sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Novas vias terapêuticas. Bótox contra a rinite



Um estudo assinala a possibilidade do seu uso neste transtorno


De momento, as guias só incluem os corticóides ou anti-histamínicos



Actualizado Quinta-feira 15/10/2009 20:58 (CET)



LAURA TARDÓN EL MUNDO



MADRID.- Nem todos os pacientes conseguem melhorias com os actuais fármacos para a rinite. No seu afã por descobrir novas vias terapêuticas, uma equipa de investigadores aposta pela toxina botulinica aplicada, não com injecções, mas com uma espécie de esponjas empapadas na dita neurotoxina. Assim o indica um estudo publicado na revista ‘Head & Face Medicine’.



Algumas investigações prévias já assinalam os benefícios que a toxina poderá ter nos casos de rinite vasomotora (não alérgica), através das injecções. Sem dúvida, os peritos consultados por EL MUNDO coincidem em indicar que ainda não há base científica suficiente para incluir esta opção nas guias de tratamento.



De facto, "há uma revisão a nível mundial sobre a rinite alérgica, na qual se incluem todos os tratamentos que se baseiam na evidência científica e passaram por estudos duplos, controlados com placebo e cuja melhora é estatisticamente significativa. Assim como neste documento aparecem os anti-histamínicos e os corticóides não se menciona nada sobre a toxina botulinica", afirma Antonio Valero Santiago, coordenador do comité de rinite da Sociedade Espanhola de Alergologia e Imunologia Clínica (SEAIC).



De momento, seja através de injecções ou esponjas empapadas em bótox, trata-se de una terapia meramente experimental. No dia de hoje, tanto a rinite alérgica como a vasomotora "tratam-se com corticóides tópicos nasais e no caso de ser alérgica, com anti-histamínicos", aponta Eduardo García, chefe do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Infanta Sofia (São Sebastião dos Reis, Comunidade de Madrid).



Como explica o doutor Valero, do serviço de Neumologia e Alergia Respiratória do Hospital Clínica de Barcelona, "através de um estudo, tratamos de identificar o alérgeno responsável para assim tratar a rinite com vacinas que contenham o dito causador".



Um estudo com 20 pacientes


Com o objectivo de explorar a via da toxina botulinica, mas desta vez, através de um método menos invasivo que as injecções, quer dizer, as esponjas, um grupo de científicos da Universidade de Göttingen (Alemanha) investigou com 20 pacientes.



Dividiu-os em dois grupos, um tratado com bótox e outro com placebo e, durante 12 semanas, registaram-se mudanças de alguns sintomas: obstrução nasal, consumo de lenços, espirros, rinorréia (inflamação da mucosa nasal). "Houve uma clara redução da quantidade de secreção nasal no grupo que se administrou toxina botulinica", concluíram os autores do estudo. "Demonstrámos que esta aplicação minimamente invasiva é segura, não produz dor e é eficaz".



Estas descobertas, segundo os autores da investigação, confirmam o rol da acetilcolina como um importante neurotransmissor no desenvolvimento dos sintomas da rinite. A toxina botulinica inibe a libertação deste composto e isto traduz-se numa melhoria da enfermidade.



Ilustração de Luis Pérez Ortiz


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