terça-feira, 27 de outubro de 2009

Terapias Alternativas


É chamado de terapia alternativa todo tratamento de saúde que não tem uma comprovação científica. As terapias alternativas não fazem parte da medicina convencional e são discriminadas pela maior parte dos médicos alopatas. Hoje em dia há algumas dessas terapias que foram aceitas oficialmente, como a acupuntura e a homeopatia.

http://intra.vila.com.br/sites_2002a/urbana/paula_r/terapias.htm

Há uma estimativa de que 4 milhões de pessoas no Brasil usam algum tipo de terapia alternativa, como por exemplo o reiki e a aromaterapia. E esse número vem crescendo, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina Complementar há no país aproximadamente 50.000 terapeutas alternativos. Mas o Conselho Federal de Medicina condena a prática de terapias alternativas pelo de fato delas não serem comprovadas cientificamente.

Uma das críticas que a medicina sofre é pelo fato do alicerce conceitual da medicina científica moderna ser o modelo biomédico, que está baseado em uma visão completamente mecanicista da vida tendo sua origem na Renascença. O corpo humano é visto como uma obra da engenharia além de ser estudado e percebido de forma fragmentária. Já no século XIX, os hospitais foram reorganizados como espaço clínico e com isso a medicina passou a ser de certa forma uma ciência das entidades patológicas. Isso significa que combater e extinguir os micróbios passou a ser a lei médica maior.

Mas já no século XX, a ciência em geral e da especialização médica se desenvolveu muito, possibilitando grandes avanços na área da medicina. Foram desenvolvidas diversas técnicas complexas e sofisticadas. Porém junto a todos esses avanços a medicina acabou caindo em uma série de equívocos, como a perda da noção do indivíduo como um todo e a crença de que os testes de laboratório são mais importantes para diagnosticar o paciente do que a avaliação do estado emocional, da história familiar ou da situação social do paciente.

Mas esse modelo biomédico está em crise. Essa crise está ligada a uma mudança que está ocorrendo no paradigma da ciência, que inclui o questionamento da validade dos métodos científicos como a única fonte de conhecimento. Toda essa mudança tem muito a ver com o fato de que no século XX a ciência está mudando em relação a sua concepção de mundo ou de realidade. Baseada na física quântica essa visão mecaniscista e reducionista passa a ser substituída por uma visão orgânica, ecológica, holística.O termo holismo parece derivar da palavra grega “holos”, que em grego significa “a totalidade”, “o conjunto”.

A grande procura pelas terapias alternativas, especialmente pela homeopatia, veio depois da década de 60. Esse período foi marcado pelo movimento hippie, a volta ao naturalismo, vegetarianismo, ou seja, tudo aquilo que estava relacionado com a natureza ganhou ênfase.

É devido aos movimentos sociais que aconteceram na década de 70 nas sociedades industrializadas, que passaram a questionar o conceito de saúde e o sistema médico predominante, e a interessar-se também por problemas ecológicos, nutricionais e com o ambiente de trabalho urbano, um dos motivos do sucesso das terapias alternativas. Esse sucesso segundo Noronha, também é porque essas terapias em questão passaram a servir a partir de então como instrumento de contestação contra os abusos e injustiças da sociedade moderna e também de instrumento de divulgação de novas idéias sobre o modo de viver. Assim as terapias naturais, como por exemplo, a fitoterapia, possivelmente representam uma reação contra o uso exacerbado de medicamentos e de produtos químicos que podem a longo prazo causam efeitos prejudiciais ao organismo humano e ao meio ambiente.

Se acredita que esse possível aumento que vem ocorrendo em relação às práticas terapêuticas alternativas, pode ser explicado em maior ou menor grau, por um certo desencanto pela medicina moderna, que acontece em todo o mundo. Essa busca de alternativas à medicina convencional pode ser resultado de uma frustração do homem moderno, incapaz de resolver através dos recursos científicos modernos, os novos distúrbios orgânicos e psicológicos.

Situação da medicina
Os países de primeiro mundo possuem uma medicina altamente tecnológica, o uso de tecnologia é incentivado através do uso de aparelhos e de medicamentos. Hoje em dia as pessoas são de certa forma, estimuladas a irem cada vez mais aos hospitais. Isso tudo faz parte da mentalidade consumista criada pelo capitalismo. Então o consumo que vemos hoje em dia de coisas completamente desnecessárias, também pode ser visto na área de saúde.

É nessa área que as multinacionais possuem um dos comércios em que mais lucram no mundo. Os investimentos públicos, porém, são feitos, hoje, como se os remédios e os hospitais sofisticados fossem a única causa das melhoras. Podemos perceber que no fim isso tudo é o interesse de vender remédios e aparelhos hospitalar.

Também é possível se observar que indivíduos que se alimentam bem, moram em uma casa boa, se vestem bem, possuem uma resistência às doenças muito maior. Assim se todos tivessem saneamento básico, higiene, se houvesse destinação e tratamento de resíduos sólidos urbanos, se diminuíssem a fome, a pobreza das pessoas, ou seja, se melhorassem a qualidade de vida seria possível prevenir muitas doenças e a saúde da população melhoria muito.

