O mal de Alzheimer é uma doença devastadora, tanto
para o paciente, quanto para quem convive com o mesmo. Por enquanto, não há
nenhuma medicação capaz de reverter seus danos. Os remédios existentes não são
sequer capazes de impedir o avanço da doença.
Alguns médicos e pesquisadores acreditam que se for
possível compreender como a doença avança mesmo antes dos primeiros sintomas
aparecerem, é possível desenvolver um tratamento ou uma vacina que, se não
curar a doença, pelo menos poderá impedir seu desenvolvimento quando o dano
ainda é praticamente inexistente.
Só que esta é uma doença que aparece normalmente só
na terceira idade, quando o paciente já está idoso ou começando a ficar idoso.
Qualquer pesquisa que investigue o mal desde o seu início será muito demorada,
e o desenvolvimento de um tratamento será mais demorado ainda. Eventualmente
pode ser que se chegue a um tratamento, mas até lá, quantas vidas não serão
destroçadas por este mal?
Alzheimer
aos 45
Entra em cena a “Dominantly Inherited Alzheimer’s
Network” (“Rede [de pacientes que] Herdam [genes] Dominantes de Alzheimer”,
numa tradução livre). É um consórcio que reúne pessoas que são geneticamente
predispostas a desenvolver o mal em uma idade menor. A maioria deles tem os
primeiros sintomas aos 45 anos.
As pessoas nestas famílias tem 50% de chance de ter
um dos três genes que causam a doença, e a maioria apresenta os mesmos sintomas
na mesma idade que seus pais.
O Dr. Randall Bateman, da Escola de Medicina da
Universidade de Washington em St. Louis, Missouri (EUA), liderou o estudo que
coletou amostras de líquido da medula, mediu o cérebro, examinou o aspecto de
plaquetas do cérebro e outros fatores destes pacientes, e comparou com a
história da família para ter uma ideia de como a doença se desenvolve.
Aviso de
25 anos
Com estes dados, o Dr. Bateman descobriu que os
primeiros sinais podem ser percebidos 25 anos antes da doença aparecer. O
primeiro sinal é uma queda nos níveis de uma proteína, chamada amiloide, no
fluido espinal.
15 anos antes da doença se manifestar, volumes de
proteína beta-amiloide se tornam visíveis no cérebro. Outros exames mostram uma
diminuição no tamanho do cérebro, e um aumento em uma proteína tóxica chamada
tau no fluido espinal.
10 anos antes do diagnóstico, o cérebro começa a
apresentar deficiências no consumo de glucose, e as primeiras falhas em algumas
habilidades da memória começam a ser detectadas.
Extrapolando
os dados
Ainda não está claro como os dados que valem para
quem desenvolve a doença aos 45 anos se aplicam a outros pacientes, que são
diagnosticados geralmente aos 65 anos de idade, com os mesmos biomarcadores.
Os dados do estudo serão usados para testar
medicamentos e tratamentos para esta doença. Qual medicamento será testado,
exatamente, não foi revelado.
Um teste semelhante, feito em uma família enorme de
pessoas que desenvolveram cedo os mesmos sintomas do Alzheimer na Colômbia vai
utilizar o Crenezumab, uma droga experimental feita pela unidade Genentech da
Roche.
Sem entrar em detalhes específicos, o Dr. Bateman
apontou que serão testados os três compostos mais promissores da pesquisa
médica. Um deles é o bapineuzumab, da Pfizer e Johnson & Johnson, e o outro
é o solanezumab, desenvolvido pela Eli Lilly, e os resultados destas drogas
devem ser publicados nos próximos meses.
Uma terceira droga que está nos estágios finais de
seus testes é uma imunoglobulina intravenosa, um tratamento do sistema imune em
estudos pela Baxter International Inc.
O relógio está andando. Existem cerca de 5 milhões
de pacientes de Alzheimer nos Estados Unidos, e entre 800 mil e 1,2 milhão no
Brasil. Os especialistas estimam que, se um tratamento efetivo não for
encontrado, nos Estados Unidos o número de pacientes vai passar dos 10 milhões
no ano 2050, e os custos de saúde ultrapassarão US$ 1 trilhão (R$ 2 trilhões)
ao ano.[Reuters]
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