"Vagina Dentata" é uma expressão em latim que remete a vagina com dentes. O mito é considerado "mito de precaução", pois alerta aos perigos de praticar relações sexuais com uma mulher desconhecida.
http://cradlewillrock.blogspot.com/2007/12/vagina-dentata.html
Vagina Dentata aparece em centenas de contos de diferentes culturas, mas principalmente nas tribos indígenas norte-americanas. A origem por trás da lenda seria uma história indígena onde uma piranha (!) habitaria a vagina de uma jovem e o herói da história é o homem que supera a piranha, quebra seus dentes e transforma a jovem em mulher.
Lenda, mito, folclore, não importa. O fato é que a vagina dentata prova sua notoriedade através dos séculos servindo como inspiração para diversos artistas, escritores e psicanalistas (principalmente nos trabalhos surrealistas).
Apesar do mito ser associado com a teoria da Ansiedade de Castração de Freud (onde o psicanalista afirma que todo homem ao ver a genitália de uma mulher irá falsa e inconscientemente assumir que a mulher teve seu pênis amputado provavelmente como punição por mau comportamento) é incorreto relacionar a vagina dentata com Freud, uma vez que a origem do mito é anterior aos trabalhos de Sigmund.
Teeth: toda rosa tem espinhos
Fascinado com as lendas que cercam o mito (ou seriam mitos que cercam a lenda?), eis que um jovem cineasta norte-americano resolve levar a idéia para a telona (como já não existe nenhum exploitation sobre isso? Incrível!).
Seu nome? Mitchell Lichtenstein. Sim, Lichtenstein. Filho de Roy Lichtenstein, Mitchell, 51, nunca teve uma relação de intimidade com o cinema. Começou sua carreira de ator apenas em 1983, porém, de maneira espetacular ao participar do arrasador Streamers (Exército Inútil em português), do mestre Robert Altman. Como conseqüência (ainda posso usar trema?) de sua bela atuação, foi premiado Melhor Ator no Venice Film Festival do mesmo ano.
Daí sumiu. Fez participações em "O Banquete de Casamento" (The Wedding Banquet, 1993) de Ang Lee, nos seriados "Cheers", "Miami Vice" e mais tarde em "Law & Order". Nunca havia produzido, escrito, muito menos dirigido. Até o ano de 2000.
Com o curta-metragem Resurrection, Lichtenstein marcou sua estréia na direção. O curta de 11 minutos mostra o dia a dia de um menino que vive isolado em um subúrbio americano com sua mãe alcoólatra e depressiva. Nunca vi o filme. Difícil ir muito além.
Mas não custa (nem um pouco) falar de um dos filmes (não é o mais, vi coisas mais absurdas) mais controversos do ano. (Note toself: vou morrer sem ver tudo).
Teeth, metade horror, metade dramédia, é o tipo de filme que te deixa dias com assunto para uma mesa de boteco. Tudo bem que o gosto e apelo pelo cinema de suas companhias da mesa precisam ser, no mínimo, tão duvidosos quanto o seu - otherwise vira um monólogo.
Mas eis os fatos: O filme teve sua premiere este ano no festival de Sundance e a sinopse é simples: Dawn (Jess Weixler - vencedora do Prêmio Especial do Júri como Melhor Atriz de Drama no festival), uma jovem recatada e inocente, nasceu com dentes em sua vagina. O roteiro de "Teeth" também é de Lichtenstein.
Uma estranha para seu próprio corpo, Dawn descobre que possui a anomalia quando sofre uma tentativa de estupro (preciso dizer o que se no chão ao final da cena?). Ela então vivencia o mito da vagina dentata.
O único problema do filme é que, das muitas opções de narrativa para uma sinopse tão limitada, o diretor escolheu seguir o gênero "comédia de humor negro". Algo bem "Rocky Horror Picture Show" ou "Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon". Outro problema, desta vez um pouco mais grave, é que o clímax, que deveria ser no final, acontece três vezes durante a projeção. Nossa amiga monstrinha (estou considerando que seja "ela" e não "ele") ataca três vezes, impossibilitando um crescente suspense até uma possível cena final arrasadora.
O roteiro tem várias babaquices. Toda aquela porcaria de Jardim do Éden, Medusa, fruto proibido, referências a cobras, inocência e afins, mas para cada cena banal, tínhamos cinco que eram um colosso.
Ao ganhar o prêmio do Júri em Sundance, foi dito o seguinte referente a performance de Jess Weixler: "jaw-dropping performance". Nada define melhor "Teeth" do que a esta expressão. Assistir a um ginecologista perdendo seus dedos em uma consulta a jovem Dawn é feito que nem Joe D'Amato ou Jess Franco jamais sonharam em proporcionar ao cinema marginal.
O pior de tudo é que a produção, edição e fotografia são impecáveis: Roy deve estar sorrindo no caixão. Mas quando comparados a vagina dentata que em Dawn habita, como podemos sequer nos importar com estética cinematográfica?
Por mais que eu não tenha amado o filme de paixão, reconheço sua importância e valor. "Teeth" tem lugar certo nas prateleiras famigeradas de colecionadores, é um exploitation fora de época. É fita daquelas que em 20 anos, meu futuro sobrinho flamenguista virá me abraçar e agradecer não só por ter lhe apresentado o mundo fantástico e suas ramificações, mas lhe ensinado os mistérios e mitos que envolvem a vagina dentata.