Uma das críticas mais presente hoje em dia à medicina convencional é ao fato dela ser curativa ao invés de preventiva. Porém a prevenção é um aspecto fundamental para a melhoria da saúde da população.

Pensando nas doenças crônicas vemos que, por mais que elas sejam tratadas de forma moderna, não diminui o número de doentes. Aliás, esse número continua aumentando.

Mas, o que são essas doenças crônicas, como o câncer, doenças do coração e a diabetes? Em primeiro, sabemos que não são causadas por micróbios, elas são como Serrano coloca uma resposta da pessoa contra as agressões que o ambiente industrial lhe faz. É possível perceber por diversas razões que a ecologia foi rompida e o relacionamento humano foi massificado.

Esse rompimento da ecologia fez com que o ambiente em que moramos se tornasse agressivo, cansativo e stressante. A partir disso surgiram as “doenças da civilização”, como por exemplo, o câncer. Os seres humanos modificaram tanto o ambiente que agora vivem em um mundo que o próprio corpo não agüenta. Nossa evolução biológica não suporta o progresso capitalista e industrial.

E em relação a essas doenças a medicina convencional falha. Isso porque ela vem tentando aliviar as reações do nosso corpo a essa situação que vivemos, porém mesmo com toda essa tecnologia, a medicina alivia mas não cura, não previne e nem faz diminuírem esses problemas.

A partir desse modelo adotado, não é possível resolver todas as doenças, porque muitas delas não são causadas por parasitas e micróbios. E toda essa concepção de medicina acaba novamente na questão do homem como uma máquina. A visão mecaniscista da medicina cabe na visão do capitalismo moderno. A partir disso surgiu uma extensa indústria de remédios e de equipamentos que dão um lucro alto. Enquanto isso a medicina preventiva ficou esquecida em meios às especialidades médicas altamente tecnológicas. Estudar de forma profunda os efeitos do estilo de vida que temos e do ambiente pode ir contra os interesses econômicos das indústrias. A saúde e medicina viraram mercadorias.

Conclusão e soluções
A OMS (Organização Mundial de Saúde) realizou em 1978 uma conferência que tinha como objetivo trabalhar num plano em que fosse possível fornecer condições de saúde razoáveis para todos. Umas das questões discutidas nessa reunião foram os cuidados primários de saúde. Esses cuidados são os mais simples e que evitam o crescimento ou a piora de uma doença ou de uma ferida, são fáceis de serem feitos, mas ninguém faz. Estão inclusos nestes cuidados por exemplo a educação nos problemas de saúde; a garantia de alimentos e água de qualidade para todos; saneamento básico; planejamento familiar etc.

Porém seria praticamente impossível colocar esse plano em prática, porque para isso deveria haver um grande senso de justiça social. E esse problema não pode ser resolvido com os conselhos técnicos da OMS.

Nesta mesma conferência, se pensou uma proposta para aproveitar todos os recursos na saúde que as comunidades possam oferecer. Na proposta incluem-se práticos e curandeiros comuns, parteiras populares, pessoas treinadas dentro de gente do povo. As pessoas podem ser preparadas para cuidar e curar doenças e ferimentos onde não existem médicos, dando orientações sobre como cuidar da saúde. Com treinamento também simples, as pessoas do povo poderiam ajudar muito a melhora da saúde nas regiões em que vivem. O sistema de saúde seria dividido em três níveis de atendimento: o primário (pela população), o secundário (pelo médico geral) e o terciário (pelo médico especialista, laboratórios mais sofisticados hospitais). É importante ressaltar que sem a participação do povo nas decisões, as políticas são feitas segundo interesses econômicos.

Existem várias possibilidades de solução para os problemas da saúde pública nos países de Terceiro mundo, porém há obstáculos: médicos, políticos conservadores e empresários não dão espaço para que se desenvolva esse sistema de atendimento primário e de prevenção. Tanto as multinacionais farmacêuticas quanto os grupos que tem interesses na utilização de uma tecnologia desnecessária são inimigos dos serviços de atendimento primário.

Para mudarmos essa situação devemos começar a entender que não devemos democratizar e distribuir o que é ruim. A função da medicina ocidental nos países subdesenvolvidos vem sendo mais a de impedir a morte do que a de melhorar a vida das pessoas.

As terapias alternativas têm uma visão holística do homem, que é muito mais coerente e adequada para o momento que estamos vivendo. Essa nova compreensão do homem é influenciada pelo processo de globalização que está dominando a economia e a política mundial. A visão que a medicina deve ter do homem também poderá ser de caráter mais integrador, portanto, não apenas preocupada em curar a doença, mas em preveni-la.

Desta forma, estará contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de toda a população. Assim, passa-se de uma visão fragmentada do ser humano para uma visão holística, em que corpo e mente formam um todo integrado. Nesta perspectiva as terapias alternativas e os tratamentos convencionais poderiam ser considerados complementares entre si.

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