Polémica pela venda de um 'kit' que simula a virgindade
I. C. - Madrid – 18/10/2009 EL PAÍS
No mundo muçulmano os homens seguem exigindo às mulheres com as quais contraem matrimónio que sejam virgens. Aquelas que não respeitam a tradição podem, se dispõem de algumas economias, enganar o seu esposo na noite de núpcias fazendo-se coser o hímen para fingir ser virgem.
A himenoplastia, como se chama a operação de reconstrução dessa membrana, custa entre 300 e 500 euros em discretas consultas ginecológicas do Oriente Próximo e uns 2.000 na Europa. Mas uma empresa chinesa, Gigimo, ameaça o lucrativo mercado desta cirurgia plástica.
"Não tenha medo de perder a sua virgindade", proclama na sua web onde anuncia o "hímen da virgindade artificial". Graças a ele "poderá viver de novo a sua noite de núpcias quando quiser". Só custa 29,5 dólares (20 euros).
Este invento japonês comercializado por Gigimo introduz-se na vagina durante vinte minutos antes da relação sexual para dar-lhe tempo a dilatar-se. "Quando o seu amante a penetra um líquido similar ao sangue se derrama, mas sem exagerar, justo a quantidade necessária" para simular a ruptura do hímen, explicam na web. "Junte alguns gemidos e grunhidos e você não será descoberta", conclui.
Sem efeitos secundários
O marido poderá assim exibir o lençol branco com as manchas roxas que demonstram a virgindade da sua esposa. Gigimo precisa que a membrana artificial e o líquido "não são tóxicos (...) nem têm efeitos secundários".
Nas sociedades muçulmanas conservadoras sim têm-nos. Os Irmãos Muçulmanos e um bom punhado de teólogos e imãs mobilizaram-se no Egipto para que se proíba o kit de Gigimo. Até agora não o conseguiram.
O primeiro a disparar no Cairo foi, segundo a cadeia televisiva Al Arabiya, Abdel-Moati Bayoumi, do Centro de Investigação Islâmica. Emitiu uma fatua (edito islâmico) que condena os importadores porque "expandem o vício e animam as jovens a manterem relações ilícitas ao saberem que podem "recuperar" a sua virgindade".
Mais contundente ainda o imã Yussef al Badri exige que aqueles que "vendam o hímen artificial sejam açoitados, encarcerados ou expulsos do país para que ninguém se atreva a seguir o seu exemplo".
Rafia Zakaria, uma filósofa paquistanesa que dirige desde os EUA a Fundação Muçulmana de Defesa Jurídica das Mulheres, lamenta que "se perpetue o mito de que as mulheres que não são virgens sejam até certo ponto sujas, impuras e não válidas para o matrimónio".
Ademais, "a colaboração dos homens em fazer perder a virgindade às mulheres é totalmente ignorada", recalca. A eles não se lhes exige essa mesma abstinência sexual.
Zarakia advoga por recordar a história do Islão que, segundo ela, desmente o mito da virgindade: "Há que destacar que o primeiro matrimónio do Profeta Maomé foi com uma viúva".
I. C. - Madrid – 18/10/2009 EL PAÍS
No mundo muçulmano os homens seguem exigindo às mulheres com as quais contraem matrimónio que sejam virgens. Aquelas que não respeitam a tradição podem, se dispõem de algumas economias, enganar o seu esposo na noite de núpcias fazendo-se coser o hímen para fingir ser virgem.
A himenoplastia, como se chama a operação de reconstrução dessa membrana, custa entre 300 e 500 euros em discretas consultas ginecológicas do Oriente Próximo e uns 2.000 na Europa. Mas uma empresa chinesa, Gigimo, ameaça o lucrativo mercado desta cirurgia plástica.
"Não tenha medo de perder a sua virgindade", proclama na sua web onde anuncia o "hímen da virgindade artificial". Graças a ele "poderá viver de novo a sua noite de núpcias quando quiser". Só custa 29,5 dólares (20 euros).
Este invento japonês comercializado por Gigimo introduz-se na vagina durante vinte minutos antes da relação sexual para dar-lhe tempo a dilatar-se. "Quando o seu amante a penetra um líquido similar ao sangue se derrama, mas sem exagerar, justo a quantidade necessária" para simular a ruptura do hímen, explicam na web. "Junte alguns gemidos e grunhidos e você não será descoberta", conclui.
Sem efeitos secundários
O marido poderá assim exibir o lençol branco com as manchas roxas que demonstram a virgindade da sua esposa. Gigimo precisa que a membrana artificial e o líquido "não são tóxicos (...) nem têm efeitos secundários".
Nas sociedades muçulmanas conservadoras sim têm-nos. Os Irmãos Muçulmanos e um bom punhado de teólogos e imãs mobilizaram-se no Egipto para que se proíba o kit de Gigimo. Até agora não o conseguiram.
O primeiro a disparar no Cairo foi, segundo a cadeia televisiva Al Arabiya, Abdel-Moati Bayoumi, do Centro de Investigação Islâmica. Emitiu uma fatua (edito islâmico) que condena os importadores porque "expandem o vício e animam as jovens a manterem relações ilícitas ao saberem que podem "recuperar" a sua virgindade".
Mais contundente ainda o imã Yussef al Badri exige que aqueles que "vendam o hímen artificial sejam açoitados, encarcerados ou expulsos do país para que ninguém se atreva a seguir o seu exemplo".
Rafia Zakaria, uma filósofa paquistanesa que dirige desde os EUA a Fundação Muçulmana de Defesa Jurídica das Mulheres, lamenta que "se perpetue o mito de que as mulheres que não são virgens sejam até certo ponto sujas, impuras e não válidas para o matrimónio".
Ademais, "a colaboração dos homens em fazer perder a virgindade às mulheres é totalmente ignorada", recalca. A eles não se lhes exige essa mesma abstinência sexual.
Zarakia advoga por recordar a história do Islão que, segundo ela, desmente o mito da virgindade: "Há que destacar que o primeiro matrimónio do Profeta Maomé foi com uma viúva".
obrigada ajudou muito
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