segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sintomas de Alzheimer aparecem 25 anos do que se pensava


O mal de Alzheimer é uma doença devastadora, tanto para o paciente, quanto para quem convive com o mesmo. Por enquanto, não há nenhuma medicação capaz de reverter seus danos. Os remédios existentes não são sequer capazes de impedir o avanço da doença.
Alguns médicos e pesquisadores acreditam que se for possível compreender como a doença avança mesmo antes dos primeiros sintomas aparecerem, é possível desenvolver um tratamento ou uma vacina que, se não curar a doença, pelo menos poderá impedir seu desenvolvimento quando o dano ainda é praticamente inexistente.
Só que esta é uma doença que aparece normalmente só na terceira idade, quando o paciente já está idoso ou começando a ficar idoso. Qualquer pesquisa que investigue o mal desde o seu início será muito demorada, e o desenvolvimento de um tratamento será mais demorado ainda. Eventualmente pode ser que se chegue a um tratamento, mas até lá, quantas vidas não serão destroçadas por este mal?
Alzheimer aos 45
Entra em cena a “Dominantly Inherited Alzheimer’s Network” (“Rede [de pacientes que] Herdam [genes] Dominantes de Alzheimer”, numa tradução livre). É um consórcio que reúne pessoas que são geneticamente predispostas a desenvolver o mal em uma idade menor. A maioria deles tem os primeiros sintomas aos 45 anos.
As pessoas nestas famílias tem 50% de chance de ter um dos três genes que causam a doença, e a maioria apresenta os mesmos sintomas na mesma idade que seus pais.
O Dr. Randall Bateman, da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri (EUA), liderou o estudo que coletou amostras de líquido da medula, mediu o cérebro, examinou o aspecto de plaquetas do cérebro e outros fatores destes pacientes, e comparou com a história da família para ter uma ideia de como a doença se desenvolve.
Aviso de 25 anos
Com estes dados, o Dr. Bateman descobriu que os primeiros sinais podem ser percebidos 25 anos antes da doença aparecer. O primeiro sinal é uma queda nos níveis de uma proteína, chamada amiloide, no fluido espinal.
15 anos antes da doença se manifestar, volumes de proteína beta-amiloide se tornam visíveis no cérebro. Outros exames mostram uma diminuição no tamanho do cérebro, e um aumento em uma proteína tóxica chamada tau no fluido espinal.
10 anos antes do diagnóstico, o cérebro começa a apresentar deficiências no consumo de glucose, e as primeiras falhas em algumas habilidades da memória começam a ser detectadas.
Extrapolando os dados
Ainda não está claro como os dados que valem para quem desenvolve a doença aos 45 anos se aplicam a outros pacientes, que são diagnosticados geralmente aos 65 anos de idade, com os mesmos biomarcadores.
Os dados do estudo serão usados para testar medicamentos e tratamentos para esta doença. Qual medicamento será testado, exatamente, não foi revelado.
Um teste semelhante, feito em uma família enorme de pessoas que desenvolveram cedo os mesmos sintomas do Alzheimer na Colômbia vai utilizar o Crenezumab, uma droga experimental feita pela unidade Genentech da Roche.
Sem entrar em detalhes específicos, o Dr. Bateman apontou que serão testados os três compostos mais promissores da pesquisa médica. Um deles é o bapineuzumab, da Pfizer e Johnson & Johnson, e o outro é o solanezumab, desenvolvido pela Eli Lilly, e os resultados destas drogas devem ser publicados nos próximos meses.
Uma terceira droga que está nos estágios finais de seus testes é uma imunoglobulina intravenosa, um tratamento do sistema imune em estudos pela Baxter International Inc.
O relógio está andando. Existem cerca de 5 milhões de pacientes de Alzheimer nos Estados Unidos, e entre 800 mil e 1,2 milhão no Brasil. Os especialistas estimam que, se um tratamento efetivo não for encontrado, nos Estados Unidos o número de pacientes vai passar dos 10 milhões no ano 2050, e os custos de saúde ultrapassarão US$ 1 trilhão (R$ 2 trilhões) ao ano.[Reuters]

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