terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cidade de Maputo. Ministério da Saúde encerra posto de saúde e sacrifica milhares de utentes


Segundo dados colhidos na zona, o actual Centro de Saúde do Zimpeto regista enchentes fora do normal, originando mau atendimento. As enchentes são resultado do enceramento do Posto de Saúde do Infulene, adstrito ao Hospital Psiquiátrico do Infulene, que era uma alternativa. Este posto de saúde serviu, durante vários anos, a cerca de trezentas mil pessoas.

Maputo (Canalmoz) – A história contada pelos diversos habitantes entrevistados pela reportagem do Canalmoz, dá conta que o encerramento do Posto de Saúde de Infulene, localizado no Hospital Psiquiátrico do Infulene, cria um embaraço e uma grande pressão ao novo Centro de Saúde do Zimpeto. Neste centro de saúde, diariamente, ocorrem centenas de doentes à procura de tratamento médico, sujeitando-se a uma enorme bicha para serem atendidos.
O tal atendimento é muito moroso. Os poucos médicos estão sob pressão e extremamente sobrecarregados. Por vezes, os doentes são obrigados a ter que usar valores não estimados para aliciarem ou mesmo subornar os funcionários para beneficiar de atendimento mais rápido. Estão criadas as dificuldades que proporcionam as oportunidades. A corrupção está agora ali instalada.
Esta situação resulta da maior pressão a que o Centro Médico do Zimpeto passou a estar sujeito após se ter mandado encerrar o Posto de Saúde do Infulene. As ordens para encerrar o Posto de Saúde do Infulene emanaram do Ministério da Saúde.
O Centro de Saúde do Zimpeto é usado por milhares de cidadãos residentes nos bairros de Jorge Dimitrov, Zimpeto, Grande Maputo, Muhalaze, Boquisso, Cumbeza. Mesmo do distrito de Marracuene vêm pessoas procurar os serviços do Centro de Saúde do Zimpeto.
O Posto de Saúde do Infulene, actualmente encerrado, podia ser uma alternativa a estes utentes, aliás já o vinha sendo antes do seu encerramento no primeiro semestre do presente ano.

MISAU encerra sem necessidade posto de saúde

A nossa reportagem deslocou-se ao Posto de Saúde do Infulene, e ouviu alguns funcionários do Hospital Psiquiátrico do Infulene. O centro de saúde ora encerrado estava adstrito ao Hospital do Infulene. Os funcionários disseram-nos que desconhecem totalmente por que razão o Ministério da Saúde mandou encerrar o Posto de Saúde local.
“Primeiro diziam que era para ser reabilitado. Mas não vemos nenhum trabalho visível desde Novembro do ano passado. Recebemos muito equipamento, aqui, que devia ser aplicado para abrir vários serviços, mas nada está a ser feito”, disse um funcionário que se identificou apenas por Jaime.
Entretanto, na visita que fizemos às instalações do posto de saúde encerrado, deparámos com a lamentável situação em que o mesmo se apresenta. Está totalmente abandonado. A farmácia adstrita ao posto, apesar de ter medicamentos expostos, de nada está a servir.
Entretanto, Fátima Abdul, residente no bairro da Zona Verde, por detrás do Hospital Psiquiátrico, contou-nos que a explicação que se deu aquando do encerramento do posto de saúde era de que se pretendia reabilitar.
“Este foi encerrado aquando da inauguração do novo Centro de Saúde do Zimpeto. Dizem que voltará a funcionar. Mas julgo que as instalações ainda estão em condições de funcionar pelo menos para as pequenas enfermidades, como por exemplo, para a administração da pólio, tratamento de pequenos ferimentos e mesmo para cuidados pré-natais”, disse Fátima Abdul.
A cidadã foi ainda mais longe ao acrescentar que o novo Centro de Saúde do Zimpeto não cobre convenientemente as necessidades de saúde de toda a população, pois termina o atendimento por volta das onze horas, para logo às 15 horas o pessoal médico despegar.
“Veja só que eles cumprem o horário do sector público. Aquele é um hospital que enche muito. Os residentes do bairro da Zona Verde, de Grande Maputo, Cumbeza, Boquisso, e mesmo de Marracuene socorrem-se lá. Se o Posto de Saúde de Infulene funcionasse havia de facilitar e as enchentes no Centro de Saúde do Zimpeto haviam de reduzir. Veja só que aos sábados o atendimento é ainda mais deficiente porque os funcionários têm que sair às 12 horas”.

Um problema para as mulheres grávidas

Judite Macandza disse que também desconhece as causas que motivaram o enceramento do Posto de Saúde de Infulene. “É um posto que atendia bem e ficava perto de certos bairros. Lá onde se construiu o novo centro de saúde fica distante e é preciso gastar-se dinheiro com transporte, para além de que da terminal de Zimpeto ao centro de saúde, percorre-se uma longa distância, o que se torna complicado às mulheres grávidas. Não se explicou nada sobre as razões do seu encerramento”.
O enceramento do posto de saúde causa transtornos a muitas pessoas que afirmaram à nossa reportagem que do bairro do Bagamoio até às zonas limítrofes do distrito de Marracuene, não existe uma unidade sanitária, havendo necessidade de o Ministério de Saúde ter que tomar medidas no sentido de aliviar o sofrimento dos cerca de trezentos mil habitantes do distrito urbano número cinco.

(Alexandre Luís) 2010-10-11 06:58:00

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