária do
setor da saúde, Clare Muhumuza. Ela foi transferida para o hospital Mulago, em
Campala, onde morreu, o que alimentou temores de que a doença pode se espalhar
pela capital de Uganda.
"ESPÍRITOS DO MAL"
Museveni pediu que as pessoas também tenham cuidado
na hora dos enterros, dizendo que pessoas foram contaminadas pelo vírus ao
enterrar vítimas do ebola porque estas permanecem contagiosas mesmo depois de
mortas.
"No caso de alguém morrer do que vocês
suspeitam ser ebola, por favor, não assuma o trabalho de enterrá-lo ou
enterrá-la, peça para que os funcionários da saúde façam isso, porque eles
podem fazer isso de forma segura."
A ministra da Saúde de Uganda, Christine Ondoa,
disse em uma entrevista coletiva em Campala que inicialmente as pessoas não
buscaram atendimento médico porque pensavam que o vírus era obra de
"espíritos do mal".
Imagem: umm.edu
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