A grande maioria dos remédios são produzidos baseados em estudos realizados em pessoas jovens. Na terceira idade o comportamento das substâncias químicas difere daquele que ocorre nos jovens e muitas vezes produz efeitos indesejáveis.
Dr. João Roberto D. Azevedo
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Tanto a absorção e o metabolismo quanto a distribuição de medicamentos difere quando se compara o organismo de um jovem com o de um idoso.
O idoso então está mais sujeito a efeitos colaterais dos remédios e freqüentemente apresenta novos sintomas decorrentes da medicação, o que pode confundir o quadro clínico. Há uma tendência ao acúmulo das substâncias no organismo. Por outro lado a existência de determinados distúrbios, como a insuficiência renal, pode acentuar esta tendência.
Muitas vezes a pessoa procura o médico com sintomas aparentemente decorrentes de uma doença, e nada mais é do que um sintoma decorrente de medicação utilizada de maneira incorreta.
O uso de medicamentos deve ser muito criterioso, devendo se evitar ao máximo o uso concomitante de várias substâncias, e sempre deve ser feito sob prescrição medica. A dosagem deve ser também muito bem controlada.
Na terceira idade a utilização de medicamentos é muito alta representando cerca de 25% dos medicamentos vendidos. Há uma tendência muito grande para a automedicação nesta faixa de idade e também para o uso continuado e sem critério.
A comum utilização de medicamentos caseiros (não prescritos por médico), como laxantes, antiácidos, vitaminas, anti-gripais, etc, podem levar a conseqüência indesejáveis quando associados a outros medicamentes, e isto pode ocorrer sem conhecimento do médico. A utilização rotineira do álcool freqüentemente leva a conflitos com os medicamentos prescritos.
Distúrbios do estômago e do fígado podem afetar a absorção de medicamentos alterando a resposta do organismo à substância. A utilização simultânea de vários medicamentos pode também levar a distúrbios: por exemplo, o uso continuado de determinados diuréticos ou de cortisona leva a perda de potássio, aumentando o risco de arritmias do coração em pessoas que também fazem uso de digitálicos.
A deficiência de vitamina C, não rara na terceira idade, pode facilitar reações adversas aos medicamentos.
Cortisona, vários tranqüilizantes e antialérgicos aumentam o apetite. Digitálicos e antiinflamatórios levam a perda do apetite. Vários diuréticos, alguns tranqüilizantes e anticoagulantes tendem a provocar aumento da glicose no sangue. A aspirina, e os barbitúricos podem diminuir a glicemia. O idoso tende a ser mais sensível aos efeitos sedativos de tranqüilizantes. Alguns vasodilatadores cerebrais podem levar a quadro tipo Parkinson podendo confundir o diagnóstico.
Ao receber uma medicação o paciente deve procurar levantar o máximo de informações possíveis sobre o tipo de medicação, seus efeitos colaterais e suas possíveis interações com outras substâncias. Deve se evitar tomar medicamentos prescritos para outras pessoas acreditando que seus resultados são idênticos para todos. Nunca deve se tomar medicamento com data vencida. Qualquer sintoma diferente deve ser sempre comunicado ao médico.
Enquanto no jovem o abuso de drogas e a sua dependência destacam o álcool, estimulantes (cocaína, anfetamina, etc), derivados da morfina, maconha, ácido lisérgico (LSD ) e certas substâncias inalantes (tolueno, por exemplo), na terceira idade o destaque vai para os sedativos ou tranqüilizantes ( psicotrópicos ).
Alguns cuidados devem ser sempre tomados quando se utilizar qualquer medicamento na terceira idade:
1- Evitar uso de medicação não necessária, procurando usar, sempre que possível, formas de tratamento que não utilizem medicamentos, como fisioterapia, por exemplo.
2- Sempre iniciar tratamento com medicamentos utilizando doses inferiores aquelas utilizadas por jovens.
3- O aumento da dose deve ser sempre feito vagarosamente e deve ser evitado, quando possível, o seu fracionamento (várias tomadas ao dia).
4- Sempre definir o tempo de tratamento junto ao médico. Nunca tomar medicação por longo prazo sem conhecimento do médico.
5- Sempre procurar saber com detalhes os possíveis efeitos colaterais do medicamento.
6- Informar sempre ao médico todos os medicamentos que estão sendo utilizados e procurar saber eventuais reações entre os mesmos.
7- Evitar sempre que possível a utilização prolongada de medicamentos sintomáticos, como por exemplo, laxantes, tranqüilizantes, soníferos, vasoconstritores nasais, vasodilatadores, etc.
8- Não existe medicamento que deve ser tomado sempre, continuamente, "para o resto da vida". Toda medicação deve ser reavaliada periodicamente tanto em função do tipo de medicamento como também de sua dosagem.
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