(Definitivamente, só se fala em outra coisa).
http://cradlewillrock.blogspot.com/2007/12/vagina-dentata.html
http://cradlewillrock.blogspot.com/2007/12/vagina-dentata.html
Vagina Dentata aparece em centenas de contos de diferentes culturas, mas principalmente nas tribos indígenas norte-americanas. A origem por trás da lenda seria uma história indígena onde uma piranha (!) habitaria a vagina de uma jovem e o herói da história é o homem que supera a piranha, quebra seus dentes e transforma a jovem em mulher.
Lenda, mito, folclore, não importa. O fato é que a vagina dentata prova sua notoriedade através dos séculos servindo como inspiração para diversos artistas, escritores e psicanalistas (principalmente nos trabalhos surrealistas).
Apesar do mito ser associado com a teoria da Ansiedade de Castração de Freud (onde o psicanalista afirma que todo homem ao ver a genitália de uma mulher irá falsa e inconscientemente assumir que a mulher teve seu pênis amputado provavelmente como punição por mau comportamento) é incorreto relacionar a vagina dentata com Freud, uma vez que a origem do mito é anterior aos trabalhos de Sigmund.
Teeth: toda rosa tem espinhos
Fascinado com as lendas que cercam o mito (ou seriam mitos que cercam a lenda?), eis que um jovem cineasta norte-americano resolve levar a idéia para a telona (como já não existe nenhum exploitation sobre isso? Incrível!).
Seu nome? Mitchell Lichtenstein. Sim, Lichtenstein. Filho de Roy Lichtenstein, Mitchell, 51, nunca teve uma relação de intimidade com o cinema. Começou sua carreira de ator apenas em 1983, porém, de maneira espetacular ao participar do arrasador Streamers (Exército Inútil em português), do mestre Robert Altman. Como conseqüência (ainda posso usar trema?) de sua bela atuação, foi premiado Melhor Ator no Venice Film Festival do mesmo ano.
Daí sumiu. Fez participações em "O Banquete de Casamento" (The Wedding Banquet, 1993) de Ang Lee, nos seriados "Cheers", "Miami Vice" e mais tarde em "Law & Order". Nunca havia produzido, escrito, muito menos dirigido. Até o ano de 2000.
Com o curta-metragem Resurrection, Lichtenstein marcou sua estréia na direção. O curta de 11 minutos mostra o dia a dia de um menino que vive isolado em um subúrbio americano com sua mãe alcoólatra e depressiva. Nunca vi o filme. Difícil ir muito além.
Mas não custa (nem um pouco) falar de um dos filmes (não é o mais, vi coisas mais absurdas) mais controversos do ano. (Note toself: vou morrer sem ver tudo).
Teeth, metade horror, metade dramédia, é o tipo de filme que te deixa dias com assunto para uma mesa de boteco. Tudo bem que o gosto e apelo pelo cinema de suas companhias da mesa precisam ser, no mínimo, tão duvidosos quanto o seu - otherwise vira um monólogo.
Mas eis os fatos: O filme teve sua premiere este ano no festival de Sundance e a sinopse é simples: Dawn (Jess Weixler - vencedora do Prêmio Especial do Júri como Melhor Atriz de Drama no festival), uma jovem recatada e inocente, nasceu com dentes em sua vagina. O roteiro de "Teeth" também é de Lichtenstein.
Uma estranha para seu próprio corpo, Dawn descobre que possui a anomalia quando sofre uma tentativa de estupro (preciso dizer o que se no chão ao final da cena?). Ela então vivencia o mito da vagina dentata.
O único problema do filme é que, das muitas opções de narrativa para uma sinopse tão limitada, o diretor escolheu seguir o gênero "comédia de humor negro". Algo bem "Rocky Horror Picture Show" ou "Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon". Outro problema, desta vez um pouco mais grave, é que o clímax, que deveria ser no final, acontece três vezes durante a projeção. Nossa amiga monstrinha (estou considerando que seja "ela" e não "ele") ataca três vezes, impossibilitando um crescente suspense até uma possível cena final arrasadora.
O roteiro tem várias babaquices. Toda aquela porcaria de Jardim do Éden, Medusa, fruto proibido, referências a cobras, inocência e afins, mas para cada cena banal, tínhamos cinco que eram um colosso.
Ao ganhar o prêmio do Júri em Sundance, foi dito o seguinte referente a performance de Jess Weixler: "jaw-dropping performance". Nada define melhor "Teeth" do que a esta expressão. Assistir a um ginecologista perdendo seus dedos em uma consulta a jovem Dawn é feito que nem Joe D'Amato ou Jess Franco jamais sonharam em proporcionar ao cinema marginal.
O pior de tudo é que a produção, edição e fotografia são impecáveis: Roy deve estar sorrindo no caixão. Mas quando comparados a vagina dentata que em Dawn habita, como podemos sequer nos importar com estética cinematográfica?
Por mais que eu não tenha amado o filme de paixão, reconheço sua importância e valor. "Teeth" tem lugar certo nas prateleiras famigeradas de colecionadores, é um exploitation fora de época. É fita daquelas que em 20 anos, meu futuro sobrinho flamenguista virá me abraçar e agradecer não só por ter lhe apresentado o mundo fantástico e suas ramificações, mas lhe ensinado os mistérios e mitos que envolvem a vagina dentata.
(Definitivamente, só se fala em outra coisa).
http://cradlewillrock.blogspot.com/2007/12/vagina-dentata.html
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